Capítulo 17 (2ª Temporada)

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Gaspar ficara bastante impressionado com a simpatia e a capacidade de bondade daquele homem que esbarrou com ele na rua lhe dando um emprego que ele passou o percurso inteiro refletindo sobre, questionando se ele era realmente capaz de merecer toda essa compaixão de um simples estranho. E realmente ele não seria capaz quando descobrisse o que Gaspar foi no passado.

E quando logo tratou de espantar o passado que estava lhe dominando a mente, Gaspar suspirou e olhou para a mureta do túnel onde o ônibus estava passando, querendo despertar de uma vez do que ele considera um pesadelo em looping. Que mesmo ter enterrado o seu pai, dando a ele a oportunidade de estar no descanso eterno, ainda sabe que Bruna e Camilo podem retornar querendo se vingar de Gaspar, pois a mente perturbada de ambos não conseguem assimilar que ambos estão errados.

E um pouco mais de meia hora depois de ter chegado no seu destino, ele parou em frente ao seu prédio, pegando a sua chave no bolso da sua calça jeans, logo sendo parado por uma senhora gordinha que o cutucou nos ombros e um sorriso simpático no rosto. Ele se lembra de ter visto ela pelo apartamento - mais especificamente no saguão, conversando com uma mulher que tinha um cachorrinho Shit-zu na coleira, resmungando que o elevador estava quebrado - e estava mesmo.

- Ah, você mora aqui no prédio - ela disse.

- Sim.

Ela aproximou o rosto dele, como se estivesse segredando algo, um pouco nervosa e em dúvida se diz ou não. E certamente Gaspar percebera que tinha algo de errado e seu coração acelerou um pouco.

- O seu namorado chegou aqui, parecendo bem alegrinho - contou. - Ele veio acompanhado de um moço todo arrebentado, coitado, em uma cadeira de rodas. Você sabe o que ouve?

Gaspar estava raciocinando aquela informação ainda, sem acreditar que o seu marido trouxe o melhor amigo dele para ficar na casa deles.

Agora só falto botar ele para dormir com a gente, pensou Gaspar, venenoso.

- É o amigo dele que tinha sofrido um acidente muito feio, senhora - contou. - Ele ficou bem mal com tudo o que aconteceu, pois o meu marido e ele eram grandes amigos.

A senhora fez uma expressão apavorada de "ah, coitadinho dele", e Gaspar apenas sorriu de despedida e foi para o elevador muito puto, entrando e prendendo as lágrimas, que ele diz sempre para si mesmo que nunca será despejada por ninguém, ou pode ser apenas um exagero dele em sentir ciúmes do amigo de Diogo.

Quando ele abriu a porta e viu que Diogo e o seu amigo conversavam bem animados sobre o último jogo de futebol, Gaspar passou os olhos de um para o outro, revirou os olhos e saiu andando, passando pelo corredor e entrando no quarto, arrancando a camisa que tinha colocado para ir até a rua encontrar um emprego e uma mais fresca - uma camiseta branca - para ficar em casa, ignorando completamente Diogo assim que o mesmo se apoiara na soleira da porta, austero.

Gaspar sentia que algo estava muito errado, e de como os dois brigariam feio por conta daquele assunto, pois ele tinha achado que estava completamente acabado. E ele só teve essa confirmação quando Diogo fechou a porta com um pouco de força, sobressaltando Gaspar que não gostara nada disso.

Ele não estava sabendo lidar com o fato do Diogo está sendo um tanto quanto agressivo com ele, agora que deve estar tudo bem entre eles pelo o que passaram juntos.

- Como assim você passou direto, não disse nada e nem um oi?

Gaspar tirou a calça jeans e se sentou na cama para ajudar a tirar.

- Foi bem melhor assim para não ter nem um pouco de constrangimento.

- Quem ficou constrangido nessa porra, caralho? - perguntou ele, sacudindo as mãos viradas como quem está clamando os céus, olhando para o teto sem a menor paciência.

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