— A blusa dela vai explodir com aqueles melões.

Assim que ela falou aquilo, não me aguentei e soltei uma risada alta, chamando a atenção de todos que estavam sentados próximos a mim. Disfarcei, voltando os olhos para a partida, que estava no seu auge.

— Fala sério! Agora ela está arrastando asinhas para aquele garoto!

— Acho que vou ter que dar uma volta, se continuar assim. — Cochichei.

— Você viu só? Ela só quer chamar atenção da escola toda para ela e como você é a vítima perfeita, não irá desistir até que caia na armadilha dela. Conheço o tipo!

Levantei subitamente, para sair daquele barulho todo e também para parar de ouvi-la. Queria respirar um pouco, então fui até os bebedouros onde ofereciam água fresca e me inclinei, enchendo meu estômago com água. Sequei os lábios na manga do meu uniforme escolar e continuei andando até chegar no corredor quadriculado, completamente vazio. Senti uma sensação de solidão gostosa, naquele momento.

Às vezes Lili sabia bem como encher minha cabeça com sua voz. E o que mais me irritava era saber que ela era criação da minha imaginação.

—Olá, Balthazar?

Me virei em direção da voz, surpreso e vi Mayra vindo em minha direção, com seu sorriso largo e passos lânguidos.

— Oi, Mayra! Vim beber um pouco de água e... fugir um pouco daquele barulho todo...

Enquanto falava, gesticulava feito uma marionete. Francamente eu não levava jeito com as garotas. Principalmente com as bonitas!

— Eu não aguentava mais ficar lá! – Ajeitou os belos cabelos para o lado.

— Exibida! – Falou Lili, que surgiu do nada.

— Pelo amor de Deus, cale a boca! – Sussurrei, nervoso.

— Como?! – Mayra arregalou os olhos, assustada.

— Não! Não é pra você! Juro! Foi para meus pensamentos! Eu às vezes me comporto feito um louco e falo sozinho, mas não quer dizer que eu seja! Longe disso, claro!

— Você é um fofo, Balthazar...

Ela sorria de forma cativante e se aproximou ainda mais de mim.

— Por que você não para de falar com seus pensamentos agora e me dá um beijo?

Baixei os olhos, implorando para Lili não recomeçar. Precisava mantê-la bem longe dos meus pensamentos naquele momento.

Mayra segurou minha mão entre as suas, levando até seus lábios, dando um leve beijo, quase um roçar de lábios. Eu conseguia sentir o perfume que exalava dela e respirei o máximo que pude, enchendo meus pulmões.

— E eu posso beijar você? – Gaguejei.

Ela se inclinou, tocando seus lábios nos meus. Se afastou, com o mesmo sorriso.

— Pronto! – Me disse, simplesmente.

— Pronto? — Perguntei, confuso.

Me olhava como se fosse a primeira vez. Fixou seus belos olhos esverdeados na minha boca. Fiquei parado olhando para ela, sem saber o que dizer, engolindo seco.

Foi meu primeiro beijo e não senti aquela sensação mágica que todos falavam. Foi bem estranho, na verdade.

— Espero que tenha gostado, Balthazar!

LILI: JUNTOS ATÉ DEPOIS DO FIMWhere stories live. Discover now