In the land of gods and monsters, i was an angel

19 3 2
                                    

Heaven City, cidade dos anjos de neon e dos deuses que morrem por overdose. Suas boates eram templos sagrados mais frequentados do que qualquer igreja. Suas ruas noturnas brilhavam mais que o próprio sol, com seus infinitos letreiros iluminados exageradamente. Seus prédios chegavam a alturas dignas de inveja por parte do próprio Deus nos céus. Era irônico pensar que uma cidade com aquele nome estivesse ligada as coisas consideradas mais pecaminosas. Sua atmosfera inspirava todo o lado mais obscuro do ser humano: um misto de luxúria e melancolia. A imagem estampada do lado negro do sonho americano.

Qualquer um que se aventurasse a visitar e explorar aquele lugar certamente procurava alguma forma de escape da realidade, seja através do mundo das drogas e álcool, sob as luzes dos palcos de boates de strip, ou até mesmo nos braços de qualquer um que se voluntariasse. Ninguém em sã consciência mergulharia naquele submundo. Até mesmo as classes mais abastadas, que se resguardavam nas grandes alturas dos prédios da cidade, acabavam por fazer parte daquilo. Enquanto os mais desfavorecidos descontavam todo o estresse de serem explorados diariamente em qualquer coisa que os fizesse fugir da realidade cruel vivenciada, os mais ricos ostentavam todo o poder e riqueza que tinham. Ou talvez o vazio interno deles os levasse a igualmente procurar uma forma de escape. Talvez a atmosfera de estresse e depressão urbana fosse contagiosa.

É claro que Frank Iero não se encaixava em nenhuma daquelas situações. Não tinha interesse nas drogas e tampouco nos serviços sexuais ofertados. Aquela vida noturna e agitada fazia seu estômago de cidadão de cidade pequena se revirar. Por mais que tivesse algumas características em seu estilo visual típicas de grandes centros urbanos, como tatuagens e piercings, seu espírito certamente era prezava pela quietude e calmaria. Detestava aqueles prédios imponentes o cercando, como se fossem o esmagar a qualquer momento. O ar de poluição, que certamente garantia um câncer de pulmão a qualquer um, o perturbava. Aquelas luzes fortes em neon o deixavam tonto e com dor de cabeça. Nem mesmo as estrelas no céu eram visíveis com tamanha poluição visual e atmosférica! Aquele lugar definitivamente não era para ele.

No entanto tinha um objetivo, e assim como Dante, precisava atravessar o inferno para chegar no paraíso. Estava em busca de seu amigo, Ray Toro, o qual tinha ido a Heaven City com o intuito de desenvolver uma matéria jornalística a respeito da vida noturna da cidade. O problema era que ele não entrava em contato com ninguém há três meses, e sendo assim, Frank decidiu investigar o que havia acontecido com ele.

Não conhecia muito daquela cidade, e o medo de se perder em meio aquela infinitude de prédios preencheu seu coração nos primeiros dias em que se aventurava em meio aquela selva de concreto. No entanto, a ansiedade quanto a falta de notícias de Ray lhe pesava muito mais os ombros, o fazendo ignorar e esquecer aos poucos tal medo e se acostumar com a paisagem da cidade. Sua rotina de sono já havia se ajustado aos costumes noturnos de uma pessoa que vive durante a noite em busca de seu amigo pelas ruas e boates, o transformando em algum tipo de vampiro cosmopolita.

E aquela seria mais uma noite em que sairia em sua jornada incansável.

Tudo o que sabia de Toro, era que, segundo o próprio em um de seus contatos anteriores, ele se hospedara em algum albergue da cidade com fácil acesso a pontos de vida noturna. Contudo ainda não tinha pista alguma da localização exata do mesmo. Frank procurou, então, se focar nos centros que não dormem, entretanto, tendo em vista que aquela capital era gigante, tais regiões se mostraram maiores do que sequer poderia imaginar.

Mas não desistiria! Desta vez iria explorar uma área mais periférica de tais centros. Certamente era uma região mais perigosa, porém como estava na estaca zero quanto as informações, qualquer lugar se tornava uma possível mina de ouro. Sabia que não encontraria o que procurava nos primeiros dias, todavia já estava há mais de uma semana naquele lugar sem pista alguma! Nem mesmo a polícia demonstrou um mínimo de competência, se mostrando reticente desde o dia em que fizera uma denúncia para o desaparecimento de Ray. Era como se a cidade tivesse simplesmente o engolido vivo.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jun 23, 2023 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Killing Joy⚡FrerardWhere stories live. Discover now