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     Engulo novamente em seco, não havia uma maneira mais fácil de dizer isso, mas eu precisava, estava começando a sentir cólicas e sabia que meu período estava próximo.
- Período menstrual, senhor. - Falo, e olho para ele, desejando com todas as minhas forças que ele entenda e não me faça falar de um jeito que não acho apropriado.

- Onde sai o sangue? - Pergunta e em seguida solta uma gargalhada, isso é tão humilhante.
- Saia daqui criança. - Para de rir abruptamente e me manda sair, sem pensar duas vezes eu levanto e marcho até a porta.

- Espere! - Olho para trás.
- Porque está descalço? - Viro-me novamente para ele, que agora está em pé e vem em minha direção.
- O único sapato que tenho, aperta muito meus pés. - Respondo, fazendo o impossível para não gaguejar, dando passos para trás a medida com que ele se aproxima.

- Porque não trouxe suas vestimentas todas? Acha que vou gastar meu dinheiro com você? - Ele pergunta, levando as mãos até os bolsos da calças, meu deus, que ele não me machuque.
- Não, não Senhor - Me apresso a responder, ele fecha o semblante para muito irritado. Ele para, mantendo uma certa distância de mim e em seguida volta a se aproximar de novo, está vez minha costas batem com a porta e arregalo os olhos, atenta a cada movimento seu.

- Você me dá nojo, só por achar que sentirei pelo menos um pouco de pena de você, não é digna de ter de mim nem um produto básico como absorventes. - Olha com nojo para mim, me olhando de cima a baixo - Muito menos, sapatos! - Sinto algo a ser jogado no meu rosto, pisco rápido e levo a mão ao mesmo, ele acaba de cuspir em mim.

Eu não deveria ter pedido algo desse tipo para ele, não é de sua responsabilidade ou preocupação, eu sou uma tola. Limpo meu rosto e vermelha pela humilhação eu olho para ele.
- Me perdoe, senhor. - Peço, verdadeiramente arrependida. Olho para meus pés. - Usarei os sapatos, me desculpe. - Digo.
- Posso ir? - Viro-me e pego na maçaneta da porta.
- Não vire as costas para mim sem minha autorização! - Ele me vira rapidamente e me joga contra a porta, com o impacto minha cabeça bate com força na mesma. Me segura pelos ombros com os olhos vermelhos de raiva.
- Me perdoe. - Sussurro, muito assustada, medo dele me espancar novamente.
- Saia! Maldita! - Grita no meu rosto e me solta. Logo saio, e praticamente corro até meu quarto, com o coração batendo em disparada.

Me sento no colchão e me permito desabafar.
Choro por tudo, pela vovó, os abusos dos namorados dela, os espancamentos deles, as humilhações constantes da vovó, a fome, o medo, a solidão, as coisas que eu sonhava em fazer e perdi as esperanças, tudo.

- Ei garota! - Escuto alguém me chamar e abro os olhos, acabei pegando no sono depois da crise de choro, levanto devagar, já sabia que era Liam.
- Sr Deklan me mandou passar algumas informações a você, venha comigo.

Sigo ele para fora do quarto, ele me diz para olhar para tudo com atenção.
Ele me mostra a sala e diz exatamente o que limpar, diz pra tomar cuidado redobrado com a TV, meu tio era obcecado por limpeza e gostava de tudo extremamente limpo.
- Como você será a empregada pessoal dele, terá que limpar o seu quarto sempre que ele sair para a empresa ou trouxer alguém com ele. - Me fala e eu logo entendo o que ele quis dizer.

A sala era muito linda e sombria, e tinha quase nada de decoração.

- Tudo tem que ser e ficar extremamente limpo, você entendeu? - Liam reforça.
- Sim senhor.

Ele ruma para um lugar da casa que eu nunca havia ido, passamos por uma enorme sala que diferente da sala de estar, era bem iluminada.
Havia uma mesa enorme com várias cadeiras em tom bem claro, tudo gritava dinheiro.
- Aqui é a sala de jantar, como pode ver. - Ele continua andando, para de olhar tudo para segui-lo.
- Ah, já ia me esquecendo - Ele diz, parando e se virando, Liam anda até uma das cadeiras na ponta da mesa. - Sr Deklan, senta aqui, você irá servi-lo sempre nesta cadeira. - Assinto com a cabeça.
- Vamos continuar.

Entramos no que parecia ser a cozinha, deduzi isso por ter dois homens e duas mulheres cozinhando, apressadamente, Liam fez uma apresentação rápida.

O homem mais velho que parecia ter uns 40 anos se chamava Chris, e era casado com uma das cozinheiras que se chamava Ella, o outro homem era mais novo e se chamava Dave, a outra moça era mais nova também, parecia ser um pouco mais velha que eu, ambos estavam muito ocupados para saber quem eu era.
Liam disse que eu era uma nova empregada, mas percebi de relance que eles sabiam a verdade.

- Não converse muito com eles e limite se tiver alguma pergunta, Sr Aidan não irá permitir que você tenha qualquer relação com algum empregado, trate de obedecer. - Ele diz voltando para a sala de estar e passando direto para outro lugar do outro lado.

- Aqui fica a sala de reuniões, agora que é empregada pessoal, você quem irá limpar esta sala. - Fala, em seguida olha para mim. - Sozinha. - Completa, eu assinto novamente com a cabeça, escutando tudo o que ele diz, atentamente.

Depois disso ele passou um pouco mais de 1h me apresentando toda a casa, me disse que eu começaria no dia seguinte. Minhas refeições seriam todos os dias pela manhã, antes de começar o trabalho, estava ótimo para mim, até sorri para ele com esta nova informação.

Fiquei curiosa com o restante das portas que ele não abriu ou me apresentou, mas tratei logo de brigar comigo mentalmente, não era da minha conta.

Ele me guiou de volta ao quarto.
- Sr Aidan, mandou limpa-lo, e trocar algumas coisas do banheiro, há uma sacola para você em cima do colchão, espero que saiba se maquiar, é algumas coisa para que você consiga esconder estes machucados, ele costuma receber visitas. - Me fala e logo fico com vergonha, era humilhante, nada era para mim, mas para ele próprio.

A I D A NOnde as histórias ganham vida. Descobre agora