Capítulo 31

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Ela olha do retrovisor do carro a propriedade se afastando. Sumindo, como se nada do que ela viveu em dois meses fosse real. Mas, o vestido que ela trajava em um tom amarelo, com mangas curtas, fazia ela se lembrar de que nada do que viveu foi mentira. E o peso do celular dentro do bolso da saia não a fazia se esquecer disso. Ela teve tempo de fazer uma retrospectiva de cada momento que teve com Darcy e com Georgiana. E sentia o quanto eles faziam falta. Fazia apenas poucas horas que não via eles, mas sentia-se agoniada.

Maldito Alexander! Onde ele está agora?

— Vai me contar o que diabos aconteceu? – a voz de Josh interrompe o fluxo dos seus pensamentos.

Ela olhou para o amigo. Um amigo de longa data. Ele era o único que atendeu ao telefone e veio em seu socorro. Foi gratificante para ela saber que existiam pessoas boas no mundo. Assim que ela correu para propriedade, atordoada ainda por ter voltado no tempo, sentindo o coração partido em pedaços, uma mulher a ajudou. Ela emprestou seu telefone, sem perguntar por que Lizzy precisava. E nem questionou o vestido que ela usava de cintura alta, até os pés. Presumiu que ela veio de um evento que acontecia uma vez no ano, para pessoas que apreciavam o século XIX. Mas, é ai que ela estava errada. O século em que Lizzy estava era o XVIII. E o que ela não daria para estar lá, com Darcy.

— Elizabeth? – Josh diz o nome dela, em tom de pergunta.

Ela afastou a cabeça do vidro e fitou seu amigo. Focou seus olhos nos dele. Ele voltou a olhar para estrada, suspirando.

— Você sabe o susto que levamos Lizzie? Sabe quanto tempo a policia esta procurando por você?

As acusações. A preocupação. Tudo isso doía demais. A cabeça dela estava prestes a explodir.

— Eu não quero falar sobre isso agora, Joshua – ela pede, com a voz fraca. Estava tão enjoada.

Como faria para voltar para Darcy? Ela estava se afastando tão rápido de Pemberley. Saindo de Derbyshire, seguindo pela rodovia, a 120 por hora. Nunca mais veria ele de novo, porque não eram os quilômetros que os separavam, mas eram três séculos. Mais ou menos, duzentos e vinte e um anos. Era muito tempo que se interpunha entre eles. Nesse exato momento, o corpo dele estaria de baixo da terra, já decomposto. Talvez, apenas ossos. Onde será que ele havia sido enterrado?

— Por que não tenta explicar, Elizabeth? Temos algumas horas ainda para chegar a Londres. Adoraria escutar o que diabos você fez todo esse tempo – Sua ironia doía aos ouvidos. Era óbvio que ele estaria assim, tão irritado e irônico com ela. Quem poderia culpa-lo?

— Eu não sei como explicar isso, sem parecer louca – ela tenta se justificar, afinal, quem iria acreditar que ela viajou no tempo?

— Você estar louca não importa – ele diz, sem desviar o olhar da estrada, com as duas mãos sobre o volante, com um olhar cansado – Nos matou de preocupação, sabe? Por isso, preciso de uma justificativa. Ou melhor, você vai precisar dar uma a Meredith. Ela quer comer seu fígado no café da manhã, com waffles.

— Justo – Lizzy assente. Afinal, Meredith deve ter sofrido a sua ausência. Ela teria sofrido igualmente, se um dos seus amigos sumisse. Se Jane sumisse – Como está Jane?

— Arrasada – ele responde, olhando para ela de soslaio, antes de voltar seu olhar para frente – E alias que vestido é esse? Moda vovó?

Lizzy gargalha. Ao menos, ele não havia perdido o senso de humor.

— Não. É uma longa história.

— Já disse que temos tempo. Desembucha.

Lizzy liga o som do carro. Coldplay toca nos alto falantes. The Scientist era uma boa pedida para quem está na fossa. E ela se sentia assim mesmo.

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz