Prólogo

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Enquanto eu me sentava em meu pequeno apartamento, cercada por pilhas de livros e anotações espalhadas por toda a mesa, minha mente mergulhava nas profundezas da perfeição. A ideia de ser visto como imaculado, admirado e aplaudido sempre me intrigou. O que exatamente significa ser perfeito? E como as pessoas lutam desesperadamente para conquistar essa ilusão?

A cidade estava encantada com a Família Montreal, que parecia personificar tudo o que é considerado ideal. Suas vidas eram como um conto de fadas moderno, onde cada membro da família era perfeitamente esculpido, com traços angelicais e comportamentos impecáveis. Beatrice, a adorável Trice, irradiava alegria e otimismo com seu sorriso cativante e voz melodiosa. Seus irmãos, Wellington, Anna e Noah, cada um com sua própria singularidade, eram encaixados na imagem do "ideal" de suas respectivas idades.

Por trás dessa fachada de felicidade e harmonia, entretanto, eu descobri pequenas rachaduras na perfeição da Família Montreal. Fui atraída pela curiosidade e pelo impulso inerente de desvendar segredos ocultos. Histórias de tragédias e mortes surgiram, todas elas relacionadas de alguma forma a essa família. No entanto, algo parecia desalinhado, como uma peça de quebra-cabeça fora do lugar. Eu sentia que havia algo mais do que simplesmente coincidências desafortunadas.

Então, decidi assumir a missão de investigar a perfeição ilusionista dos Montreal. Sob o disfarce de Alice Dávila, uma babá em busca de emprego, me infiltrei na família, sedenta por respostas. Eu estava determinada a desvendar os segredos que os mantinham acima de qualquer suspeita, enquanto fingia ser apenas uma pessoa comum em busca de trabalho.

Sentada ali, observando as fotografias da Família Montreal que enfeitavam as paredes de meu modesto apartamento, meu olhar percorreu cada rosto sorridente e perfeito. Perguntei a mim mesma: "O que motiva as pessoas a ansiarem por essa perfeição ilusória? Por que a sociedade glorifica tanto aqueles que parecem nunca errar?"

No fundo, todos nós desejamos ser vistos como imaculados. É uma busca constante pela aprovação e validação dos outros. Queremos ser amados, admirados e respeitados. A família perfeita é o símbolo máximo dessa busca. Eles são um exemplo a ser seguido, um farol de esperança para todos aqueles que aspiram à perfeição. Mas até que ponto eles estariam dispostos a ir para manter essa imagem intocada?

Olho novamente as fotografias da Família Montreal espalhadas pela mesa, examinando cada detalhe minuciosamente. Os olhos verdes brilhantes de Beatrice, transmitem uma alegria contagiante. Suas madeixas loiras caem delicadamente sobre os ombros, e é difícil imaginar que por trás de sua aparência angelical possa haver algo sombrio. Wellington, apelidado de Tom, com sua cabeleira loira e olhos castanhos claros, parece ser o espírito livre da família, sempre levando as coisas na esportiva. Anna, com seu cabelo loiro e olhos castanhos da mesma tonalidade de Wellington, irradia uma aura de serenidade, mas seu olhar oculta um fogo interior. E Noah, o jovem estiloso com cabelos que variam do loiro ao escuro e olhos castanhos escuros penetrantes, parece um modelo de perfeição, mas seu comportamento civilizado e elegante pode esconder segredos profundos.

Meus pensamentos vagam para os patriarcas dessa família, James e Emily Montreal. James, um homem de meia-idade com aparência jovem e charmosa, de cabelos escuros e olhos castanhos, é o pilar dessa imagem perfeita. Seu semblante sério reflete a importância que ele atribui à reputação da família. E Emily, com sua beleza estonteante, cabelos loiros esvoaçantes e olhos verdes cintilantes, é uma figura de autoridade que nunca demonstra arrependimento ou incerteza. Ela é a personificação da confiança, sempre seguindo o legado da família e preservando sua imagem imaculada.

No entanto, mesmo com toda essa fachada de perfeição, algo não se encaixa. Minha investigação revelou uma série de tragédias e mortes que envolvem a Família Montreal. Eles são sempre retratados como vítimas inocentes, mas as coincidências me perturbam. Por que eles estão sempre no centro de eventos trágicos? Existe algo mais sinistro por trás desses acontecimentos, algo que o véu da perfeição tenta encobrir?

Enquanto me aprofundo nessas questões obscuras, uma figura em particular desperta minha atenção: Isadora, a sogra de Emily. Uma mulher idosa na casa dos 70 anos, ela parece guardar um desprezo secreto pela nora, Emily. Os olhares trocados entre elas carregam uma tensão palpável, mas Isadora é obrigada a manter as aparências de uma família perfeita. A tolerância que ela demonstra é apenas superficial, e meu instinto de detetive me diz que ela pode ser a chave para desvendar os segredos que a Família Montreal tenta esconder.

A cidade inteira aplaude a Família Montreal, sem nunca desconfiar das sombras que podem se esconder atrás de tanta beleza e sucesso. É quase como se eles estivessem envoltos em uma névoa misteriosa, que obscurece a verdade por trás de suas vidas aparentemente perfeitas. E é essa névoa que estou determinada a dissipar.

No entanto, antes de dar mais um passo nessa jornada perigosa, percebo que não devo me deixar levar pela empolgação. A busca pela verdade pode ser traiçoeira, e a ilusão da perfeição pode ser apenas o véu que esconde um abismo sombrio. É preciso cautela, paciência e astúcia para desvendar os segredos da Família Montreal.

Enquanto preparo meu disfarce e planejo cada passo meticulosamente, sei que estou prestes a entrar em um jogo perigoso, onde nada é o que parece ser. As perguntas sem respostas pairam no ar, e a verdade que desejo encontrar pode se revelar muito mais sinistra do que jamais imaginei.

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⏰ Last updated: Jun 05, 2023 ⏰

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Família MontrealWhere stories live. Discover now