Capitulo 14

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-Temos que aceitar esse acordo, ou ela correra o risco de ficar mais de vinte anos na prisão! – exclamei andando de um lado para o outro dentro da minha sala.

-O principal agora é pensar em outra forma de vencer o caso, Jade – David fez uma pausa para beber seu café – A cliente já deixou claro que não vai aceitar acordo algum.

-Aceitar essa merda não significa que ela está confirmando seu envolvimento no roubo, só vai estar se prevenindo.

-Nós sabemos disso, mas ela quer provar até o ultimo momento que não teve participação. Como mais ela poderia fazer isso?

-Correndo risco de passar mais de vinte anos na prisão... Lógico!

Estávamos trabalhando nesse caso juntos a semana toda, quebrando a cabeça para livrar nossa cliente da acusação de um roubo que causou a morte de duas pessoas, do qual ela afirmava ser inocente. Estava bem com Henri, havíamos conversado e algumas semanas se passaram desde o ocorrido sobre a carona. Liguei contando para meu pai sobre o noivado e que Henri queria fazer o jantar em sua casa. Já estávamos noivos, mas íamos oficializar o compromisso e anunciar a data do casamento. Não entendi o porquê papai não retrucou ou causou um escândalo, apenas concordou dizendo que estaria presente na data informada. Também falei com Joseph, que reclamou por quase uma hora no telefone antes de me parabenizar. David ficou quase gago com a notícia, riu, perdeu o ar, e deu total apoio. Fomos assunto no prédio por mais de duas semanas, não podíamos ir à janela respirar que o povo tirava foto e postava em redes sociais ou sites de fofocas. Nosso relacionamento estava ótimo, estabelecemos alguns limites e procurávamos respeitar. Ele havia me contado sobre a tragédia que matou seus pais e foi uma noite muito especial, poder ouvir toda a história da sua boca.

Quando a minha reportagem saiu nas revistas, eu havia acabado de engrenar o noivado. Isso fez com que Ellen me procurasse novamente, pedindo outra entrevista, só que dessa vez era somente para a coluna social, mas Henri me proibiu de aceitar isso. Ele era super animado, carinhoso, romântico – acreditem, e muito – alegre e brincalhão, mas não perdia seu charme de mandão. Era um homem muito reservado e não abria mão disso. Minhas fotos da entrevista ficaram ótimas, e por causa disso fui convidada para ser a garota propaganda da marca de um perfume importado. Meu rosto estava estampado em outdoors por toda a cidade. Eu estava em um bom momento na minha vida, tudo na santa paz.

-Chefa? – Gabi bateu na porta – Desculpe interromper, mas você tem visita.

David não me encarou, continuou analisando os documentos, como se não tivesse escutado nada.

-Não posso parar agora, peça para voltar com um horário marcado.

Gabi ia abrir a boca para falar alguma coisa quando foi empurrada para dentro da sala. Resmungou nervosa com a loira do seu lado. David ergueu o rosto franzindo o cenho com a situação e meu queixo caiu no chão.

-Não sabia que era tão difícil falar com você agora.

Levantei de imediato da minha cadeira, sentindo meu coração bater na garganta. Elisa. Fazia meses que não nos víamos, eu sentia saudades da nossa amizade, mas nunca mais a procurei.

-O que quer dizer com "agora"? – perguntei sem sorrir, apesar de sentir uma imensa alegria surgir dentro de mim.

-Notaram o seu talento.

Encarei Elisa sem saber o que dizer. David continuava parado de cenho franzido, olhando e Elisa e eu, tentando entender a cena. Gabi mordia a tampa de uma caneta, como se estivesse vendo uma trama no cinema, quis rir com o ambiente, mas me controlei.

-O que está fazendo aqui? – perguntei por fim, quebrando o silencio estranho do lugar.

-Tem um minuto? Quero conversar com você.

Cor a Primeira Vista - Volume II da Série Dê-me AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora