Capítulo 15

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Os suprimentos foram distribuídos no dia seguinte. Izuna respondeu as cartas que recebeu e entregou para o shinobi que retornou para a vila com seu grupo. Foi a primeira vez que ele entrou em contato com aquele povo, pois sempre encontrava o Uchiha na estrada, um pouco distante dali. Porém, por conta da ajuda de Tobirama e dos suprimentos enviados, os moradores do acampamento os trataram muito bem e até mesmo acompanharam a carroça até certo ponto da floresta, para garantir que não se perdessem.

Tobirama achou o gesto atencioso e agradeceu ao líder do acampamento, que o acompanhou em uma caminhada matinal. Conversaram pela primeira vez, e o senhor o surpreendeu com sua boa disposição tanto física quanto mental. Tobirama o admirou por ter conseguido manter o grupo por tanto tempo depois da guerra, mas foi conquistado somente quando o senhor o comparou a Izuna para fazer um elogio.

— Você é forte e inteligente como ele, isso me deixa mais tranquilo — disse o líder. — Confio muito em Izuna e ouvi muitas coisas boas sobre você, Tobirama.

O Senju sorriu e agradeceu. Ficou tentado a perguntar o que ele havia escutado, mas percebeu o atrevimento antes que abrisse a boca, portanto, a manteve fechada para assuntos pessoais e continuou focando em contar sobre Konoha.

Aquela foi a única manhã que passou longe de Izuna. Nos dias seguintes, o seguiu para todos os lados do acampamento, sabendo que o irritava ao agir como um segurança, e se divertindo com os olhares cortantes que recebia.

À noite, Izuna o colocou para dormir no escritório. A casa possuía apenas dois cômodos, que era seu quarto e aquele lugar em que um lençol foi estendido no chão para simular um futon. Era desconfortável, mas Tobirama não se importou, pois jamais conseguiria fechar os olhos em um local estranho sem ter certeza de que havia um companheiro vigiando o lado de fora. Ele passava as horas olhando pela janela, pensando no que fazer para Izuna enfim escutá-lo, enquanto vigiava a floresta que permaneceu calma pelos próximos dois dias. Ainda assim, não conseguiu fechar os olhos também na segunda noite.

Havia cochilado durante o dia, encostado na parede, enquanto Izuna fazia algumas anotações. Com ele ao seu lado, se sentia mais seguro, mas não foi o suficiente, e o cansaço começava a atrapalhar seus sentidos. Tobirama temeu estar neste lugar desprotegido naquela situação, mas não havia o que fazer, e desistiu de praticar os exercícios de meditação que a Senhora Yuko havia lhe ensinado.

Se apoiou na janela maior. Aquela casa era diferente das que tinham de Konoha; não eram tradicionais do país do fogo, e as janelas eram curtas e tinham parapeitos largos, onde Tobirama se sentou e esperou pelo amanhecer. Mas antes que chegasse na metade da madrugada, foi surpreendido com a porta do escritório sendo aberta sem um aviso.

O coração de Tobirama reagiu à visão de Izuna se aproximando com seu rosto sério, com os cabelos soltos e um kimono escuro e fino. Havia sentido falta de vê-lo daquela forma tão íntima, e por um instante se esqueceu que não tinha mais liberdade para agir como o seu peito agitado mandava. Desceu do parapeito e levantou a mão, ansioso para tocar o rosto bonito, mas Izuna desviou e parou em frente à janela.

— Vá dormir — ordenou com um tom frio.

— Eu estou bem — garantiu Tobirama, que despertou para a realidade e abaixou a mão com decepção.

— Não está. — Izuna olhou para trás ao juntar as sobrancelhas.

Os olhares se encontraram e ficaram em silêncio por um instante. Se conheciam bem demais para conseguirem enganar um ao outro, mas continuaram teimosos, especialmente Izuna, quando Tobirama deu um passo em sua direção.

— Por que está acordado a essa hora? Teve um pesadelo? — Tobirama se preocupou como sempre, mas se lembrou do sentimento do Uchiha quanto ao seu cuidado extremo apenas quando o viu virar o rosto para a janela novamente. Ainda assim, não houve arrependimento. Tobirama jamais deixaria de se preocupar com ele, e tinha certeza de que Izuna só havia entendido seus motivos de forma errada. E como recuperar o seu amor era o principal objetivo ali, parou atrás dele e tocou os braços que ficaram tensos. — Izu — sussurrou. — Deite-se comigo.

Jardim Sem FloresWhere stories live. Discover now