Capítulo dois.

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~ " 9/11

— Ei Beom! Olha essa flor aqui!

— Uau.. Que que linda, Tae! O que ela faz??

— Ela troca de cor quando é tocada mas pétalas, veja!

— Nossa, é a flor mais linda que eu já vi.

— Ela é para você, Gyu! Eu só pensei em você quando a vi.

— Para mim? Sério?? Obrigado! Você é o melhor amigo do mundo.

— De nada! Fico muito feliz que você gostou do presente.

— Eu não tenho nada para te dar.. Desculpa por isso.

— Ei! Está tudo bem, o seu sorriso já me é um presentão! Maior que a casa das fadas!

— Você é incrível, Taehyun. Eu te amo, amigo!

— Eu também te amo, meu amigo!" ~

Abro meus olhos e suspiro, ainda não acredito que estou aqui. Lembrando-me de meu recente sonho, sorriso melancólico, sonhar com Taehyun sempre foi muito doloroso desde que ele foi embora, deixando apenas bos lembranças. Ficar somente com nossas recordações da infância às vezes era como uma estaca de madeira no coração.

Meu estômago faminto interrompe meus pensamentos, e então me pergunto, onde eu iria achar comida? Eu podia ver alguns animais passando rapidamente por entre as árvores, porém nenhum parecia vulnerável.

Com alguns galhos do chão, faço uma pequena fogueira, que para minha surpresa e conforto, não era preta e branca como o resto do ambiente. Me levanto para procurar algo que eu pudesse comer, e depois de minutos caminhando, encontro uma carcaça fresca do que parecia ser um filhote de cervo, e mesmo com dó do bichinho, pego o que sobrara dele e volto para o mesmo lugar onde eu estava antes, minha fogueira. Despedaço com cuidado as partes que ainda davam para comer e assim ponho-as para "assar". Eu sabia que aquilo não me sustentaria por muito tempo, mas era isso ou morrer de fome. 

A sede estava me matando aos poucos, meus lábios secos e pálidos imploravam por água. Eu não fazia ideia de como acharia água no meio de tanta escuridão. Um garoto, que viveu num paraíso cheio de mentiras por anos e não sabia além de brincar e sorrir, estava prestes à morrer.

 Deitado no chão gelado e úmido, meus olhos estavam a pouco de se fecharem para nunca mais se abrir, quando um barulho de passos ecoou por meus ouvidos. Alguém estava ali. Mesmo fraco, me sento e fico atento, à altura que os passos se aproximavam, juntavam-se esperanças e medo em meu ser. 

A poucos metros de distância, pude ver uma silhueta humana se aproximar, de um garoto com olhos brilhantes e cabelos da mesma cor que o céu da Terra do Nunca, assim como os de Taehyun eram. 

— Ei! Você precisa de ajuda? - Sua voz ecoou suavemente. 

— Eu.. preciso de.. água. - Respondi, sem forças. 

O garoto correu até mim, ele carregava em suas costas uma mochila surrada e pequena, essa que continha uma bolsa de água. Em desespero, pego o objeto de sua mão quando ele o direciona a mim, bebendo a água quase por inteiro. O garoto, agora sentado do meu lado, observava meus detalhes com certa atenção, como se eu fosse conhecido para ele, e bem, algo também me fez notar que o seus traços bem desenhados me eram familiares. Ele me lembra o meu melhor amigo. 

O entrego a bolsa de água quase vazia, ele sorriu gentilmente antes de guarda-la novamente na mochila e voltar o seu olhar para mim. 

— Acabei quase bebendo a água toda, me desculpe. - Eu disse em baixo tom, um pouco envergonhado. 

— Não tem problema, eu sei onde há mais água. 

Eu finalmente não estava mais sozinho naquele inferno.  Agora eu tinha um alguém. 

O garoto me lembrava muito o Taehyun, que desde a infância, era uma pessoa muito doce e amável, que sempre cuidou de mim desde o dia que nos conhecemos, e saber que eu o havia encontrado era como o reconforto que meu ser precisava naquele exato momento. Kang sempre esteve lá por mim, e o garoto parecia tão simpático e adorável quanto o meu melhor amigo era. E por mais que não fosse ele, eu pelo menos pude sentir o conforto de não estar mais sozinho, com medo de que a qualquer momento, minha aura deixasse-me o corpo. 

NeverlandWhere stories live. Discover now