- Por favor, pai! - suplico, com lágrimas nos olhos.
O Joaquim não pode nascer aqui.

- Eu vou dar um jeito, está bem? Fique quietinha! Vamos resolver isso. -ele beija o topo da minha cabeça- Jade, cuide dela, por favor.

À medida que o tempo avançava, as contrações se intensificavam, tornando-se cada vez mais fortes. Lá fora, a chuva parecia aumentar de intensidade, e, apesar dos esforços do meu pai, não havia sucesso em estabelecer contato com ninguém. O passar do tempo levou Jade a anunciar que eu deveria tentar dar à luz ali mesmo, no Refúgio, e um medo profundo tomou conta de mim. Não podia permitir que meu filho viesse ao mundo naquelas circunstâncias, não era o que eu desejava.

- Vamos, minha filha! -pede meu pai com determinação. -Meu netinho quer vir ao mundo. Não podemos evitar.

- Pai, e o Benjamin? -questiono em meio às lágrimas, preocupada com a ausência de Benjamin.

* Bônus - Benjamin *

Deixei o Rio de Janeiro às pressas assim que Lui me informou que Lumiar estava sozinha no Refúgio. Saí do Fórum, montei em minha moto e acelerei em direção ao destino. Enquanto mantinha o foco na estrada, meu peito se apertava, uma angústia iminente tomava conta de mim, como se algo estivesse prestes a acontecer. O clima mudou drasticamente, pegando-me de surpresa, e acabei encharcado pela chuva enquanto seguia adiante. Após algumas horas, estava quase chegando à entrada da cidade quando notei uma movimentação e equipes da Defesa Civil. Parei minha moto bruscamente e me aproximei, perguntando o que estava acontecendo. Informaram-me que estávamos impedidos de prosseguir.

- Droga! -Esbravejo.

Enquanto a chuva caía intensamente, meu celular tocou e eu o peguei no bolso, completamente encharcado. Olhei para o visor e vi um número desconhecido. Com certo receio, atendi e ouvi a voz aflita do Fábio do outro lado da linha. O sinal era terrível, dificultando a compreensão das suas palavras. No entanto, antes que a ligação fosse interrompida, ouvi algo que fez meu coração disparar. Fábio anunciou que o meu filho estava nascendo. O desespero tomou conta de mim diante dessa notícia tão significativa, deixando-me com uma mistura avassaladora de emoções.

- Eu preciso passar! - Gritei, enfatizando minha urgência.

- Não, você não pode passar. A estrada está cedendo e há risco de novos deslizamentos.

- Meu filho está nascendo.

- "Senhor, desculpe, mas por razões de segurança, não podemos ajudar. Peço que retorne e siga as restrições.

Sem que ninguém pudesse evitar e indo contra todas as ordens para não passar, decidi atravessar aquela barreira com minha moto e prosseguir em meu caminho o mais rápido possível, mesmo ciente dos riscos iminentes da estrada cedendo. Minha determinação superou qualquer senso de prudência, impulsionada pela urgência de chegar ao meu destino. Cada instante era crucial, e o perigo iminente parecia apenas um obstáculo temporário diante da minha determinação inabalável.
Ao chegar no Refúgio, senti um misto de gratidão e alívio. Parei minha moto, tirei o capacete e respirei profundamente, tentando acalmar os batimentos acelerados do meu coração. Com determinação, adentrei o local em busca da Lumiar. Encontrei Fabio e, ansioso, perguntei onde ela estava. Sem hesitar, ele me guiou até a Lumiar. Ao entrar no quarto, meu coração disparou ao escutar os gritos dela, que lutava com todas as suas forças para trazer nosso filho ao mundo.

- Benjamin?

Ouço sua voz, tão cheia de esforço e coragem, e me aproximo dela com cuidado. Toco seu rosto suado e, com ternura, tento ajeitar seus cabelos bagunçados. Beijo suavemente sua testa, transmitindo todo o meu amor e apoio, enquanto tento acalmá-la, garantindo que tudo ficaria bem. Com todo o amor que sinto, me posiciono atrás dela e a envolvo em meus braços, buscando proporcionar conforto e segurança.

- Traga nosso filho ao mundo, Lumiar.

- Eu não consigo...-Diz exausta.

- Vamos Lumiar! -Jade incentiva- O Joaquim precisa nascer. Força! Falta pouco!

O parto não estava sendo nada fácil; Lumiar já estava exausta e não conseguíamos progredir. Preocupado, eu não conseguia mais ficar parado e andava de um lado para o outro, aflito e nervoso. Sabia que o risco de Lumiar ter nosso filho ali aumentava com a demora para ele nascer, o que tornava tudo ainda pior. Mais uma vez, eu e Fábio tentamos buscar ajuda, mas sem sucesso. Ao retornar ao quarto, me aproximo de Jade e pergunto como ela está.

- Joaquim precisa nascer. Já se passaram muitas horas de parto, e há o risco de ele entrar em sofrimento. Além disso, a Lumiar está perdendo muito sangue e enfraquecendo.

- Merda!

- Ben...

Lumiar me chama e eu me aproximo dela, sentando ao seu lado. Ela segura firmemente minhas mãos, seus olhos cheios de lágrimas encontram os meus e, com voz trêmula, ela diz:

- Se alguma coisa acontecer...

- Nada vai acontecer, Lumiar. -afirmo com convicção.

- Me deixa falar. -ela pede, e eu a deixo -Cuida do nosso filho...Você e a Sol, por favor. -diz, interrompendo-se ao sentir uma nova contração.

- Para com isso. -peço aflito -Quem vai cuidar do nosso filho somos eu e você, ouviu?

- Você também me perdoa por tudo que eu fiz?

- -Você não fez nada. -digo, com lágrimas nos olhos- Eu não tenho nada para te perdoar. Ambos cometemos erros. Espero que tudo o que aconteceu entre nós fique no passado. Agora, meu maior desejo é construir uma nova fase juntos. -afirmo, acariciando seu rosto- Eu sei o quanto te magoei, e espero poder reverter essa situação. Mas, por enquanto, esqueça tudo e traga nosso filho ao mundo. Você é forte! -acrescento com admiração- E eu... bem, eu sou ansioso. -brinco, vendo um sorriso cansado aparecer em seu rosto- Vamos?

Continua >>>

RecomeçoWhere stories live. Discover now