Continuação Capitulo 07

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-Preciso aprender a respirar fundo antes de dar uns tapas nela, quando brinca com minha cara. - Bruce gritou comemorando o fim o jogo, como se meu caso fosse chato demais para prestar atenção. Parei em sua frente.

-O que? - perguntou me encarando, apertei o olho e ele riu - Desculpe, meu jogo estava no fim, agora já acabou, sou todo seu.

-Certo. Vamos ao bar, precisamos ver como as coisas estão ficando por lá.

-Você quer ir lá agora? Sexta á noite?

-Qual o problema, o bar é meu, vou á hora que eu quiser.

-Mas eu não, tenho uma coleira de choque bem aqui oh - levantou mostrando a aliança. - Minha mulher me mata se souber que fui ao bar hoje, mesmo ele sendo meu também. Vou embora colocar minhas pestinhas pra dormir e você vai ficar quieto aqui, sem dar motivos para ferrar seu futuro.

Talvez ele tivesse razão, caso Jade me visse no bar tarde da noite pensaria o pior de mim, e não quero isso no momento. Mesmo a cidade sendo grande e a probabilidade de nos encontrarmos fosse mínima, aprendi que não se brinca com a sorte, ainda mais um homem como eu que sofria de azar constante. Estávamos nos despedindo quando Sal apareceu toda sorridente com suas coisas.

-Oi filho - abaixei para que pudesse beijar minha bochecha - Estava arrumando minhas coisas, por isso não vim te receber.

-Já está indo?

-Sim, deixei o jantar de vocês em cima da mesa.

-Obrigada Sal, mas também estou indo embora - Bruce adiantou.

-Não acredito! Fique e jante com Henri, tem comida demais.

-Não precisa, eu congelo e como depois. - intervi - Acompanho vocês.

-Sendo assim, eu ficarei então. Se importa de jantar comigo? - Sal perguntou já deixando suas coisas sobre o sofá e se despedindo de Bruce. Rimos de sua disposição, despedi dele e fui até a cozinha onde ela estava servindo suco enquanto se ajeitava na mesa - Não gosto de desperdício. Sei muito bem que você não ia congelar nada.

-Você sabe de tudo Sal. - brinquei sorrindo pra ela.

-Como foi seu dia?

-Normal, e o seu?

-Escutei um pouco da conversa de vocês, as coisas estão progredindo? - disparou ignorando minha pergunta.

-Não.

-Não? - arregalou os olhos balançando a cabeça - Ela me lembra muito sua mãe, não só pelo fato de ser caipirona e refinada ao mesmo tempo, e sim por ser cabeça dura, determinada. Ela ia adorar essa menina, com certeza aprovaria esse relacionamento, disso não tenho duvidas.

-Ela não está tão caipirona mais Sal.

-Oh não?

-Não, mudou muito. Não reconheceria se a visse.

-Gostava dela daquele jeito - suspirou enquanto mastigava - Mas me diga, o que você achou da mudança?

Sorri com o jeito que Sal tinha de me interrogar, ela sempre manteve a cabeça antenada, ligada a tudo. Soube do dia em que Jade esteve aqui em casa, totalmente bêbada e apesar de ver descontentamento em seus olhos, ela não disse uma palavra. Terminei de mastigar e tomei um gole de suco, pensando em Jade.

-Ela está mais confiante, acredito que a mudança seja somente do visual, pois os olhos dela transparecem a mesma mulher, o mesmo coração. Aquela menina sensível e doce ainda está lá, a diferença é que agora Jade tenta sufoca-la, não expõe muito seus sentimentos como antes.

Declarei sobre o olhar intrigante de Sal, que veio me dar um beijo na testa recolhendo nossos pratos vazios. Não disse mais nada, apenas sorriu em contentamento, como se fosse isso que ela queria ouvir.

Passei o final de semana tentando imaginar o que a faria mudar de ideia. Minha cabeça estava quente e resolvi correr com Argus, já eram mais de sete horas da noite e estava um pouco frio. Coloquei moletom e sai para a rua, tentando manter minha cabeça longe de Jade pelo menos alguns minutos. Argus era um bom cachorro, corria ao meu lado no mesmo ritmo, todo feliz, às vezes queria ir até mais rápido forçando-me apertar o passo.

-Boa amigão! Estou orgulhoso.

Paramos em uma praça, fui comprar duas águas num bar, uma pra mim e outra para Argus. A mulherada passava me encarando, mexendo comigo, mas não senti vontade nenhuma de dar uma brincada. Estava focado na minha água quando notei ausência de Argus, meu coração foi a mil. Olhei para o lado preocupado, chamando seu nome. Até que meu olhar parou em uma figura loira acariciando meu cachorro do outro lado da rua, brincando na maior intimidade com ele. Jade usava uma calça jeans justa, botas de salto alto, uma jaqueta preta e cachecol. Estava linda, e gostei de lembrar como era suas pernas dentro de um par de botas. Sorri gostando da cena, Argus não era um cachorro muito amigo, deveria ser nomeado como Zangão, não gostava muito de carinho e nem de brincar, mas que coração a feiticeira Jade não conseguia amolecer?

Parei de rir quando o brutamonte caipira apareceu do nada, tocando suas costas. Argus certamente também não gostou, pois começou a latir e rosnar para ele.

-Esse é meu garoto! - comentei assim que cheguei perto deles.

Lucas fechou a cara e vi quando apertou as mãos, nervoso. Jade por outro lado riu surpresa a me ver. Parecia que não havia ninguém nos cercando, era simplesmente eu e ela. Saber de sua tatuagem só aumentou minha vontade de tê-la e assumo que esse sorriso meigo que ela tentou disfarçar fez minhas pernas bambearem. Fiquei surpreso com a reação dela, e não me importei com o Hércules na minha frente me encarando com cara de Exterminador, simplesmente puxei Jade beijando o canto da sua boca.

-Estava pensando em você.

Disse sorrindo feito idiota. Na mesma hora ela arregalou os olhos para mim, depois encarou Hércules e pude ver quando engoliu em seco. Ou fiz muita merda, ou isso ia dar uma merda danada... Talvez os dois.

Cor a Primeira Vista - Volume II da Série Dê-me AmorWhere stories live. Discover now