-Depois te mostro minha magia tio Henri.

-Está vendo essa moça aqui? - perguntou puxando-me em um braço.

A menina fechou a cara na hora, assim que me viu.

-É ela mamãe! É essa mulher aqui! - gritou descendo do colo de Henri.

-Que isso Charllote, tenha mais educação - Bruce a repreendeu - Trate Jade com respeito, se não mando todo mundo embora.

-É ela!

-Ela o que minha filha? - Valentina perguntou abaixando-se.

-Ela é a mulher que papai chamou de linda, lembra? Eu te contei.

Todos nós nos olhamos, e eu ri junto com Bruce, mas Henri e Valentina não. Nesse momento não tive duvidas do velho ditado "os opostos se atraem". Eu e Bruce combinávamos demais, iguais em tudo. O mesmo podia-se dizer de Valentina e Henri, dois zangados.

-Não fique brava com o papai querida, Jade é uma amiga - Bruce também se abaixou.

-Mas então por que disse que ela era linda?

-Por que não posso dizer isso?

-Você deve achar só a mamãe, Marie e eu.

-Mas vocês são minhas lindas. Minhas. Agora, Jade é só... Bonita - tossiu. Valentina deu-lhe um empurrão - Olhe para ela, não a acha bonita?

Bruce estava tentando amenizar a sua situação, mas não estava funcionando. Valentina fez uma cara de capeta - alguém ia apanhar mais tarde, e não seria as crianças -, depois fitou Henri.

-É...

-Então, agora peça desculpas para ela e seu tio Henri, pelo seu comportamento.

-Não precisa pedir desculpas - Valentina disse erguendo-se.

-Que isso amor? Não pode desfazer minhas ordens.

-Posso e já fiz. Charllote não fez nada de mais, ela não deve desculpas a ninguém.

-Se quiser implicar faça isso num cômodo fechado, mas não me faça passar papel de idiota na frente de Jade e Henri, atrapalhando meu modo de educar. Dessa forma minha filha não vai me respeitar mais ora! - disse bravo - Agora Charllote, peça desculpas para os dois.

Olhei Henri, que encarava a menina sem piscar com um leve sorriso nos lábios. Não parecia constrangido com a discussão do casal, eu por outro lado quase cavei um buraco ali de tanta vergonha. Nunca na vida que eu faria umas cenas dessas ao vivo e em cores, comigo era só uma olhada e ponto. Acho que Henri também seria assim, ele era muito bravo e reservado.

-Desculpa tio Henri, pelo meu mau comportamento - que fofa gente sorri vendo a cena.

-Tudo bem querida - pegou a menina no colo - Olhe, Jade é uma boa moça e ela é muito especial pra mim. Então peço que tente ser amiguinha dela, porque vamos nos casar. Entende?

A menina ficou encarando Henri, com o olhar triste, como se tivesse perdido o amor da sua vida. Toquei suas tranças e ela me encarou.

-Prometo que deixo você ser uma dama linda, com um vestido bem rodado de princesa.

Ela fez uma pausa muito dramática, achei que fosse me dar um tapa, até que sorriu sem graça, balançando a cabeça em afirmativo, como se aceitasse o convite. Rimos e entregamos o presente, ela adorou. Depois encontramos Marie, que me adorou, ficou comigo o tempo todo, brincando com dedinhos, de balança caixão e bater palmas. Brinquei tanto que me deu sede, Henri estava longe conversando com uma roda de homens e tive que ir sozinha atrás de algo para beber. Encontrei uma jarra de água com gelo em cima de um balcão, estava no segundo copo quando Valentina entrou quase caindo, segurando vários brinquedos e toda descabelada.

-Não quero fazer isso nunca mais - bufou entre suspiros.

-Elas estão amando.

-Sim... E vão estar horríveis nas fotos.

Ela era uma mulher linda e obviamente uma ótima mãe. Não entendia o porquê me implicava tanto se meu corpo só pegava fogo com Henri, e nunca tive nada com Bruce. Talvez aquele beijo que ele me deu no dia do evento, na frente dela e de Henri deixasse outra coisa no ar. Não a queria como inimiga, e nem ter que passar por momentos constrangedores outra vez.

-Sinto muito se causei intriga mais cedo, não tenho a intenção de prejudicar vocês.

Ela me olhou arrumando a roupa e depois o cabelo.

-Henri é o amor de Charllote, gostei que você tenha dado um jeito de não deixá-la triste demais com a noticia... Obrigada.

Valentina disse a ultima palavra com dificuldade, como se fosse uma obrigação.

-Escute, é óbvio que vamos ter mais contato daqui pra frente. Eu queria deixar claro que nunca aconteceu nada entre Bruce e eu, fomos apenas amigos e respeito você, e sua família.

-Não precisa se explicar. Bruce é meu marido e não tenho motivos para desconfiar da palavra dele.

-Só não quero que pense...

-Não penso nada Jade, nos conhecemos em uma época difícil. Não sei se confio em você, mas confio em meu marido, não precisa ficar se justificando.

Valentina parecia uma lamina afiada, pronta para cortar minha língua, cabeça, braço ou qualquer outro membro meu. Aproximei mais dela, entendendo sua reserva sobre o que nos deixava tão arisca, resolvi suprimir isso e abordar de um novo jeito.

-Não disse aquilo só para acalmar Charllote, gostaria mesmo que elas fossem damas no meu casamento, se você permitir é claro.

Ela me fitou um pouco curiosa, mas depois forçou um sorriso menos sombrio.

-Será um honra, conte com nós - fez uma pausa enquanto organizava os brinquedos - Sabe Jade, ver Henri assim, como ele era antes, é um milagre. Você está aqui para somar, faremos isso dar certo.

-É... - confirmei com vontade de sorrir, mas não fiz isso. Ela era uma pessoa seria demais e estava tentando agradar do seu modo. Faríamos isso com calma.

Cor a Primeira Vista - Volume II da Série Dê-me AmorDove le storie prendono vita. Scoprilo ora