CAPÍTULO QUINZE: FINAL

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Ele, espantando, olhava para ela totalmente incrédulo, sem conseguir entender. Sentou sem desviar os olhos dela, que sorria para ele, caindo na gargalhada ao passo que suas lágrimas molhavam seu rosto.

— Só não vá ter um ataque cardíaco agora! Eu esperei mais de meio século para ter uma única chance aqui com você!

— Senti sua falta, Lili...

— Tenho pouco tempo, antes de voltar.

— Voltar para onde?

— Você saberá na hora certa, Balt! — Piscou. — Já que me convidou para dançar...

Estendeu as mãos para ele, que se levantou e repetiu a mesma reverência, pegando em sua mão, sentindo o quanto era delicada sobre a dele e lhe sorriu, enlaçando sua cintura com a outra. Como um passo de mágica, a música foi surgindo, envolvendo os dois, que valsavam enquanto tudo ao redor ia desaparecendo aos poucos através de um leve e perfumado nevoeiro.

— Me perdoe por ter feito você ter ido embora, Lili.

— Há muito que já o perdoei, Balt. Foram suas lembranças que me fizeram ter a chance de retornar até você.

Ele foi se afastando devagar dela, com um brilho no olhar.

— Ainda tens tempo?

— Tenho, sim, cara de sapo assado. Por que?

Ele segurou a mão dela e saíram do quarto com um sorriso de moleque. Queria mostrar o jardim para ela e sem fazer barulho, foram na ponta dos pés em direção aos fundos da clínica, abafando as risadas e de mãos dadas.

— O que tens para me mostrar, Balt?

— Veja...

Deu espaço para ela passar à sua frente e poder admirar toda aquela profusão de cores e aromas à luz da lua. Ela deu alguns passos, seguida por ele, que sorria ao vê-la ali, novamente. Sabia que seria por algumas horas, mas o suficiente para fazê-lo o homem mais feliz na Terra, assim como sabia que a maioria não entenderia, como muitos não compreenderam aquele sentimento e até disseram não ser natural. Mas existem regras para o amor? Ele não é atemporal?

Lili virou-se para ele, sorrindo.

— É lindo, cara de sapo assado! Obrigada por me mostrar.

— Todos os dias eu venho para cá e fico o admirando, imaginando você girando feliz por entre as flores e brincando com as borboletas...

Ela correu em direção às flores, rindo alto e segurando seu vestido longo de renda azul e girando, fazendo seus cachos sacudirem ao movimento que ela fazia. Ele olhava a cena emocionado, sem se mexer. Temia que tudo fosse apenas um sonho e despertasse de repente, sem ter mais a presença dela ali.

— Vem, Balt! — Estendia as mãos para ele, sorrindo.

Ele andou na direção dela, rindo como se voltasse a ter seus dez anos, girando com ela de mãos entrelaçadas, caindo os dois na grama em seguida. Ficaram olhando as estrelas, as contando e apontando para as constelações.

— Estou tão velho, Lili...

— Não se preocupe com isto agora, Balt.

Ele desviou o olhar do céu estrelado e a encarou, parecia tão real, olhando-a iluminada pela luz da lua.

— Você é a mesma Lili que eu conheci. — Sorriu, tímido.

— Vamos voltar?

Ele levantou-se com certa dificuldade, se apoiando em um dos joelhos e a ajudou a erguer-se, retornando para o quarto. O vestido ia arrastando por sobre as flores, criando um tapete que perfumava a noite.

LILI: JUNTOS ATÉ DEPOIS DO FIMWo Geschichten leben. Entdecke jetzt