Co-piloto

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Depois de chorar para cada um dos amigos, implorando para que fossem ao boliche naquela noite, Kenny conseguiu convencê-los. A razão pela tamanha insistência do loiro era porquê ele estava trabalhando de garçom para ganhar um dinheirinho extra e precisava chamar clientes para aumentar as gorjetas. Era trapaça? Um pouco, mas ele mascarou tudo com a desculpa de que os quatro precisavam dar um tempo juntos fora da escola, como nos velhos tempos.

— Como estamos? — Kyle perguntou à Kenny, que parou de atender as mesas por um segundo para verificar o placar.

— Perdendo — respondeu simplesmente e riu minimamente da cara e do provável grito que o judeu soltaria. — A última jogada é agora. Se não fizermos um strike, já era! — continuou, jogando o pano de prato sobre o ombro.

— OK, precisamos de um strike. Quem é agora? — o ruivo perguntou a Stan.

— Cartman — o rapaz falou de braços cruzados, com a cabeça abaixada, a balançando.

Kyle percorreu os olhos verdes pelo ambiente à procura do gordo, que tentava paquerar, sem sucesso, uma loira, a alguns metros da pista. O judeu se levantou e se dirigiu ao casal. Ao se aproximar riu falsamente, segurando-o pelo braço.

— Ele é um saco, não é? — perguntou à loira e virou o rosto para Cartman, sem nem esperar resposta. — Sua vez de jogar, idiota! — disse áspero e puxou o rapaz pelo braço.

— Pelo amor de Deus, Kahl! Se você está com ciúme, é só dizer, não precisa ficar fingindo! — tirou a mão do garoto de seu braço.

— Como é? — ele perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

— Se está com ciúme, é só me dizer! — se aproximou com um sorriso sacana. — Mas infelizmente, eu não sou gay. Vai ter que arrumar outro cara irresistível pra quebrar seu cabaço de judeu.

O ruivo o encarou por dois segundos até cair na gargalhada.

— Cartman, você realmente é muito cuzão — fechou a cara de repente e cruzou os braços. — Agora vai jogar, porque eu preciso de um strike pra vencer.

— O judeuzinho de merda precisa da minha ajuda? Foi isso mesmo que eu ouvi? — o rapaz tirava sarro do garoto, que o observava tediosamente em silêncio.

— Não, gordo babaca, eu não preciso de nada que venha de você — explicou, gesticulando. — Se você não pegar a porcaria daquela bola e acertar aqueles malditos pinos, você irá perder essa merda de jogo e acabará sem seu preciso pintinho — levantou seu mindinho para representar o tamanho do amiguinho de Cartman — Porque eu vou arrancá-lo! — falou alto o suficiente para que algumas pessoas ao redor pudessem ouvir e rir do rapaz, que levava uma bronca.

Cartman olhou ao redor e se segurou para não respondê-lo tão ignorante quanto. Mas com quase dezessete anos de amizade, sabia que não valia a pena discutir com Kyle Broflovski em público. O gordo se contentou a encará-lo nos olhos mortalmente e se dirigiu a pista, escolheu uma bola e foi se posicionar. Estava concentrado, até se assustar com uma voz em seu ouvido.

— Cartman, eu sei que você é um bosta, mas precisamos desse strike! — Kyle falou como se explicasse algo para uma criança.

— De onde você surgiu, olho do cu? — ele se virou para o ruivo com uma das mãos sobre o coração.

— Dá pra você não ser cuzão uma única vez na vida?

— Depende, você vai chupar minhas bolas se eu fizer o que está me pedindo?

— Eu deveria arrancar sua cabeça e fazer esse strike com ela.

— Meu Deus, que medo, esse judeu é fatal!

Desastre iminente | Kyman (?)Onde histórias criam vida. Descubra agora