A Safe Place

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Autora Pov.On

Ben se surpreendeu com aquilo e até  arrancou uma risada dele, oque não era muito incomum, ela sempre o fazia rir independente de qualquer situação

- Eu não sou teimoso...

- É sim, bem teimoso, mas eu não posso falar nada... • Sarah soltou seus cabelos que estavam presos num penteado desengonçado, fazendo ele reparar como estava também mais escuros e levemente ondulados • - nisso você puxou a mamãe

Ele engoliu seco, seus olhos não conseguiam olhar para os dela, suas mãos tremiam e suavam frio

Era estranho na verdade

Ela estava ali na sua frente, literalmente na sua frente, ele sabia que era ela, tinha visto que era ela, mas a ficha parecia não cair

Tanta culpa, tanta culpa... tanto anos simplesmente se negando a ir no túmulo dela por achar que não era bem vindo, engolindo no seco todas as palavras que queria dizer a ela quando sentia saudades, tantos apuros onde ele se encolheu num canto do quarto chorando desesperado mas sempre em silêncio

Todas essas vezes ele estava sozinho, estava inseguro, com medo, o medo que não podia demostrar para os outros, o medo de morrer... tudo que ele queria nessas horas era gritar por ela e correr para o seu colo, correr para o lugar seguro que nunca teve

Mas nunca gritou, porque ela não estava ali, porque ele se culpava por isso, porque achava que não tinha o direito de querer nada dela, então ficava como uma panela de pressão no fogo alto, agonizando para não explodir

E agora ela estava bem ali, se ele estivesse um pouco o braço poderia a tocar sem esforço nenhum

Era como se alguém tivesse apagado o fogo da panela e ela parasse por um tempo de tremer encima do fogão, a pressão dela não seria mais visível, mas ainda estava ali dentro, prestes a explodir assim que alguém abrisse a tampa

Visivelmente ele estava um pouco nervoso, por dentro a mil por hora, bastava ela o encostar...

Sarah observava ele parado, nervoso e olhando para baixo, já conhecia seu filho, ela também sabia que qualquer toque ele iria desabar, e se ela não o fizesse ele continuaria ali agonizando, mas não ia encostar nela

Continuaria naquela luta de saber que não era culpado mas mesmo assim sentir que é, continuaria nesse inferno que nunca acabaria se não dessem um ponto final

Mas não aguentava ver seu menino desse jeito...

Não era o único que se sentia culpado

A dúvida de que se ela tivesse tido outras escolhas... as coisas teriam sido diferentes...

Se ela tivesse peitado Kelbris como deveria ter feito desde o primeiro sinal vermelho...?

Se ela tivesse exigido com unhas e dentes um acompanhamento médico...?

Se ela tivesse fugido...?

Se ela tivesse coragem de treinar Rosa para fugir com eles...?

A sensação de ter feito todas as escolhas erradas e se submeter aquela realidade a torturava todo santo dia por dentro

E ver constantemente seus filhos com medo e sofrendo, sem ela nem poder dizer que estava ali com eles... isso a matava todo santo dia por dentro

Mas toda aquela angústia já estava quase acabando para todo mundo, só faltava ela e ele para finalmente poderem viver do jeito certo

Sarah respirou fundo, deu um leve soluço por conta do choro travado na sua garganta, coçou os olhos e se aproximou dele, ficando bem pertinho de seu menino

- Desculpa a mamãe...? • ela perguntou forçando um sorriso, a indagação o fez olhar confuso pra ela, que claramente estava tão ansiosa como ele

- Desculpa por não estar aqui... eu... eu queria tanto ter criado você e sua irmã... ter ensinado vocês a andarem, a falarem, a plantar e colher maçãs, a subir em árvores... me desculpa...

- ... e-eu não tenho nada pra... desculpar você... • ele respondeu ela confuso, mas ver ela chorando e falando tudo isso acabou com ele, que só se entregou ao choro que já estava ali

Os dois desabaram, Sarah rapidamente se abaixou para ficar do tamanho dele e puxou seu menino para um abraço amoroso

Finalmente ela pode reencontrar aquele pequeno neném que tinha saído dela e que viu por tão poucos segundos, ainda lembrava da cena perfeitamente, conseguia escutar o chorinho assustado dele e sentir o amor incondicional que desde a gravidez a fazia sorrir

Não era muito diferente da primeira vez que o viu...

Mesmo emocionada, ela sorria com tanto amor enquanto o abraçava, e ele fez oque não pode fazer naquele dia, chorar no colo dela e reconhecer sua mãe como seu lugar seguro

- D-desculpa mãe... • ele disse com a voz abafada

- Eu não tenho nada pra desculpar você • ela sorriu já sabendo que ele diria isso, deu um beijo na sua cabeça e continuou o abraçando • - essa é a última vez que você vai me pedir desculpas mocinho

Ben sorriu entre o choro, e os dois continuaram abraçados por um bom tempo sem dizer uma palavra, apenas matando a saudade que tinham um do outro

Ascension [ Painful Scars | Sally x Ben ]Where stories live. Discover now