4 capítulo

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Andava ao lado do meu amigo que iluminava o caminho com uma candeeiro, levávamos algumas cobertas para não passamos frio.

- Você ficou fazendo o que de manhã? - Lucca perguntou olhando o chão onde pisava.

- Fiquei dormindo - Murmurei olhando para minhas mãos, não diria a ele que fui até a casa da mulher e falei com ela.

Entramos e Lucca conseguiu pendurar o candeeiro no teto, com alguns fios que tinham para fora, nos deitamos um ao lado do outro e ficamos em silêncio.

- Eu ainda não estou com sono - Sussurrou se virando de frente para mim.

- Também não estou - Coloquei as mãos em
baixo da cabeça e suspirei - Vamos lá para fora olhar as estrelas. Ele assentiu e seguimos para o lado de fora, não levamos o candeeiro para ficar só a luz da lua.

-Eu olho para as estrelas e imagino quantas pessoas estão morrendo agora na guerra - Murmurou olhando o céu.

Não falei nada ele sabia que pensava a mesma coisa, ficamos tanto tempo juntos que as vezes sabemos o que o outro está pensando só olhando para seu rosto, uma luz um pouco longe me chamou atenção, empurrei o ombro do meu amigo e apontei o local.

- Quer ir lá para ver o que é? - Perguntou já se levantando, me estendeu a mão e levantei com sua ajuda.

Seguimos aquela luz e cada vez foi ficando mais forte e ouvimos alguns gritos, nos escondemos atrás de uma árvore e olhamos para ver o que era. Tinha um homem em cima de uma garota tentando tirar sua roupa, rapidamente eu e meu amigo pegamos algumas pedras e galhos de árvores e corremos em direção ao homem, jogamos as pedras chamando a atenção dele e nos preparamos quando ele começou vir em nossa direção.

- Saiam daqui - Ele apontou para longe e ignoramos nos mantendo na mesma posição.

- Por favor! Me ajudem - A garota gritou e se encolheu no chão. Pulamos em cima do homem o derrubando no chão e começamos a bater nele com os galhos de árvore. Me assustei quando a garota bateu com uma pedra na cabeça dele, logo o sangue começou a escorrer.

- Ele está morto? - Perguntei assustada para Lucca, que estava com os olhos arregalados.

- Eu acho que sim, mas ele mereceu né? - Assenti com a cabeça, em dúvida. - Você está bem? - Perguntou para a garota que olhava o estado do homem.

- Melhor impossível - Precionei os lábios e sai de perto do corpo no chão.

- Obrigada! Já vou indo - Ela se levantou pegou o candeeiro que estava jogado no chão e entrou na floresta. Franzi o cenho sem entender, olhando a luz sumindo entre as árvores.

- O que vamos fazer com ele - Lucca levantou-se também é ficamos olhando o homem.

- Vamos deixar aí, não fizemos nada, só defendemos a garota - Me virei seguindo de volta para o trem sendo seguida por Lucca. Me sentia apavorada e imagens do corpo passeavam por minha mente a todo momento.

Só o silêncio era ouvido quando deitamos, sabia que ele ainda estava pensando no homem, não tínhamos certeza que ele estava morto, mas sabia que Lucca se sentia culpado mesmo tendo ajudado a garota, em meios ao pensamento aí em um sono profundo.

Acordei com frio e olhei pela janela, ainda era muito tarde, demoraria para amanhecer, franzi o cenho não vendo meu amigo e sai do trem olhei em volta e pelo pouco que via ele não estava por ali, segui em direção onde tínhamos deixado o homem e ele não estava mais lá só o sangue e alguns matos remexidos, percebi que tinha uma trilha de sangue então segui por lá, andei um pouco e logo avistei meu amigo cavando uma cova para o corpo que estava ao lado.

- Onde arrumou essa pá? - Olhei e tinha outra ao lado do corpo, peguei a mesma e comecei a ajudar ele a cavar.

- Fui na casa daquela senhora, e ao lado da casa tinha algumas dessas - Murmurou - Depois de terminar irei devolver - Assenti e continuamos a cavar até esta de um tamanho considerável. Empurramos o corpo para dentro da cova e logo enterramos, seguimos para devolver a pá, ele ainda estava quieto deveria estar pensando em tudo.

- Não estou me sentindo culpado - Falou olhando para seus pés enquanto caminhava. - Ele não era uma boa pessoa, mereceu o que aconteceu só estava pensando que se tivéssemos chegado mais tarde, ele provavelmente iria usar ela. Eu não entendo, como uma pessoa pode achar legal abusar de outra e depois segui a vida normalmente como se não tivesse acabado com a de outra pessoa - Ele gesticulava com as mãos enquanto falava, fiquei calada esperando ele desabafar - Acho que ele deveria ter sofrido mais, ele deve ter feito o mesmo com várias outra garotas e ninguém fez nada. - Passou pela cerca e ficou me olhando do outro lado. - Você sente o mesmo? - Sua pergunta saiu baixa, talvez com receio de minha resposta ser negativa.

- Sim - Passei por ela também e apertei seu ombro, olhei para casa e meu coração acelerou, deixamos elas lá e voltamos para nosso trem na intenção de tentar dormir. Devido a todo esforço, logo apagamos.

(...)

Lucca insistiu em ir limpar o sangue, perguntei se ele queria ajuda e gentilmente negou então enquanto ele limpava, resolvi ir até a casa da mulher só para olhar um pouco. Me apoiei na cerca e fiquei olhando para a casa, sorri quando a porta se abriu e ela apareceu na porta, a mulher ficou me olhando então acenei para ela, mesmo não retribuindo meu cumprimento não fiquei chateada nem tinha motivo para ficar já que novamente estava ali quando ela disse para não aparecer mais lá.

- Lembro de mandar você não aparecer mais aqui! - Sorri, sua voz era bonita.

Passei pela cerca e me aproximei, não ficando tão perto, vai que ela tenta me matar.

- Você parece sozinha, e todo mundo precisa de amigos - Murmurei dando de ombros, essa não era a verdade, mas não ia dizer que queria ficar olhando para ela.

- Eu não preciso, vá embora criança - Espremi os olhos e sorri.

- Não sou criança, já tenho dezesseis anos - Murmurei Olhando sua roupa, era uma saia branca e uma blusa de botões também branca e tinha um cinto marrom passando em sua cintura. - Como é seu nome? - Ela revirou os olhos e espremia os lábios.

- Você é bem atrevida, invade minha propriedade e ainda quer fazer amizade - Dei de ombros e concordei com a cabeça, ela soltou uma risada e sorri olhando seu rosto. - Não tenho tempo criança, preciso sair. Fechou a porta e foi em direção ao seu carro, segui atrás dela e parei perto do seu carro.

- É um belo carro - Murmurei olhando ela entrar no veículo. Ela sorriu e saiu dirigindo, segui atrás para abrir o grande portão para o carro passar, ela ficou me olhando enquanto eu abria para ela passar. Parou ao meu lado e sorriu.

- Obrigada, criança - Seguiu com o carro logo sumindo de vista.

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