Epílogo

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"Você coloriu

Minha vida cinza, amor

E a cada sorriso seu

Eu ganho um lápis de cor

Você é meu tudo, tudo, tudo

Eu juntei meu mundo, mundo, mundo com o seu

Você é a sorte e o sortudo sou eu."

Sorte – Diego e Victor Hugo

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Alguns meses se passaram, minha barriga já havia crescido e nossa filha desenvolvia bem. Por muitas vezes Rodolffo passava horas conversando com ela na minha barriga, e eu estava feliz que aquele homem frio, distante, autoritário e ciumento, tinha se tornado atencioso, amoroso e presente.

Ele se sentia seguro comigo, seguro o suficiente para deixar que suas vulnerabilidades ficassem expostas, assim como eu me sentia segura ao lado dele.

Rodolffo já havia sido nomeado como presidente da empresa, e meus sogros se divertiam viajando pelo mundo.

Izabella passava mais tempo em Miami do que em Goiânia, e já planejávamos uma viagem para lá, assim que possível.

- Ela está agitada.

Já estávamos deitados de conchinha em nossa cama, prontos para dormir, quando nossa bebê começou a se mexer em minha barriga.

- Ei amor, tá na hora de dormir bichinha. – ele disse acariciando a minha barriga, fazendo com que ela se acalmasse um pouco, o som da voz dele era como mágica para ela.

Ele continuou me fazendo carinho, até que eu adormecesse em seus braços. Acordei algumas horas mais tarde, morrendo de vontade de comer sorvete de limão com batata chips. Minha boca estava salivando, tirei as mãos do Rodolffo da minha cintura, e desci até a cozinha.

Achei o sorvete de limão na geladeira, estava com desejos estranhos e adorando coisas cítricas, e Rodolffo acabou comprando mais de um pote de sorvete de limão e deixando na geladeira, caso eu sentisse vontade de comer.

Procurei nos armários, e não achei nenhuma batata, suspirando frustrada e sentindo minha boca salivar de vontade. Peguei uma colher, coloquei um pouco do sorvete em uma vasilha e comi um pouco, mas não era a mesma coisa, precisava das batatas.

Subi novamente, e sentei na cama ao lado dele.

- Ei, amor. – o balancei na cama e ele suspirou antes de abrir os olhos.

- Tá tudo bem? – seu tom era preocupado.

- Tudo, estou com desejo. – contei e ele esfregou os olhos e se sentou na cama.

- Não quer comer a grama de novo, né? – ele perguntou e eu ri, lembrando que há alguns dias fiquei com muito desejo de comer a grama do jardim, mas me contive.

- Não, quero batata chips. – ele soltou um longo suspiro e olhou para o relógio, vendo que já era madrugada, e ele dificilmente iria achar isso naquela hora.

Mas isso não impediu que ele se levantasse e vestisse uma camisa e uma bermuda, ajeitando os cabelos com os dedos e me dando um beijo nos lábios, antes de sair de casa em busca do meu pedido.

Algum tempo mais tarde, ele chegou na cozinha com os mais variados tipos de batatas chips, de pacote, de pote, tudo para me agradar.

Tenho o melhor marido do mundo.

Ele ficou me olhando estranho enquanto eu comia com vontade as batatas junto com o sorvete de limão, para nem cinco minutos depois, sair correndo para o banheiro e vomitando tudo.

- Mal nasceu, e já faz hora com a cara do papai. – ele reclamou, quando me viu saindo do banheiro, me abraçando e beijando minha testa. – Tá bem?

- Uhum. – murmurei, me aconchegando mais no seu abraço.

Era sempre assim, os desejos vinham, para logo depois eu vomitar tudo.

-

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O nascimento da nossa filha, foi o dia mais especial da minha vida. Achava que não poderia sentir no mundo, um sentimento tão lindo e verdadeiro como esse. Ela se tornou a minha vida, e veio para alegrar ainda mais nosso casamento.

Alguns anos depois, eu me formei, e acabei escrevendo um pouco sobre a minha experiência traumática, no meu TCC.

Foi bom escrever sobre isso, foi uma forma de me livrar daqueles sentimentos que ainda me machucavam.

Depois de muita insistência do Rodolffo, comecei a fazer terapia e isso me ajudou muito, e me deixou ainda mais forte.

Nosso casamento era repleto de diálogo e muito amor, mesmo depois de anos, não conseguíamos nos desgrudar e nos amávamos da mesma forma de antes, às vezes achava que até mais.

Não demorou muito para que eu engravidasse novamente, mas depois de algumas complicações no segundo parto, tive que retirar o útero.

Rodolffo, a cada dia que passava, se tornava ainda mais companheiro e amoroso comigo, e às vezes ele dizia que era eu quem o havia salvo, e não o contrário.

- Mamãe, papai. – nossos dois amorzinhos pularam na cama, nos despertando naquela manhã de natal. – O Papai Noel veio. – Lua disse animada, enquanto não parava de pular na cama, sendo acompanhada pelo seu irmão mais novo.

- Vamos lá ver o que o velhinho trouxe? – meu marido perguntou, fazendo os dois se empolgarem ainda mais.

Nos levantamos da cama, Rodolffo carregando o pequeno Henri, enquanto Lua corria para fora do quarto.

Descemos juntos e ela pulava em frente a árvore, olhando animada para todos aqueles presentes.

- Olha que tantão mamãe. – ela estava eufórica, fazendo sinal de muito com as mãozinhas.

- Vamos abrir? – Rodolffo se sentou ao lado deles na frente da árvore, pegando os embrulhos e os ajudando a abrir.

Fiquei de pé vendo tudo, emocionada por ter uma família tão linda, e sorrindo os vendo arrancar as embalagens dos presentes e descobrindo o que tinha por dentro, sorrindo animados quando viram que ganharam o que queriam.

Nossos caminhos por muitas vezes são tortuosos, mas no meu caso, o final valeu a pena.

- Olha mamãe. – Lua me mostrou uma boneca.

- Que linda, meu amor. - eu me sentei ao lado deles, pegando Henri no colo, o ajudando a abrir seus presentes.

Rodolffo me olhou, enquanto eles estavam distraídos com os brinquedos.

- Eu te amo. – ele sussurrou e eu sorri.

- Te amo mais.

FIM

VendidaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt