Capítulo 03

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Daniel

Eu tava na sala terminando de copiar o texto que a tia passou, e morrendo de ansiedade pra aula acabar logo e eu poder ir ver minha mãe.

Bruno: Ô Daniel. - entrou na sala, coçando a cabeça meio sem jeito. - O diretor tá chamando tu lá na sala dele. - olhei pra ele meio sem entender.

Daniel: Será que eu fiz alguma parada errada e não tô lembrado? - brinquei, sabendo que o esculacho ia vim com tudo.

Gael: Sei não, bota a mão na consciência e tenta lembrar, se não fez nada de errado vai tranquilo, quem não deve não teme. - bateu de leve no meu ombro. - Vai lá, cara.

Me levantei e saí da sala andando devagar, mesmo tendo consciência de que eu não tinha feito nada, eu ia com o pé atrás, pq trocar ideia com o diretor é tenso.

O cara só fala, nunca escuta oque o aluno tem a dizer, isso é chatão, pô.

Assim que cheguei na porta da sala dele, bati na porta e depois empurrei a mesma devagar.

A tia Rosana tava lá, sentada em frente ao diretor e isso me fez ir nas nuvens, pq eu sabia que o assunto seria sobre minha coroa.

Daniel: Bença, tia. - abracei ela. - Como minha mãe tá? - ouvi ela suspirar alto.

Rosana: Deus abençoe. - sorriu fraco, me abraçando. - Então filho, sua mãe estava bem, mas a pouco tempo atrás ouve uma recaída... - segurou meu rosto, me fazendo olhar nos olhos dela.

Daniel: Tia, ela tá bem? Me fala, por favor. - senti meu nariz arder.

Rosana: Os médicos estão fazendo o máximo para que ela fique.

Eduardo: Eu sinto muito por tudo isso que tá acontecendo. - se pronunciou depois de algum tempo em silêncio. - Nenhum filho merece passar por isso...

Rosana: O Daniel é forte. - sorriu, entre lágrimas. - Vou levar você comigo, tu deve tá louco pra ver sua mãezinha. - concordei.

Eduardo: Caso precisarem de algo, estou a disposição. - tirou a carteira do bolso. - Toma aqui Rosana, é para um lanche no caminho e talvez uma passagem de ônibus. - pegou cinquenta reais e entregou nas mãos da tia Rosana.

Depois disso, a tia foi na sala buscar minha mochila e a gente saiu da escola.

Daniel: Ainda não tô acreditando que o Eduardo te deu cinquenta conto. - falei enquanto entrava no ônibus com ela. - O cara é mó durão com a gente, vive enchendo o saco, eu não esperava isso dele nunca.

Rosana: Ele é rígido com vocês pq precisa ser. Diretor precisa ter postura de diretor. - parei para pensar, e concordei.

O resto do caminho fomos em silêncio. Eu tava com a mente longe, enquanto observava o trajeto que o ônibus estava fazendo.

Depois de uns quarenta minutos e muitas paradas, finalmente tínhamos chegado no ponto onde íamos descer.

A tia pegou minha mão e foi me puxando entre as pessoas.

Depois que descemos do ônibus, andamos uns dez minutos a pé e chegamos no hospital onde minha rainha estava.

A tia trocou algumas palavras com a recepcionista do hospital, que entregou pra ela uns papéis e depois finalmente a gente pôde entrar pra ver minha mãe.

Assim que entramos naquele quarto branco e frio, eu senti uma parada doida invadir meu corpo, uma sensação ruim pra caralho. Mas eu ignorei e caminhei rápido até minha rainha, podendo vê-la imóvel naquela cama estreita.

Segurei a mão dela, e sorri fraco, me sentindo aliviado por estar ao lado dela.

Rosana: Quer ficar sozinho com ela? - se aproximou, me perguntando.

Daniel: Não tia, pode ficar aqui comigo. Se a senhora quiser. - falei baixo, e ela concordou se afastando.

Rosana: Tá bom, mas fique a vontade. - concordei, balançando a cabeça. -

Daniel: É mãe, me dói tanto ver a senhora nessa situação... - falei baixo. - Também me dói muito saber que eu poderia ter evitado isso. - senti as lágrimas escorrendo por minhas bochechas. - Mas saiba que quando a senhora sair daqui, ele nunca mais vai te tocar, nunca mais! Eu te prometo isso. Eu te amo tanto, sabe? Te peço de coração, não me deixe nesse mundão sozinho, eu nunca aguentaria viver sem a senhora... Nunca mesmo! Por favor, mãe, seja forte de novo, pq a senhora sempre foi. Eu não sei oque seria de mim sem a senhora... De verdade, obrigada por tudo! A senhora é a melhor pessoa que eu conheço, e a mais guerreira também. - limpei minhas lágrimas.

Escorei na minha mãe, e fiquei um bom tempo assim, sentindo o calor do corpo dela.

Me afastei do corpo dela quando senti a mesma respirar forte, então me levantei e olhei para ela, que estava com os olhos arregalados olhando pra mim.

Segurei forte as mãos dela e ouvi a mesma dizer com muita dificuldade, que me amava, enquanto fechava os olhos.

Naquele momento que eu percebi que tinha sido o último suspiro dela, o último olhar e a última vez que ela disse que me ama.

Eu fiquei paralisado, tentando processar tudo, enquanto a tia me abraçava forte, e as enfermeiras entravam apressadas no quarto.

Daniel: Eu te amo, mãe. - falei ainda olhando pra ela, e sentindo a pior sensação do mundo.

Rosana: Vem filho. - me puxou, e eu neguei.

Daniel: Me deixa aqui, tia... - pedi chorando. - Por favor, me deixa ao lado dela.

A tia Rosana não disse mais nada, apenas continuou ali comigo, me segurando e chorando junto comigo, enquanto eu sentia a pior angústia que alguém poderia sentir.

•••

Spoiler: PRÓXIMO CAPÍTULO TEM FOTO DOS PERSONAGENS!!! Quem amou?

Que tal um romance? hmm, que tal ein?

Era uma vez...Where stories live. Discover now