002.┃CORAÇÃO

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II

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II

. CORAÇÃO .


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No quintal de sua casa, a Morte regava um dos canteiro de flores ao lado do caminho de pedras, que levava até a porta da frente da casa. A lua brilhava no céu estrelado, iluminando parte do quintal da frente com sua luz branca brilhante.

A Ceifadora observava o canteiro de flores mortas, enquanto regava as plantas com o regador que estava em suas mãos. A Morte observava as flores murchas e sem vida, ainda insistindo para que pelo menos uma delas sobrevivesse e florescesse.

E então, passos pesados se fizeram presentes no lugar quieto. 

A Ceifadora não precisou nem ao menos se virar para perceber que quem caminhava até ela era Desgraça, bastou as flores que tentavam florescer murcharem de vez, e grama verde se transformar em um cinza sem cor.

― Você sabe realmente como perder seu tempo. Cada segundo é muito importante, sabia?

A loira deixou o regador no chão ao seu lado, e pela primeira vez no dia, direcionou seu olhar à Desgraça. Ele sabia o quanto fazer aquelas flores florescerem era importante para a Morte.

― Não me olhou o dia todo. Só vai olhar pra mim se eu começar uma discussão, é? ― Perguntou com um sorriso provocativo, se aproximando da Ceifadora ― O tempo tá passando. Pra que ficar horas e horas nesse jardim, sendo que há cidades e países inteiros mais interessantes que essas flores comuns?

― Não flores comuns... São as minhas flores. As flores da Dona Morte.

― E é por isso que elas não florescem! ― O homem exclamou ― Eu lhe digo isso à séculos, décadas... E você nunca escuta. Por que tem tanta esperança nessas flores? Por que não aceita que você é a Morte e nunca nada mudará isso?

― Por que eu tenho esperança. Não quero acreditar que eu sou destinada a levar apenas noticias ruins às pessoas! Você aceitou que é a Desgraça quando procurou a humana?! ― Devolveu a pergunta, não obtendo resposta ― ... Já sabe o que vai acontecer comigo se o apocalipse ocorrer?

― E é por isso que eu estou dizendo que você está perdendo tempo nesse jardim! ... ― O homem tentou argumentar, e foi interrompido pela Ceifadora.

― Então sabia... ― A mulher concluiu sozinha ― Sabia que eu iria parar de existir! ― Desgraça tentou responde-la, mas foi impedido pela mesma ― Fez isso de propósito? Tem tanto ódio de mim assim, apenas por ter pedido para ela te criar? ― A loira não obteve resposta novamente, e apenas observou a pequena luminária de jardim começar a piscar durante alguns segundos ― Saía do meu jardim, conseguiu matar até mesmo as borboletas...

― Não se engane... ― Desgraça a interrompeu ― Matar não é o meu trabalho ― O homem deu de ombros, seguindo seu caminho.

― Deus tá certo... As suas palavras machucam, elas são cruéis ― A mulher o respondeu em um tom frio, encarando as costas do homem que andava para fora de seu jardim.

― Como elas poderiam te machucar? ― Questionou provocativo, sessando seus passos por um minuto ― ... Você nem ao menos tem um coração.


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Já era mais de meia noite, Morte estava sentada em frente ao espelho de sua penteadeira, em seu quarto. Ela passava a escova de cabelos em seus fios loiros, enquanto encarava seus próprios olhos escuros no espelho, perdida em seus próprios pensamentos e nas vozes que ecoavam em sua cabeça durante séculos.

" ― Você nem ao menos tem um coração " A frase de Desgraça ecoava em sua cabeça.

― Eu ao menos tenho um coração? ―Chegou a questionar a si própria, encarando à si mesmo no espelho, largou a escova sobre a madeira da penteadeira e se levantou.

A Ceifadora saiu de seu quarto, desceu as escadas e andou até o porão da casa. O lugar era extremamente limpo e com móveis de luxo, junto a um bar cheio de bebidas importadas. A moça andou até uma porta mais afastada; seu roupão branco fazia destaque no piso reluzente preto, com detalhes em dourado, do chão.

Quando Morte abriu a porta dupla de madeira, quadros com representações demoníacas e medonhas suas eram penduradas no grande corredor em sua frente.

Era o que a Morte representava... Desespero, tristeza, luto. Tudo que imaginar... Até mesmo o próprio inferno.

Era isso!  Uma ideia brilhou em seu rosto cansado, se sua representação era a tristeza e a íra... Se a morte não existisse mais... Tudo seria mais feliz? Ela era a culpa da melancolia das pessoas?

A resposta era "sim" ... Na cabeça dela...


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★꙳⭑ 사랑의 표시  . 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐒𝐈𝐆𝐍꙳ .. ✩ !!Where stories live. Discover now