Capítulo 03

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Fael...


Quando recebi a ligação de Majú, eu já pressentia que algum b.o estava por vir, mas nada me preparou para a notícia de que Lyon poderia estar vivo... Porra!

A única forma de tirar as nossas dúvidas era vendo se ele estava morto mesmo, Majú surtou quando decidimos trabalhar do nosso jeito, mas era a forma mais rápida de resolver isso, essa parada de justiça demora pra caralho, tá louco... Melhor ir do meu jeito mesmo!

Eu sabia que Majú ia ter uma crise de ansiedade quando soubesse que o caixão estava vazio, FM é um vacilão, não era pra ter dado a notícia por telefone pra ela.

Conhecemos muito bem a Majú, ela é forte, determinada, mas se tratando de Lyon ela fica muito fragilizada.

Prometemos ao Lyon que cuidaríamos dela e do pequeno Leon e até hoje tem sido assim, ela não sabe, mas cada passo dela é monitorado por nós, quer dizer, por Ramon.

O carro dela tem rastreador, o celular dela também tem, o relógio que ela usa que é um presente antigo de Lyon, tem um localizador. Leon também é rastreado, a coleção de bonés do pai dele que ele usa sempre, tem rastreador, até suas roupas  também tem rastreador.

Como fiz isso sem Majú saber?

Fácil, os bonés eu entreguei a Leon quando ele fez 5 anos, todos já com os brinquedinhos escondidos, as roupas eu recebi ajuda de Kadu, era fácil já que Lorena ficava com ele pra Majú trabalhar.

— Que loucura!! Diz FM me tirando de meus pensamentos.

— Pois é... Caralho, será que ele tá vivo mesmo? Pergunto a FM sem tirar minha atenção da estrada.

— Tudo leva a crê que sim, mas fico me perguntando... O por que dele se esconder até da gente?

— Cara, eu não sei... Mas sempre achei estranho ele ter ido naquela missão sozinho. Lyon sempre foi prudente, nunca colocaria a vida dele em risco a toa. Eu vacilei, era para eu ter insistido em ir na missão com ele.

— Você sabe que não ia adiantar Fael, hoje tenho certeza que já estava tudo planejado por ele.

— Eu sei, também tenho essa certeza, mas eu poderia ter ido na escolta dele, sei lá.

— E agora, como vai ser? Vamos contar pro chefe?

— Acho melhor não contarmos para ninguém, vou falar com a Majú e o Kadu... Lembra que tudo começou depois que o chefe pediu ele para matar o Caíque? Não sei se tem alguma coisa a ver... Vou falar só com Ramon... Sigilo total.

— Outra coisa que não entendo... Por que matar Caíque? Essa conta ainda não bateu pra mim.

— Mistérios que provavelmente só teremos respostas quando acharmos o Lyon.

Chegamos no morro e já estava quase amanhecendo, eu estava cansadão, louco pra deitar em minha cama e apagar.

...

Acordo com meu rádio apitando, me levanto ainda tonto e dou uma olhada rápida no celular e já são 9:20 da manhã, atendo o rádio...

— Anda logo Fael, demora do caralho pra responder?
Ouço FM meter bronca pelo rádio.

— Calma filhão, nasceu de oito meses, porra?

— Tô meia hora te chamando nesse rádio...

— Diz logo caralho, ligou só pra encher meu saco?

— Claro que não! Bazuca quer uma reunião hoje.

— O que ele quer?

— Sei não, só sei que pediu pra você colar lá na Taj Lounge.

— Porra, já sei que tem b.o aí... Qual horário?

— 2:00 da manhã.

— Tá maneiro. Monta uma comitiva, pede pra uma galera ir na frente como um frequentador normal e Pede pra olhar tudo. Não confio em ninguém!

— Já é! Ahh já ia me esquecendo, falei com Ramon.

— Vlw... Ele disse o que?

— Ficou como a gente, sem entender nada, mas disse que vai começar logo as investigações.

...

Depois de finalizar a ligação fui para o meu banho.

Resolvi mandar mensagem para Marina e chama-la pra ir na Taj comigo, já que fica perto do apê dela.


Mensagem...

Bom dia gostosa...
Que tal um rolé com seu gato hoje?

Eu e Marina ficamos nesse chove e não molha, começamos com uma parada maneira, mas do nada nossa relação desandou, eu piranhava, não queria compromisso no começo e ela magoou, agora que quero o tal compromisso com ela, a filha da puta não quer.

Nossa relação parece ioiô, tem horas que estamos bem, tem horas que não estamos.

Chegamos ficar um bom tempo separados, mas nos reaproximamos depois da morte de Lyon, já que somos padrinhos de Leon, então sempre em datas comemorativas nos esbarrávamos.

Hoje estamos mais tranquilos, vez ou outra ela vem dormir aqui, lógico que eu pego às putas aqui do morro e ela sabe que fidelidade não é comigo, mas também sei que na pista ela me dá uns perdidos, eu não ligo, desde que eu não veja, tá suave.

Estou tomando café da manhã quando meu celular apita, mensagem recebida.

Mensagem on...

Hoje não vai rolar, vou está de plantão...

Gostar da resposta dela eu não gostei, mas sei que médico é assim mesmo, então só me resta ir sozinho mesmo.
Tomo meu banho e coloco uma bermuda cargo exército e uma blusa branca Jhon Jhon, atravesso meu fuzil nas costa, coloco minha pistola na cintura, pego a chave da minha Hornet e sigo em direção a boca, olhando tudo que acontece na comunidade, aprendi com Lyon a ser mais observador, nada pode passar despercebido, questão de segurança.

Quando Lyon morreu, quer dizer, quando Lyon sumiu, eu tive que aprender a administrar essa comunidade sozinho, vocês podem até dizer que foi fácil pra mim, já que eu era o braço direito dele, mais não foi fácil não. A parte mais difícil que é analisar tudo, pensar se vai valer a pena, se vai por a vida dos seus homens em risco ou da comunidade, era toda dele, era uma responsabilidade do caralho, eu ficava com a parte moleza.

Hoje eu mudei muito, observo mais, sou menos brincalhão, não confio em ninguém a não ser em FM, Kadu e Majú, nem no meu chefe eu confio, como confiar em alguém que você nem conhece pessoalmente?

— Vai ter arrastão hoje? Pergunta FM me tirando da viagem mental que eu estava.

— Vai sim e já tenho uma lista do que eu quero. Digo entrando na sala e me sentando em minha cadeira.

— Os moleques vão sair daqui por volta das 20 horas, vai ser coisa rápida, creio que as 22 horas eles já estejam aqui.

— Quero trabalho limpo, avisa geral. Não quero esculacho na pista, sem tiros e mortes, isso atraí os canas pra nossa comunidade.

— Já é, tô ligado... Vai ser parada limpa, mas qual é a sua lista?

FM pergunta já sentando em um sofá que tem na sala e fumando um baseado.

— Tá aqui! Entrego um papel com a lista do que preciso.

Em breve teríamos uma missão em outra comunidade e eu iria precisar de carros novos e velozes, um plano de movimentação estava sendo montado por mim, eu ia sair da comunidade de dia e quando isso acontecia uma logística braba tinha que ser montada, já que de dia as coisas eram mais complicada.

Complexo de Israel - Em busca da verdade.      Degustação Where stories live. Discover now