Mutantes, História Não Contada

capítulo 5

Era tarde da noite em uma delegacia do outro lado da cidade, bem longe de onde Jhonny estava, Victor dormia depois de um dia longo de interrogatórios sobre um mutante desaparecido, o suspeito havia sido liberado e precisavam de mais provas, provavelmente o garoto havia sido morto mas ainda tinha esperança. Victor era um mutante, tinha cascos e chifres de bode, e vivia tranquilamente no bairro onde morava, tinha um trabalho estável mesmo que perigoso e por ser detetive ninguém realmente tentava o incomodar. Ele vivia normalmente a base de miojo e café, passando noites e noites acordado investigando algum desaparecimento ou roubo, por sorte Victor tinha mãos funcionais, o que seu namorado Bruno não tinha, Bruno nasceu com cascos tanto onde deviam ser as mãos quanto onde deviam ser os pés, Victor achava Bruno um burrinho adorável e adorava deixar isso claro para Bruno, principalmente quando o irritava muito.

Bruno trabalhava em uma vinícola, amassando as uvas com os cascos, o que até facilitava o trabalho, ele tinha bastante problema em abrir portas, tanto que na sua casa haviam mecanismos mais fáceis pra abrir as portas, nada de maçanetas apenas botões grandes e fáceis de apertar. Bruno já sofreu muito enquanto convivia com humanos preconceituosos, nunca recebeu tanto quanto um humano mas pelo menos podia pagar as contas, e conhecer Victor que era um detetive realmente facilitava um pouco sua vida. Sempre tinham alguma discussão envolvendo a bagunça que Victor fazia, como em qualquer relacionamento eles tinham algumas discordâncias, mas nada muito sério, com pouquíssimas brigas de verdade.

Enquanto Victor dormia no sofá da delegacia, Bruno tentava em vão entrar para deixar a marmita que havia preparado com tanto amor pro Victor. Mas já que Bruno não tinha mãos e os cascos seguravam muito pouco não tinha muito a ser feito, a não ser carregar tudo em bolsas e sacolas, ou até mesmo na boca. Suas orelhinhas ficavam agitadas se movendo de um lado para o outro junto com a cauda, estava impaciente, Victor prometeu que iria abrir pra ele quando ele chegasse na delegacia.

- Victor eu cheguei. - Bruno chamou e não houve resposta. - Victor abre aqui! - Bruno chamou novamente, dessa vez um pouco mais alto. - VICTOR! - Bruno gritou já impaciente e ouviu alguém caindo no chão e o barulho de cascos batendo no chão apressadamente, logo viu Victor correndo com a chave. - Finalmente seu babaca!

- Desculpa amor eu caí no sono, foi mal. - Victor se desculpou enquanto abria a porta para Bruno que não conseguia tirar a maçaneta.

- Da próxima vez eu te deixo passar fome seu idiota! - Bruno exclamou em tom de brincadeira, estava visivelmente envergonhado de ficar trancado do lado de fora, mas não conseguia ficar bravo muito tempo sabendo que Victor trabalhava dia e noite.

Victor pegava a marmita apressadamente, estava faminto. - Valeu isso tá parecendo muito bom! - Victor da um beijinho em Bruno e coloca a marmita em sua mesa. - quer entrar um pouco?

- Não precisa não. - Bruno da um sorrisinho alegre. - E aí finalmente achou aquele garoto?

O semblante de Victor muda assim que ouve a pergunta. - Ainda não ... O suspeito não falou nada no interrogatório... Mas eu tenho certeza que é ele!

- Eu sei não precisa me explicar. - Bruno começa a sair mas logo volta correndo e da um beijo no Victor. - Te amo, tenha um bom trabalho! - Bruno sai correndo, os sons de seus cascos batendo no chão podiam ser ouvidos conforme ele descia a escada.

Assim que Bruno vai embora Victor tranca a porta, e vai comer a marmita que Bruno fez, estava quente, Bruno provavelmente saiu correndo assim que terminou de cozinhar e levou até a delegacia. A comida de Bruno era boa mesmo com a dificuldade dele de cozinhar. Victor come enquanto revisava o caso do desaparecimento de Jhonny, nenhum policial humano quis ajudar no caso, os braços e pernas de Jhonny haviam sido encontrados em uma lixeira por moradores de rua, que chamaram a polícia. O caso teria sido abandonado se não fosse pelo corpo de Jhonny se regenerar com muita facilidade, o que mostraria que o garoto está vivo em algum lugar. E já que muitos crimes de ódio são feitos contra os mutantes Victor quis o caso, já que ele mesmo era um mutante. Seu chefe foi abertamente contra, mas Victor não se importou, o que fez com que ele não tivesse nenhuma ajuda dos outros detetives da sua delegacia, tudo o que se sabia sobre o caso de Jhonny era que ele havia sido torturado pelo chefe, que foi encontrado morto em um acidente de carro, com um caminhão derrubado no chão, o container estava aberto e o sangue de Jhonny foi encontrado, junto das digitais de um homem chamado Igor que foi preso e interrogado, mas sem provas ele foi liberado pelo delegado. Se Victor quiser provar a culpa de Igor, ele precisaria achar Jhonny.

Victor começou a ver os vídeos das câmeras de segurança próximas, algumas delas tinham cortes na hora do crime, o que as tornariam inúteis se não fosse por Jhonny indo até o apartamento de Igor. E sendo visto voltando pro galpão por uma das câmeras de trânsito, e Victor logo pediu um mandado pro juiz, para investigar o apartamento de Igor. Logo se levantando e arrumando seus arquivos, assim que arrumou ele saiu da delegacia, indo pro seu apartamento, era um apartamento barato, não muito longe da delegacia, não tinha uma porta adaptada para Bruno entrar, por facilitar roubos e invasões, quando Bruno quisesse entrar teria que esperar o próprio Victor abrir para ele, o que Bruno já reclamou diversas vezes, mas compreendia o lado de Victor, ele não ganhava muito e não poderia arcar com as consequências de ser roubado por uma porta modificada dar fácil acesso a sua casa, mesmo assim ainda era discutido sobre ter ou não portas adaptadas dentro da casa, ou a retirada das portas, já que Bruno não conseguia abri-las com a mesma facilidade que Victor. Mas normalmente a discussão acabava quando Victor lembrava ao Bruno de que não tinha a senha da casa dele.