Capítulo três.

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Depois de alguns minutos de conversa, o garoto me convidou para entrar em sua jornada de descobrir a saída do limbo, a tal que eu achava que nunca existiu, eu concordei no mesmo momento, tudo o que eu queria era sair dali o mais rápido possível. 

— Só uma única pergunta antes de partirmos.. Qual o seu nome? - Ele indagou, com uma expressão difícil de se identificar.

— É Choi Beomgyu, e o seu? - Respondi, com curiosidade.

— Beomgyu? Esse nome me é familiar.. Enfim, eu me chamo Kang Taehyun. - Ele coçou a nuca, sem saber o que mais dizer.

— Espera.. Quantos anos você tem? 

Ao ouvir o nome do rapaz, eu senti meu coração bater mais rápido, será que eu finalmente havia encontrado o meu melhor amigo depois de três anos? 

— Eu tenho dezenove, por quê?

— Céus, eu te encontrei! Você se lembra de mim, Kang?? - Eu dei um enorme sorriso, com os olhos brilhando.

— Bem.. Você ama flores que mudam de cor? - Desconfiado, ele perguntou-me. 

— Sim! - Eu disse, já com as mãos suadas pela euforia. 

Nesse momento, um sorriso largo apareceu nos lábios do outro, que logo abraçou-me forte. Lágrimas de felicidade se formaram em meus olhos, eu mal acreditava que consegui encontrá-lo, depois de tanto tempo achando que ele nunca mais voltaria. 

— Eu senti tanto a sua falta, Beom.. 

— Eu finalmente te encontrei..

O abraço de Taehyun ficou mais forte ao que o mesmo ouviu o meu choro de alegria, e com toda a sinceridade possível, o abraço dele era o mais confortante de todos. 

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— Oi amiguinho, por que você está chorando? - Um menininho de cabelos rosa aproximou-se de mim, que chorava por ter caído durante uma brincadeira. 

— Eu caí.. Meu braço dói.. - Respondi, entre lágrimas que escorriam sobre meu rosto corado. 

— Coitadinho! Qual o seu nome? - Ele girou uma flor pequenina em sua mão, sentando-se ao meu lado. 

— É Beomgyu.. E o seu..? - Engoli o choro aos poucos, observando a linda flor que o menino segurava. 

— É Taehyun. Será que um abraço te faz ficar menos triste assim? - Ele tombou a cabeça um pouco para o lado, dando-me um lindo sorriso.

— Eu não sei, mas.. Um abraço seria muito bom.. - Eu o olhei, com os cílios um pouco grudados por causa das lágrimas. 

— Vem cá!.. Então, se sente melhor? - Ele me abraçou e sorriu. 

— Um pouquinho. Obrigado, Taehyun! - Eu retribui o sorriso banguela do garotinho, sentindo a dor no braço diminuir.

— De nada! Podemos ser amigos? 

— Uhum!"~ 

Após minutos abraçados, nós nos soltamos, secando as lágrimas que ainda não tinham secado em nosso rosto. Nossos sorrisos eram tão doces e alegres que nem sequer parecia que estávamos no limbo. Taehyun então se levanta, estendendo a mão para mim: 

— Nós iremos achar outro paraíso juntos, meu melhor amigo. 

Logo também me levantei, segurando sua mão e dando um sorriso esperançoso. 

— Sim, nós vamos! 

O tempo passou como um relâmpago. Em dias de caminhada, Taehyun e eu encontrávamos várias coisas juntos, de potinhos com vagalumes presos em árvores à até mesmo roupas semi-novas pelo chão. O limbo já não mais me assustava, eu apenas achava tediosa as cores frias do local. Ao lado de Taehyun, eu me sentia seguro.

Com a ajuda de gravetos e alguns tecidos fizemos uma espécie de "barraca" improvisada, o suficiente para nos proteger da noite tão escura quanto, estranhamente, os dias, onde quase não se adentrava frestas de luz do sol ou da lua. Diante da fogueira que tivemos a sorte de conseguir fazer, penso sobre a Terra do Nunca, até Taehyun e me entregar uma maçã que havíamos encontrado mais cedo. 

— Você se esqueceu de se alimentar pela segunda vez hoje, Beom. O que houve? - O tom de voz preocupado do rapaz me fez levantar o olhar das pequenas faíscas de fogo até os seus olhos. 

— Nada não, Tae. Eu só.. Não entendo como vivi naquela terra de fantasias e mentiras impiedosas por tanto tempo sem nada notar.. - Abaixei o meu olhar, um pouco cabisbaixo. 

— Você era só uma criança, cara. Mas relaxa, nós vamos achar um lugar melhor. - Ele levantou o meu rosto e sorriu, calmo e carinhoso. 

O meu olhar cabisbaixo fez com que Taehyun me abraçasse por um tempo, sorrindo esperançoso ao me soltar. 

— Nós vamos sair daqui, eu te prometo. 

Involuntariamente, meu coração começou a bater forte, o tom calmante da voz de Taehyun fez com que meu rosto esquentasse, e eu não entendia o porquê e nem queria entender, apenas descansando em seus braços tão consoladores. 

NeverlandWhere stories live. Discover now