Capítulo 17

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Leonardo Bianchi

Vejo Elisa sair do escritório em silêncio, assim como eu fiquei depois dela ter me dado um choque de realidade.

Ainda em êxtase por tudo que foi pronunciado pela babá dos meus filhos, eu me sento na cadeira enfrente a minha mesa.

Fico simplesmente olhando o nada digerindo tudo que foi falado.

Sou interrompido dos meus pensamentos quando noto meu irmão Alessandro batente da porta.

As vezes eu esqueço que meus irmãos tem total liberdade na minha casa, ao ponto de entrar, sair e dormir aqui sem me avisar.

O mesmo me encarava com uma expressão solidária.

Tenho certeza que o mesmo ouviu tudo.

- É o que vocês pensam sobre isso?- Pergunto encarando meu irmão.

- Nunca tivemos abertura para falar, mas Elisa non se preocupou com isso, e ela fez certo. Nós demoramos demais e isso custou um pouco da saúde mental do meu sobrinho- Confessa suspirando.

Em silêncio ele se aproxima de mim e fica a minha frente.

- Leonardo, você é o mais velho dos filhos, e sei que deve ter passado muitas coisas na mão do padre, entendo que ele te feriu, te machucou e non tem como ele reverter isso, porém, non pode fazer o que ele fez com você nos seus filhos, principalmente no Lorenzo. O garoto non tem culpa pelo que a mãe fez, ele non merece ser ignorado- Fala sincero.

Eu tive uma irmã gêmea, mas ela morreu 5 meses depois que nascemos.
Minha mãe entrou em depressão. Ela não comia, não saia do quarto e mal me alimentava.

Ela não tinha forças nem para tomar banho, quem dirá cuidar de um bebê. Meu pai que cuidou de mim, mas pela perca da minha irmã ele ficou frio e distante de todos, e começou a descontar em mim.

Até os meus 18 anos foi assim, até eu sair de casa.

Não pense que com meus irmãos foi diferente, pois não foi. A diferença é que por ele e minha mãe ficarem colocando expectativas nas gestações, e se frustraram por vir todos meninos, ele tratava meus irmãos com indiferença, simplesmente não ligava para os mesmos.

Minha mãe mesmo chateada conseguia dar atenção e carinho a todos, menos pra mim, já que ela via os olhos da minha irmã nos meus. Nós eramos gêmeos idênticos, uma mãe jamais esqueceria o rosto de uma filha.

Fui tratado com ignorância, brutalidade, xingamentos e gritos. E isso obviamente influenciou a minha adolescência, a minha vida adulta.

E agora, a minha relação com os meus filhos...

- O que eu devo fazer para mudar isso? Non quero repetir essa história- Suspiro bagunçado meus cabelos nervosos.

Eu sou um péssimo pai

- Tem uma psicóloga infantil dividindo o mesmo teto que você. Non sou pai e nem profissional para te aconselhar- Bate a mão no meu ombro- Sinto muito por isso irmão...mas ainda não é tarde demais para mudar - Me mostra um sorriso acolhedor e saí do escritório.

Não aguentando aquele sentimento de angústia, culpa e remorso no peito, eu choro.

Choro pelos meus filhos, choro por mim, pela relação com o meu pai, pelas minha más ações como chefe, pai e irmão.

[...]

Depois de passar mais de meia hora chorando sem parar, eu seco minha lágrimas e saio do escritório, subindo as escadas.

Entro silenciosamente no quarto de Lorenzo e observo o mesmo dormir serenamente.

Me sento no chão ao lado de sua cama e encaro o mesmo.

Meu filho era minha cópia, tirando os olhos, pois ele puxou dos avós.

Acaricio seu cabelo deixando mais algumas lágrimas rolarem.

Noto uma marca fraquinha de batom em sua testa.

Elisa

Então pouco tempo a babá virou minha família do avesso. Conseguiu conquistar os meus filhos,meus dois irmãos e o meu respeito.

Beijo a cabeça do pequeno me levantando.

- Me desculpa figlio- Susurro baixinho.

Saio de seu quarto e vou para o de Violetta.

Minha menina também dormia serenamente com seu pijama lilás.

Me aproximo do berço e faço carinho em seu rosto.

Sem intenção a mesma sorri docemente e da uma mexida mais não acorda.

- Prometo que vou melhorar figlia...por vocês-

Mais que uma babáOnde as histórias ganham vida. Descobre agora