36 - Os Mortos Não Falam

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- E porque não podem ficar em Alexandria? - Perguntou Tara, nos encarando. - Qual o problema?

Estávamos reunidos no escritório da casa grande, decidindo sobre o grupo. Se poderiam ficar ali ou não.

Eu entendia a posição da Tara, um grupo desconhecido, em que um deles fora uma criminosa... Eu própria ficaria desconfiada, mas eram sobreviventes e eu acreditava que poderiam ajudar.

Jesus parecia ser da mesma opinião. Ele acreditava que toda a vida contava.

- Michonne fechou a comunidade para qualquer sobrevivente. - Falei. - Depois do que aconteceu com a Jocelyn.

Tara assentiu e me olhou. - E por essa razão envia pessoas para cá? Isso não é um campo de férias!

- Tara... - Disse Jesus.

Ela o olhou. - Nem vem, porque a partir do momento em que você passa mais tempo fora daqui do que liderando essa comunidade, deixou de decidir sozinho o que seja.

Paul franziu o cenho. - Pelo que sei, o Rick te acolheu, também. Te deu uma segunda chance, tou errado?

Ela me olhou e eu abaixei o olhar. Falar do Rick ainda era muito doloroso para mim.

Tara assentiu, depois de pensar alguns minutos. Respirou fundo. - Tudo bem.

Daryl, que estava apoiado na parede, deu um passo em frente. - Eles ficam?

Tara assentiu novamente. - Podem ficar. Mas, ao menor erro, ou confusão, eu expulso eles.

Sorri e assenti. - Fechado. Obrigada, Tara.

Ela se aproximou e me abraçou. - Por você, Mel. - Falou junto do meu ouvido. De afastou e me sorriu. - Só por você.

Me senti sem jeito, é verdade, mas assenti.

Saímos da casa e a expectativa nos olhos dos novos membros era grande. Luke começou a falar, explicando que poderiam ir embora, que não queriam causar problemas e pedindo desculpa pelo comportamento da Magna. Mas foi silenciado por Tara, que disse que poderiam ficar.

A mudança nas suas expressões foi enorme. Luke agradeceu imenso, bem como Connie, e depois todos eles seguiram Tara, para conhecerem os lugar onde iriam ficar.

DJ se aproximou de mim e tocou no meu ombro. - Vou ficar.

Franzi o cenho. - Porquê?

Ele deu de ombros. - Não sei, mas acho que poderei ser útil aqui. Além disso, é sempre bom trocar de ares, né? - Sorriu.

Sorri e depois toquei no seu braço, um gesto de amizade.

- Entendo. Tudo bem, acho que pode ficar. Irei sentir sua falta em Alexandria.

Vi Daryl andando até nós e segui na sua direção, depois de DJ me informar sobre o filho de Carol, Henry. Acho que ele estava causando problemas.

- O que aconteceu com o Henry? - Perguntei. - Você colocou mesmo ele no porão?

Daryl assentiu. - Coloquei. E vai ficar lá até entender que sua rebeldia não adianta de nada.

Sorri. - Fala a voz da experiência, não é?

Daryl soltou um som estranho e me empurrou no ombro, devagarinho, mas depois sorriu, um sorriso pequeno.

Escutámos as crianças rir e olhámos nessa direção, vendo que elas brincavam entre si. Era bom vê-las felizes.

Nesse momento, o portão é aberto e Rosita entrou, completamente suja do que parecia ser terra, e parecendo demasiado abalada.

Corri para ela, assim como Daryl e todos os outros. Rosita me olhou, segurando os meus braços e com uma expressão assustada.

- Eles... Eles... O Eugene...

- Calma. - Falei. - O que aconteceu? Cadê o Eugene?

- Eles... Eu não sei. Eu perdi ele, eu tenho de voltar. - Ela se afastou mas eu segurei o seu pulso.

- Espera. Quem são eles?

- Os mortos!

Troquei um olhar com Daryl e Tara e depois olhei novamente para Rosita.

- Os mortos? Como assim?

Rosita me apertou, suas mãos em redor dos meus ombros. - Os mortos falam! Eu e Eugene escutámos! Eles queriam nos pegar e estavam nos seguindo, falando entre si! Nos procurando!

Fiquei olhando ela, temendo pela sua sanidade mental.

- Eu juro! - Disse ela.

Assenti. - Tá, tá, eu acredito em você. Calma. Daremos um jeito. Vamos lavar você, aí você fica mais calma e depois pode nos mostrar onde perdeu o Eugene, para procurarmos.

Rosita assentiu, parecendo perdida. - Obrigada, Mel.

Fiz sinal a Tara e ela levou a Espinosa na direção da casa grande.

Olhei o portão, pensando no que ela falara.

- Acha que é verdade? - Disse Daryl.

Olhei ele. - Ela não teria razão para mentir. E o Eugene não veio com ela, então...

- Será que é alguma espécie de mutação? - Disse Paul. - Eles podem estar evoluindo?

- Eu diria que é pouco provável, até porque eles estão mortos, não deveriam evoluir.

Daryl se mexeu. - Pfff, não deveriam andar, para começar e olha só!

Revirei os olhos. - Você entendeu o meu ponto de vista, Dixon. Tá, eles voltam, de alguma forma, mas algo que está morto... Como evolui? Até para eles, nessas condições, isso é estranho.

Paul cruzou os braços sobre o peito. - Temos de falar com ela, saber onde eles estavam e ir até lá. Temos de saber.

Assenti e vi Daryl assentindo igual. Olhei os meninos.

- Iremos, sim.

Forgiveness - Rick GrimesWhere stories live. Discover now