O prefácio

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Em algum lugar do tempo...


    Através dos olhos de um ser desconhecido eu assisti a leveza de uma graciosa pena dourada traçar formas sobre um papel amarelado. Formas que se transformaram em letras e letras que logo se transformaram em frases. A primeira frase escrita se encontrava no centro da primeira página e, com letras concisas e decididas, proclamava um fim. O fim das nações. Aquilo fez em mim crescer uma angústia e, ao mesmo tempo, a ansiedade para descobrir enfim a verdade por trás daquele livro misterioso.

      Ainda em choque, talvez pelo medo do que acontecera na biblioteca ou simplesmente pelo receio da expectativa, ou, talvez, pelo medo do que descobriria, eu acompanhei avidamente os movimentos da pena. Sem pensar em mais nada. Sem focar em mais nada.

       Senti quando aquele corpo que não era o meu descansou e só ali notei como antes aquele ser, aquele que não era eu, estava tenso. Repousando a pena sobre um tinteiro simples, feito de metal escuro e decorado por pedras brilhantes e claras, com a tinta e o apoio para a pena. Naquele ponto, a curiosidade já crescia em mim e o foco que antes se encontrava na pena, voltou-se para todos os demais elementos daquele cenário. Como a mão clara e feminina, cujas veias mais pareciam conter estrelas, pois brilhavam com seus caminhos prateados e traçavam constelações sobre a pele, ao menos até a extensão que eu poderia enxergar. A tábula de tom claro sobre a qual mantinham-se páginas em branco, livros grossos empilhados mais ao canto, tinteiros e penas de tamanhos e formas variadas, era aquele o limite do meu raio de visão. Eu não conseguia ler os escritos nas lombadas ou capas, tudo o que eu sabia era que ali enxergava o mundo através dos olhos da autora. Eu sabia que aquele ser estava em um local escuro, porém com uma grande fonte de luz acima de si, que iluminava tudo o que havia acima da mesa.

__ Enfim você chegou, eu estava a sua espera há bastante tempo.

         Primeiro foi espanto que tomou conta de mim. Porém, depois de alguns segundos, ao perceber que nada mais poderia haver ali, compreendi que era para mim que aquele ser se dirigia. Como? Eu não sei. Mas se eram respostas que eu corria atrás, aquele parecia ser o lugar para encontrá-las.

       "Quem é você?"

        Foram as palavras não pronunciadas, emitidas por mim. Se era capaz de sentir minha presença, então era capaz de me compreender. E eu estava certa.

__ Antes de mais nada, a pergunta correta não deveria ser... quem é você?

        A mão da autora continuava a mexer-se, sem pausa, enquanto eu tentava avaliar sua resposta. Ou melhor. Seu questionamento.

         Não podia ser mais simples e vago mas, mesmo assim, por que era tão difícil encontrar uma resposta? Talvez porque nem mesmo eu saiba quem sou, essa poderia ser uma resposta, mas não me parece justa comigo mesma, com a minha história, então existe sim uma resposta.

       "Eu não sei quem sou exatamente, sei que me chamo Ayla Angel, ou, ao menos, é o nome que chamam. O restante eu estou descobrindo."

        Sinto uma singela alegria ao notar que eu respondi exatamente aquilo que eu compreendo sobre mim. Pode ser muito pouco, mas é um pouco que por mais doloroso que seja, ainda sou eu.

__ Foi uma boa resposta, Ayla Angel. — a autora soa satisfeita, talvez esteja sorrindo. — Respondendo a sua pergunta. Eu possuo muitos nomes, mas a maioria me conhece como Destino.

       Aquilo me surpreende completamente, me desestabilizando e inundando minha mente com mil questões e pensamentos. Aquela palavra que havia me perseguido durante todos os anos da minha vida, que me sufocava o tempo inteiro e me levava a acreditar que não havia outro caminho senão aquele que eu trilhava cegamente. Se era aquela criatura que era a responsável por toda a dor e sofrimento que eu vinha passando, não deveria ser para ela que meu rancor precisava se dirigir? Afinal aquela era a responsável, não era?

__ Seus pensamentos seguem um caminho próximo à realidade, porém, de nada adianta questionar-se incansavelmente, estará desperdiçando as linhas que lhe restam. Cada pagina escrita, é uma página a menos que temos. Quando as páginas acabarem, retornará à biblioteca, portanto, pulemos a etapa dos questionamentos internos, para as respostas das perguntas realmente necessárias.

       Eu não precisei de muito mais que alguns segundos para que minha mente compreende-se o significado daquilo e, quando ela o fez, eu já preparava as perguntas.

       "Porque tudo isso está acontecendo? O que há para além dos deuses, que cause tanto temor naqueles que deveriam ser os mais poderosos? Quem são os seres responsáveis por toda a destruição do meu mundo? Eu quero que me conte tudo, a verdadeira história por trás do meu universo, não aquela das fábulas conhecidas, mas a verdadeira, aquela que antecede o surgimento do Deus Sol, que não está escrita nas páginas desse livro. O que é... ou melhor... quem é o Universo?"

       O som que soou do suspiro da autora, ou melhor, Destino, foi de satisfação e de quem se preparava para contar um história longa, muito longa.

__ Pois bem, em honra a uma promessa a uma antiga amiga, eu lhe contarei tudo do início, onde tudo começou...


Oiiieee! Tudo bom???

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Oiiieee! Tudo bom???

Eu sei que o capítulo da super curtinho, mas é porque tem todo um planejamento nos próximos capítulos e esse precisava ser mais curto mesmo, afinal é, tal como diz no título, um prefácio.

Sei que sou uma alma sumida, mas me perdoem, a vida não é mais como em 2020/21, eu não tenho muito tempo livre pra escrever e sou criteriosa com tudo que escrevo. O livro vai ter um fim, isso eu garanto!

Me digam suas teorias e o que acharam, deixem sua estrelinha se gostaram e até o próximo capítulo que vai estar bombástico!

Beijinhos no cangote 😘💋
E byeee!!!

A Filha das Trevas, a Ascensão - Livro 3 Trilogia Universo (EM ANDAMENTO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora