2 capítulo

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Já tinha tomado banho, agora estava sentada na sala tentando ler um livro, mas não consegui me concentrar com todos os meus irmãos falando sem parar.

- Pegou muitos coelhos hoje Pierre? - Meu pai perguntou parando a conversa entre todos.

- Ele pegando coelho? Essa menininha não sabe nem manusear uma arma direito! - Um dos meus irmãos falou com deboche.

- Landen, cale a boca e deixe seu irmão falar. - Meu pai resmungou com uma voz séria.

- Bom, pegamos alguns coelhos - Murmurei
abaixando a cabeça.

- É onde está esses coelhos homenzinho? -

Novamente Landen falou com deboche. - Soltamos eles no mato - Olhei para meu pai
que suspirou negando com a cabeça.

-Não sei onde errei com esse garoto! -Falou com decepção, era muito comum ver meu pai decepcionado com alguma atitude minha.

- Errou em ter deixado ele nascer - Lincoln, meu irmão mais velho susurrou, mas foi alto o suficiente para eu conseguir ouvir.

Abaixei meus olhos para o livro que segurava e senti uma imensa vontade de chorar, mas sei que se caisse em lágrimas agora seria mais um motivo para ser zoada por meus irmãos.

- Venham! o jantar está na mesa - Minha mãe que sempre vivia cansada apareceu na porta nos chamando. Apesar de termos uma senhora que sempre arrumava a casa, minha mãe se negava a deixar ela fazer qualquer refeição para nós, eu não entendia ela sempre estava cansada mas sempre queria estar fazendo alguma coisa.

Seguimos para a sala de jantar sentando todos em seu devido lugar.

-Venha meu amor, está mais cansada que o normal hoje - Apesar de meu pai ser um bruto com os filhos, era um perfeito cavalheiro com minha mãe, nunca tratou ela mal.

Comia em silêncio só ouvindo a conversa na mesa, normalmente eu terminava primeiro para não me sentir tão excluída e hoje não foi diferente quando terminei pedi licença e me retirei da mesa. No começo eu até tentava entrar na conversa, mas quando não era ignorada falava alguma coisa que me fazia ser zoada, então desisti de tentar ser inclusa na conversa e só ouvia.

Passei pela sala pegando o livro que estava lendo e subí para meu quarto, deitei na cama e abracei meu livro era nessas horas que a solidão me invadia completamente, em casa nunca tinha ninguém para conversar e nessas horas meus únicos amigos eram alguns livros um caderno para desenho e um urso que ganhei do Lucca. Ninguém sabia da existência desse urso, até porque não seria louca de sair mostrando para meus irmãos e meus pais, com certeza seria mais um motivo para levar uma surra do meu pai, sinceramente as vezes achava que meu pai me batia quando estava com tédio o que ocorria quase todo dia.

Abri a janela do meu quarto e fiquei olhando para o céu, era um ótimo passatempo para algumas pessoas, mas para mim isso só trazia mais tristeza, imaginava quantas pessoas há no mundo e o que elas estariam fazendo agora, se estavam rindo, chorando, brincando.

Desviei meus olhos para a grande imensidão de casas, era uma vista bonita com a luz da lua. Resolvi que já era hora de dormir, então fechei a janela e me deitei na cama logo apagando.

Acordei com um barulho na porta, provavelmente seria um dos meus irmãos querendo me zoar, mas para minha surpresa era meu pai.

- Hoje iremos caçar coelhos e não soltaremos como faz com seu amigo - Falou e mostrou as duas armas de caça - Vista uma roupa apropriada, para passar o dia como um verdadeiro homem.

Assenti e fechei a porta, depois de algum tempo já estava devidamente pronta, desci vendo meu pai já na porta me esperando, saímos e fomos andando até uma pequena floresta que era bem comum para caçar coelhos.

- Essa arma é ótima, chegou um dias desses - Me entregou um arma idêntica a dele - Essa é uma Karabiner 98k - Era pesada e não sabia pegar direito naquilo.

- Ela é pesada - Murmurei baixinho.

Meu pai me ajudou a apoiá-la corretamente e me mostrou alguns coelhos, mas como diria a ele que não queria matar nenhum animal, me assustei quando escutei o barulho saindo da sua arma.

- Vamos sua vez, mata aquele - Apontou para um coelho que estava próximo, eu neguei com a cabeça e soltei a arma no chão. - O que está fazendo Pierre? Pegue essa arma e mate aquele bicho.

- Eu não posso, não quero matar ele. - Murmurei sentindo vontade de chorar, ele agarrou no meu braço apertando e novamente colocando a arma posicionada no meu ombro.

- Não seja o desgosto da família, faça alguma coisa que preste uma única vez na sua vida - Sua voz tinha raiva e eu sabia que iria apanhar a qualquer momento.

- Eu.. E.. Eu não consigo - Falei já sentindo minhas lágrimas descendo por meu rosto, ele me soltou forte demais fazendo meu corpo e de encontro ao chão ia me levantar quando senti um chute ser desferido no meu estômago.

É assim começou mais uma das surras que ele sempre me dava, suas mãos puxaram minha roupa me fazendo levantar, mas logo fui ao chão novamente quando ele me acertou um soco no rosto, senti mais alguns chutes e socos, mas apaguei quando senti uma grande pancada na cabeça.

Abri os olhos vendo que ainda estava no
mesmo local, só que sozinha agora, tentei
levantar mais a dor em meu corpo era mais forte que minha vontade de ficar em pé, olhei para meu corpo e vi que tinha um pouco de sangue na minha roupa, o que significa que ele continuou me batendo depois que desmaiei isso explica também a dor insuportável que estava sentindo. Respirei fundo e consegui me levantar, ainda não voltaria para casa sei que meu pai ainda estar com raiva e provavelmente voltaria a me bater só que com a ajuda dos meus irmãos, é eles todos já me bateram era como eles mostravam seu amor por mim, fui caminhando para o lugar que sabia que era seguro.

- Meu Deus Priscila - Olhei para cima e vi meu amigo Lucca com uma cara de espantado me olhando, olhei em volta e vi que já estava perto dos trilhos - O que aconteceu? Seu pai te bateu de novo? - Veio em minha direção e me pegou nos braços me levando para o trem.

- Ele me levou para caçar coelhos, mas não consegui matar e acabei chorando - Suspirei quando ele colocou meu corpo no assento do trem. Não fiquei muito tempo acordada logo apaguei novamente.

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