Capítulo 20

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A rotina de Lizzy era pesada, devido a cuidar de duas crianças cheias de energia e que eram curiosas. Lizzy havia pensado em várias atividades para elas aquela semana. Pintar, desenhar, escrever em francês e inglês, além das aulas normais de línguas. E para Mary bordar e para Jonathan até mesmo brincar com espadas de madeira. Os Gardiner não pareciam questionar os métodos de ensino de Lizzy, o que era ótimo, pois ela apenas estava reproduzindo o que teve na sua própria educação. Tirando bordar, pois não era algo que ela tivesse aprendido para ser uma esposa, mas aprendeu para passar o tempo, quando sua mãe havia ensinado ela e Jane a fazer isso. A única coisa que Lizzy realmente não sabia fazer era tocar o piano. E ela agradecia aos céus por aquela família não ter um na casa.

Quase no fim da semana, Lizzy pediu aos Gardiner a permissão para levar as crianças a Hyde Park, afinal, uma criança não aprendia apenas com a mente, mas com o corpo. Todo aprendizado e desenvolvimento de uma criança eram através do próprio corpo. E Lizzy sabia disso. Ela propôs que as crianças um jogo de ping pong ao ar livre. Quando chegaram ao parque, ela procurou um local afastado, para não atrapalhar as pessoas. Até mesmo convocou a senhora Gardiner para jogar, pois ela estava acompanhando naquele dia. Jonathan em algum momento havia acertado com força a bola de ping pong com a raquete, fazendo o objeto voar por entre as árvores. Lizzy se dispôs a procurar e saiu correndo em disparado.

Ela procurou por entre as árvores, passando por entre cavalheiros e damas, procurando a bolinha branca e pequena. Foi quando viu Alexander a segurando, com um sorriso presunçoso no rosto. Ele estava trajado como um cavalheiro, aquela tarde, com botas de montaria e casaco negro, até os joelhos. Lizzy não pode deixar de sorrir ao vê-lo.

- Eu achei que não veria mais você – ela disse, contente, se aproximando.

Ele estendeu a bolinha para ela, que a pegou, colocando no bolso da saia.

- Eu não deveria, mas ainda há algumas coisas para ajustar por aqui – ele olhou para ela com os olhos estreitos e cruzando o braço – Está estragando tudo, não sabe?

- Eu, estragando? O que estou fazendo de errado? – ela perguntou, ofendida e arrependida por estar feliz em vê-lo.

- Ora, você sabe muito bem do que estou falando – ele respondeu, com um olhar repreensivo – Está na hora de abrir seus olhos. Por que não aceitou o pedido do Sr. Darcy?

- Você só pode estar louco – ela murmurou, mas pensar nele deixou-a ruborizada. Aquele pedido de casamento inesperado e ao mesmo tempo ela ficou confusa sobre seus próprios sentimentos. Ela desejava voltar para casa, mas o pedido de Darcy deixou-a abalada em suas convicções. Ela poderia realmente aceitar o pedido e ficar ali para sempre, mas ao mesmo tempo, temia ficar.

- Você sabe que não, Lizzie. Por que precisa ser tão teimosa assim? – ele inquiriu, soltando um suspiro desalentado – Enfim, eu não vi somente para isso. Estou com Jane Austen no parque.

- Você não está falando sério – ela disse descrente. Seria coincidência demais ver a autora por ali – Está mesmo com ela? – ela não resistiu em perguntar.

- Sim – ele assentiu, sorrindo de repente, fazendo com que sua cicatriz no rosto esticasse – Quer falar com ela?

- Sim! – ela aceitou – Mas, primeiro preciso avisar a Sra. Gardiner.

- É claro, eu ficarei aqui esperando.

Lizzy correu para avisar a Sra. Gardiner que havia encontrado uma conhecida e perguntou se as crianças e ela queriam vir junto.

- Ah, não querida Elizabeth, vá à senhorita. Eu estarei aqui esperando – ela respondeu.

- Você prometeu que ficaria conosco – Mary disse, com os olhos magoados.

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoWhere stories live. Discover now