CAPÍTULO 3 - EMOÇÃO SIM, EMOÇÃO NÃO!

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> No dia do funeral <

Passei a noite na casa da Margott, a nossa vizinha. A minha tia havia me mandado uma mensagem a pouco tempo, disse que logo estaria chegando aqui, foram mais ou menos 4h de viagem já que ela tem um helicóptero particular. A família da minha mãe era muito rica em parte, a minha tia principalmente, ela se casou com o CEO de uma vinícola chamada "SweetBlood" e eles viveram por um longo tempo juntos, tiveram dois filhos, mas infelizmente o meu tio faleceu a alguns anos de causas naturais, segundo a minha tia. A minha tia herdou tudo, as empresas, fazendas e mansões e até o castelo que eles moram, que fica localizado entre alguns picos de montanha no Alasca. Pessoalmente sempre achei muito pavoroso e escondido aquele lugar, era como se ela não quisesse mais saber do mundo ou de ninguém e tivesse pronta a se isolar de tudo ali. Os filhos, meus primos, não pareciam gostar daquele lugar, eu sempre me lembro da vez que Beatrice, a filha mais nova, comparou o lugar com uma prisão feita sob medida para eles. Nunca entendi o que ela queria dizer com aquilo, mas certamente nunca gostei das viagens que eu e meu pai fazíamos para lá.

Meu pai... Continuo remoendo memórias e mais memórias que o envolvem, e sinto que isso me tortura a cada momento.

Penso em escrever uma mensagem para Alexie, mas paro logo em seguida. Se vou para o Alasca, provavelmente encontrarei com ela por lá em algum momento. Então ao invés de Alexie, decido mandar uma mensagem para Benjamin, e um rápido aperto no coração aparece, ainda não tive tempo para conversar com ele sobre a minha súbita mudança de sentimentos em relação a nós. Não sei como ele reagiria e não sei se é o momento certo, definitivamente não, mas a curiosidade por sua reação me consome e sinto necessidade de saber o que ele pensa sobre isso. Mesmo que eu não fique aqui, e mesmo que tenha acontecido tudo que aconteceu nas últimas horas, eu queria ver o Benjamin antes de partir, talvez eu me sentisse mais aliviada ao vê-lo. Mando algumas mensagens para o seu número, e explico meus sentimentos, e aguardo ansiosa pela sua resposta. Mas ele não me responde na mesma hora, então espero alguns minutos, enquanto arrumo minha mochila no quarto de Damien. Não pretendo voltar até a minha casa, não quero entrar lá e desabar em lágrimas e nunca mais conseguir me recuperar, prefiro continuar em negação por mais algum tempo. Acredito que a minha tia vai entender, e talvez quem sabe, ela me compre algumas roupas novas e casacos de frio.

O meu celular vibra, e meu coração acelera como um louco.

"Deve ser ele" eu penso.

Mas assim que olho o celular, é apenas a minha tia me avisando que já pousou e está a caminho daqui. Olho novamente a conversa com Benjamin, nada... Será que ele tá me ignorando?

- Que droga hein garota? Meus pêsames! Eu tô muito louca pra entender o que aconteceu, mas a mamãe acabou de fazer uma palestra ali embaixo sobre como ser empática com os outros e tal... - Damien falou, e continuo falando até eu sair do quarto e deixá-la sozinha.

A Damien era exatamente o oposto da mãe, enquanto a senhora Margott era literalmente estérica e ansiosa demais, a sua filha era drogada e desinteressada sobre tudo. Teve uma vez, no nono ano, que a Margott veio até a nossa casa aos prantos para perguntar se eu sabia onde a Damien estava, e eu realmente não fazia a mínima ideia, mas acho que ela sabia no fundo. Desde os 13 anos, a Damien andava com caras que tinham o dobro da sua idade, e eles tinham um "tipo", a maioria fumava baseado, eram cobertos de tatuagem, falavam um monte de merdas e eram extremamente violentos. Aos poucos, ela foi criando o seu próprio jeito de ser, ela começou a vestir roupas extremamente curtas e que sempre, sempre, mostravam alguma parte íntima dela, e também passava noites fora de casa em bares e festas, em algumas fraternidades, além de sempre, sempre, arrumar um jeito de falar algum palavrão ao meio de cada frase.

COLD BONES - VOLUME IWhere stories live. Discover now