Não gostava de quando o elogiavam, pois sabia que era tudo mentira. E quando isso acontecia, ele discordava de tudo, dizendo tudo ao contrário. Mas quando outras pessoas faziam comentários negativos sobre ele — por mais que não fossem nada intencionais — ele era o primeiro a se levantar e concordar.

Mesmo que ele mudasse o cabelo, comprasse roupas legais para vestir, perdesse bastante peso ou fizesse qualquer outra coisa para mudar sua aparência, aquele sentimento de vazio e insuficiência ainda existiriam ali, preso em seu peito.

Quando o sinal finalmente tocou para a troca de professores, todos saíram da sala e se encaminharam para fora. O loirinho fez o mesmo, sentando-se em algumas das diversas cadeiras que haviam ali no segundo andar de cima junto de alguns colegas. Outros alunos também saiam de suas salas, provavelmente para suprirem suas necessidades antes do próximo professor entrar e dar aula. Porém outros, apenas conversavam pelos corredores e mexiam em seus celulares.

Jimin fazia o mesmo, sentado naquele banco com alguns colegas de classe, lia pelo celular uma história que tinha num aplicativo que sempre usava.

Mas parece que toda a concentração na leitura fora em vão.

Pois os pensamentos ainda continuavam ali, e com mais intensidade. Para ser bem sincero, eles nunca haviam ido embora. E aquilo incomodava o loirinho ao extremo, porque ele não conseguia se concentrar em algo que parecia tão simples pelo fato de estar com os diversos pensamentos negativos sobre sua aparência rondando em sua cabeça.

Ele então desligou o aparelho e o colocou no bolso da calça novamente, desistindo totalmente de tentar ler algo. Suspirou fundo, olhando para os vários alunos que estavam ali, conversando.

Todos ao seu redor pareciam tão contentes. Tão bem consigo mesmo, tão confiantes de suas aparências, tão leves e seguros de qualquer coisa que fizessem.

Park sentia inveja.

Sentia inveja porque nunca se sentiu como eles, nunca esteve bem consigo mesmo e muito menos chegou a se amar alguma vez. Aquilo o chateava tanto que sentia vontade de chorar até que seus olhos explodissem e saltassem para fora de seu crânio.

— O professor de matemática faltou?! — Jihoon, que era da mesma sala que Jimin, perguntava para Sana, uma de suas amigas que era de outra série.

— Sim! Vamos até sair mais cedo, já que o último tempo era com ele.— ela explicou, o que rapidamente fez com que o garoto soltasse um "yes!" em forma de comemoração.

— Então se é assim, o que acham da gente descer para o pátio e jogar uno lá em baixo? — ele se voltou para os amigos de sua sala, esperando por uma resposta.

E é claro que todos concordaram.

— Seungkwan, podemos pegar seu uno para jogarmos lá embaixo? — Yeji, amiga de Jimin e a mais engraçada e encantadora da sala, chamou a atenção do outro que passava por ali.

— Ih... acabei de lembrar e acho que as cartas estão molhadas.— ele se recordou da forte chuva que pegou na tarde passada enquanto voltava para casa.— Mas podem pegar! Eu também quero jogar.

— Aí! Obrigada, lindo! Você é um querido mesmo.— ela sorriu, indo até a sala e buscando as cartas. E quando fora outra vez, já com o brinquedo em mãos, chamou os demais para descerem até o pátio. Não se esquecendo de Jimin, este que parecia focado em seus pensamentos.— Jiminnie, vamos para o pátio com a gente!

O loirinho escutou a voz sempre tão doce e educada, e assim a acompanhou.

Já embaixo da árvore do pátio, sentado sobre á mesa com os colegas em volta e os baralhos espalhados em cada mão de quem se reunia para jogar, iniciavam a brincadeira.

A Esperança Em Seus Olhos.Where stories live. Discover now