O quarto

01

--- Tá escondida?--- Sorri vendo sua amiga Maria se aproximar.

--- Sim, faltam cinco minutos pro meu plantão acabar.--- Apoia a cabeça na parede olhando para os carros que estava sentada no chão do estacionamento do hospital

--- É, eu odeio plantões logos também.--- Se senta ao lado de Wanda suspirando.--- E também odeio quando o plantão tá acabando e aparece coisa para fazer.

--- Poisé e eu...--- Franze a testa vendo um carro se aproximando demais de onde estavam.

--- Socorro, preciso de ajuda.

--- Ah, não... Meu plantão tá quase acabando.--- De levanta vendo um homem sair do carro tirando uma criança do banco de trás.

--- É sua filha senhor?--- Maria se aproxima com Wanda indo atrás a contra gosto.

--- Não, minha não.--- Balança a cabeça entregando a menina que resmunga.--- Ela tá doente?

--- O que ela tem?--- Wanda pergunta olhando para a menina que afunda a cabeça no ombro de Maria.

--- Ela não é minha.--- Responde voltando para o carro com pressa.

--- MOÇO? Moço?--- Maria chama enquanto o homem arranca o carro.--- E agora?

--- Agora a ideia que eu tinha de ir pra casa acabou.--- Passa a mão por seu rosto vendo o carro se afastando.--- E agora?

--- Vamos.--- Segura a menina com o braço só puxando a amiga para dentro do hospital.

--- Eu não sou pediatra.--- Resmunga a seguindo.

--- Eu também não.--- Caminham para dentro do hospital com pressa indo em direção a sala do chefe.--- Doutor um homem maluco deixou a criança com a gente e foi embora.

--- Como assim?--- O homem se levanta confuso quando as duas entram sem bater.--- Põe ela no sofá.

--- Tá bom...--- Caminha até o sofá colocando a menina sobre o mesmo.--- Ela tá bem mal cuidada.

--- Chama a polícia e pede a gravação do estacionamento.--- Fala para Maria enquanto a menina olha para Wanda por entre os cabelos no meio de seu rosto.--- Como se chama querida?--- Tenta tocar na menina que se afasta cobrindo o rosto com as mãos.--- Quer tentar? Talvez com uma mulher ela fala.

--- Oi lindinha...--- Se aproxima da menina pensando se não seria melhor sair correndo para sua casa.--- Eu me chamo Wanda, e você?

--- Parece a ma...--- Tira as mãos de seu rosto olhando para Wanda que franze a testa.

--- Cadê sua mãe querida?--- Se senta na cama observando a menina com cuidado.

--- No quarto...--- Olha para baixo fazendo mais partes de seu cabelo caírem em seu rosto.

--- Sei...--- Passa a mão por seu rosto sentindo o olhar de seu chefe em si.--- E eu pareço sua ma?

--- O cabelo parece.--- Murmura erguendo o olhar para Wanda.--- O meu também.

--- E como se chama a sua mamãe?--- Pergunta vendo a menina segurar uma mecha de seu cabelo a observando.

--- Chama mamãe.--- Responde confusa e Wanda se contém para não se levantar frustrada. 

--- Entendo...--- Passa a mão por seu rosto pensando.--- E cadê sua mamãe?

--- No quarto.--- Franze a sombrancelha olhando para a mulher antes de olhar para baixo tirando um papel de seu bolso.--- Eu ajudo a mamãe, tenho cinco anos agora.

--- Certo...--- Pega o papel que a menina lhe estende o entregando para seu chefe.--- Muito bem querida.

--- Aí meu Deus.--- O homem murmura atraindo o olhar de Wanda.--- Fica com ela, eu já volto.

--- Eu só quero ir embora.--- Suspira se sentando no sofá sentindo o olhar da garotinha em seu rosto.--- Como se chama mocinha?

--- Mamãe me chama de Lina.--- Sussurra olhando para a mulher que assente.--- A mamãe vem me buscar.

--- Espero que sim...--- Franze a testa vendo Lina se aproximar encostando a cabeça em seu ombro enquanto tira algo de sua boca.--- O que é isso, Lina?

--- Um pedaço da Ma.--- Ela sussurro para si mesma apertando o dente contra sua mão.

--- Eu posso ver?--- Tenta abrir a mão da menina que se afasta balançando a cabeça.--- Tá bom, tudo bem.

---- Wanda?--- Maria abre a porta chamando a amiga após alguns minutos.--- A polícia chegou, vamos?

--- Graças a Deus.--- Tenta se levantar antes de sentir a menina agarrar seu braço.--- Querida, eu tenho que ir...

--- Não, a mamãe ainda não chegou.--- Balança a cabeça chorando.

--- Tá bom...--- Pega a menina em seus braços sem saber oque fazer.--- E agora?