Brigas

6.9K 494 35
                                    

Era o último dia, infelizmente. Estava terminando a pesquisa para o meu trabalho de geografia e isso estava me deixando irritada. Em geral seria ao contrário. Eu ficaria aliviada ao concluir um trabalho, mas era diferente. Meus sábados de antes compreendiam em poucas coisas, a maioria monótona. Voltaria a ser assim.

- Vou sair para buscar um copo de água. Quer alguma coisa? - falei com Miguel. Vicky estava em outro local do prédio, fazendo "curso". Posteriormente descobri que era ali onde eles tomavam o tal "curso", que na verdade eram aulas que incluíam finança e relações internacionais preparando-os para futuramente administrar o banco. Márcia Agostini deveria ter um complexo ou coisa parecida.

- Não, não.

O propósito não era, na verdade, buscar água. Eu iria descer para ver se encontrava meu pai no prédio. Torcia para não encontrar Alessandra no caminho, embora houvesse exatos três dias desde a última vez que a vi. Desde então, quando eu acordava, ela já tinha saído em seu próprio carro e quando ela chegava eu estava dormindo. Era possível que ela nem tivesse tocado os pés em casa nesses últimos três dias.

Entrei no elevador. Hesitei antes de apertar o botão, no ultimo instante meu dedo passou do décimo terceiro para o décimo andar. Rapidamente cheguei ao meu destino. De fato, ali era um pouco mais movimentado. Algumas mesinhas dispostas aleatoriamente, o ar condicionado gélido, a recepcionista falando rápido ao telefone. Uma pequenina placa a cima indicava "Departamento de Publicidade". A intenção era ir ao departamento de relações onde meu pai trabalhava, então a desculpa de errar o andar por um momento me confortou. Quem trabalhava ali não era meu pai e sim Alessandra.

Me aproximei na recepcionista que tinha acabado de desligar o telefone.

- Com licença.

- Sim, senhorita. - Uma moça de aspecto gentil falou.

- Eu... - hesitei um instante antes de continuar - Gostaria de ver a Alessandra Rodrigues, trabalha neste departamento.

- Me desculpe, mas recebo ordens de não autorizar ninguém a entrar que não esteja na agenda. A senhorita marcou horário? - Eu estava prestes a perguntar se era uma piada, mas desisti.

- Não. Eu sou filha dela, preciso falar urgentemente. - Não sabia o que estava fazendo e não parei para pensar no assunto.

-Tem certeza? - A mulher perguntou erguendo a sobrancelha. Como se eu estivesse confundindo uma caneta minha com uma caneta parecida. Patético.

- Acho que sei quem é minha mãe - disse sarcasticamente.

- Um minuto. - A mulher pegou o telefone e discou três dígitos. Um segundo depois falou. - Senhora Alessandra? Desculpe incomodá-la, mas há uma garotinha aqui querendo falar com a senhora. - Ela pausou. - Eu sei, mas disse que é urgente. - Uma pausa mais longa. - O.K. - disse e em seguida desligou.

- A senhora Alessandra disse que não está esperando ninguém... E eu nunca soube dela ter uma filha. Será que não se confundiu? - Minha boca se abriu em choque.

- Tenho certeza que não me confundi, pode dizer a senhora Alessandra que a filha dela Eliza Paiva Rodrigues quer vê-la. - falei com ferocidade.

- Mas senhorita...

- Ficarei aqui até quando for necessário.

A mulher suspirou e tornou a discar o telefone.

- Senhora Alessandra? Me desculpe, outra vez, mas a mocinha insiste. Diz que seu nome é Eliza Paiva Rodrigues. - Ela pausou e assentiu consigo mesma. - Certo.

O irmão de minha irmãOnde as histórias ganham vida. Descobre agora