Nove

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O segurança me arrastou para fora do palco, e Arthur seguiu no nosso encalço. Ainda me sentia atordoada e com medo. Arthur pegou meu braço e o segurança me soltou, ele continuou me conduzindo, até chegarmos no hall de entrada.

- Toda sua. – Arhur disse, me jogando para cima do homem que estava parado no corredor.

Me desequilibrei no salto, e quase caí sendo amparada pela cintura, pelas mãos fortes do meu comprador, que colou meu corpo no seu. Apoiei minhas mãos em seu peito, ainda evitando olhar em seu rosto.

Ele usava terno, camisa e gravata na cor preta, e era muito cheiroso.

- Ela é meio arisca, mas acho que pode domá-la. – Arthur completou, sorrindo e passando a mão na barba. – Quer usar um dos nossos quartos?

- Não, preciso voltar para Goiânia. – então era para lá que eu iria? Ainda mais longe da Paraíba, mas daria um jeito de fugir. Arthur assentiu antes de sair de perto da gente. - Tudo bem? – ouvi a voz grave e rouca dele, e senti um leve arrepio.

Levantei meu rosto, o olhando pela primeira vez, e fiquei surpresa com o que vi.

Ele era jovem, talvez poucos anos mais velho do que eu. Seu rosto era másculo, a barba bem feita e bem desenhada, os cabelos eram escuros e a pele dourada, seus olhos eram castanhos e penetrantes, e seus lábios eram grossos e em formato de coração.

Comecei a pensar porque um homem tão bonito quanto ele, compraria alguma mulher. E senti medo do que ele seria capaz de fazer comigo.

Ele correu todo o meu rosto com os olhos, parando em meus lábios, antes de passar o polegar neles, me fazendo soltar um gemido de dor quando ele tocou o corte.

- Quem fez isso? – ele perguntou com a voz baixa e rouca, e eu apenas engoli seco. – Vamos embora daqui. – ele disse autoritário.

Me afastei de seu corpo, e cruzei os braços, vendo que eu ainda usava aquela roupa transparente. Ele retirou o blazer, e me entregou.

- Vista isso, comprarei roupas novas para você amanhã.

Aceitei o blazer, até porque não teria coragem de sair dali usando aquelas roupas, e o vesti, fechando os botões. Ficou igual um vestido em mim, porém mais largo.

Ele me estendeu a mão, e eu a agarrei, e então ele me puxou para fora. Assim que entrei em contato com o exterior, eu respirei fundo e fechei os olhos. Faziam dias que eu não sabia o que era ar puro, e eu senti saudades da liberdade, se é que poderia chamar aquilo de liberdade.

Meu comprador se manteve paciente, e eu sentia seus olhos me queimarem enquanto me observava. Abri os olhos devagar e olhei para ele, que me deu um sorriso gentil. Olhei para a frente, e logo avistei um carro preto, com a porta traseira aberta, e um senhor de meia idade parado ao lado dela.

Ele voltou a me puxar pela mão, e o senhor me deu um leve aceno de cabeça, enquanto eu entrava no veículo. Não sabia o que dizer, então me mantive calada durante todo o percurso. Após algum tempo, o motorista entrou em um hangar, onde haviam vários pequenos aviões parados.

A porta de trás foi aberta, e saímos do carro. Ele voltou a pegar minha mão, enquanto me direcionava até um dos aviões. Entramos em um deles, e eu me sentei em um dos bancos, enquanto ele se sentou a minha frente.

Afivelei os cintos, evitando olhar para ele, mas sentindo os olhos dele presos a mim a todo instante.

Não sabia o que seria de mim, só esperava conseguir fugir antes que eu descobrisse que tipo de loucura ele pretendia comigo.

VendidaWhere stories live. Discover now