Capítulo 1 - Fantasmas alegres do passado

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29 de Junho de 1993
"Fantasmas alegres do passado"


Se exista algo que Harry amava mais do que estar em Hogwarts, era estar na casa de Remus. Ele mal conseguia pôr em palavras o quão tranquilas suas manhãs se tornaram – não precisava ouvir mais gritarias ou xingamentos logo cedo – e como era bom estar em um lugar onde alguém o entendia completamente.

Eles tiveram alguns problemas no começo. Harry sabia que Remus teve que ter muita paciência com ele e agradecia muito por aquilo. Era difícil se acostumar com a ideia de não precisar levantar cedo para preparar o café da manhã ou deixar a casa limpa, não quando tinha passado quase treze anos fazendo uma rotina de empregado doméstico.

Remus era um bom tio – e padrinho, como Harry descobriu posteriormente – e a base da convivência deles era a conversa, por mais que Harry, muitas vezes, se mostrasse bem alheio e indisponível.

Assim que Remus o tirou da casa dos Dursley e o levou de volta para o mudo bruxo, ele fez questão de fazer compras. Harry, ainda meio hesitante e estranho, escolheu roupas que gostava – ele tinha prometido que faria compras com Malfoy, então não comprou muito – e livros que o interessaram.

Ele foi apresentado à nova casa. Era um lugar legal, bonito e aconchegante que parecia ter cheiro de café o tempo inteiro. No andar de cima, Remus o levou para um quarto no fim do corredor. O quarto dele. O quarto de Harry.

Ele nunca tinha tido um quarto planejado só para ele. Tinham estrelas pintadas a mão no teto, como a vista de uma noite estrelada, uma cama com lençóis azuis e prateleiras cheias de livros e pilhas de discos para Walkman. Posters de Star Wars tinham sido pendurados na parede e, apesar da janela não ter cortina nenhuma, Harry conseguiu segurar o incômodo pela luz forte e ficar extremamente feliz.

Era estranho estar ali, no começo. Harry se sentia esquisito em transitar pela casa, então passou a semana inicial quase inteira no quarto. Aos poucos, e com o incentivo de Remus, ele se soltou e começou a ficar mais aberto a conversas.

Remus acordava cedo, mesmo ficando estudando até tarde na noite anterior, e fazia questão de preparar o café. Harry se sentia mal de deixá-lo sozinho e, mesmo que Remus insistisse para ele descansar e continuar dormindo, acordava cedo para o ajudar a pôr a mesa ou aprender a fazer café coado – que Harry descobriu ser muito mais gostoso que o solúvel.

Remus falava sobre os tempos antigos e tirava dúvidas que Harry tinha enquanto destrinchava o diário de James. Ele gostava de ouvir Harry falar. Dizia que ele era muito parecido com Lily quando se empolgava, mas tinha o olhar de James. Harry gostava. Sentia como se finalmente tivesse uma conexão com os pais.

Eles passaram a maioria dos dias lendo. Remus tinha pilhas e prateleiras cheias de livros de diferentes tipos, cores e estilos.

Quando a lua cheia daquele mês chegou, Remus tinha tudo pronto – nenhum dos dois tinha tomado poção nenhuma – mas Remus tinha um quarto no porão separado apenas para suas transformações.

Foi esquisito no começo. Os seus lobos se estranharam e quiseram lutar por território e dominância, uivos raivosos e grunhidos desconfortáveis foram ouvidos por longos minutos. Antes que um deles partisse para cima do outro, Remus o reconheceu como filhote e ficou extremamente superprotetor.

As coisas ficaram mais fáceis depois daquele dia.

Remus amava ouvir Harry falando sobre os amigos, principalmente de Malfoy, porque um brilho diferente aprecia nos seus olhos verdes e ele gesticulava mais que o normal – Remus facilmente percebeu do que se tratava aquele "brilho" e não disse absolutamente nada sobre. Harry diria se se sentisse confortável em dizer.

Double Moons - Terceiro livroWhere stories live. Discover now