Capítulo 2.6

15 6 0
                                    

007
Moradores Inusitados

Para a felicidade de Theo, o garoto não teve mais pesadelos.
Ao acordar novamente ele percebeu que sua irmã estava fazendo carinho em um gato de rua.
Uma coisa porém chamou a atenção do garoto, a pele do gato estava ligeiramente transparente.
Theo esfregou os olhos com força antes de dar uma segunda olhada na situação.

"O que é isso?" perguntou.

Clara apenas balançou os ombros.

O garoto chegou mais perto do animal e pode ver com mais clareza, o gato não apenas parecia estar transparente ele era de fato semi invisível.

Theo tentou dizer algo mas as palavras fugiram de sua boca.

"Não é a primeira coisa estranha que a gente vê" disse Clara.

O jovem concordou com a cabeça enquanto dava uma olhada em volta.

De repente Theo deu um salto que assustou sua irmã.

"O que foi?" disse a menina.

O irmão fez menção para ela parar de falar.

"Acho que ouvi alguma coisa!" disse Theo correndo na direção da estrada de areia.

"Theo!" Chamou Clara confusa.

O jovem parou no topo de um pequeno amontoado de terra e arregalou os olhos.

"Theo?" perguntou a menina.

A jovem se aproximou e seguiu o olhar do irmão, ao focalizar ela soltou um grito.

Em um local remoto da cidade havia um pequeno cemitério.

Os irmãos ficaram paralisados tentando entender a cena.

Havia dezenas de figuras transparentes andando de um lado para o outro entre os muros do lugar.

"O que?" disse Clara?

Theo perdeu novamente a voz.

"Forasteiros são sempre muito descrentes" disse uma voz em suas costas.

Os irmãos se viraram, a criança de anteriormente estava ali, sentada na cerca do cemitério.
Clara até então não tinha percebido mas o menino também possuía uma coloração diferente de seres vivos normais.

"Vocês são.." começou a menina.

"Fantasmas" completou Theo.

O menino deu um sorriso meio amarelo.

"Até que vocês demoraram para notar" respondeu.

"Fantasmas!" repetiu Theo "onde é que viemos parar?"

O menino observou os irmãos.

"Não vão querer saber" respondeu com simplicidade.

"Existe alguém nesse lugar capaz de dizer frases concretas e explicativas?" xingou Theo.

O pequeno fantasma soltou outra gargalhada abafada.

"É mais difícil de entender do que imaginam" disse com simplicidade.

Clara soltou um grito quando um cachorro fantasma latiu nas suas costas fazendo um eco.

Em questão de segundos uma jovem de cabelos cacheados se aproximou e puxou o animal pela coleira.

"Mil perdões" disse a menina fazendo uma reverência com o vestido.

Antes que a menina fosse embora, Clara notou que a mesma não possuía olhos, assim como o garotinho.

Theo levou suas mãos à cabeça e começou a massageá-la.

"Isso é demais, é loucura!" disse para si mesmo.

"Não perca o foco" alertou o garotinho.

Theo cerrou os olhos para o fantasma.

"Você ia nos dizer que estava.. eh.. morto?" perguntou com um tom de voz que demonstrava esforço para não soar grosseiro.

"Vocês iam me perguntar?" disse o garoto devolvendo a pergunta para Theo.

Theo se apoiou na cerca velha de madeira e lançou um olhar furioso para a criança.

"Ei vocês dois, já chega" mandou Clara.

Ambos pararam e começaram a ouvir a garota.

"Por favor" disse a menina olhando para a criança "nos ajude a sair daqui"

O menino levanta a cabeça para o céu, pensativo.

"Vocês não vão escapar daqui" disse o garoto olhando vagamente para o horizonte. "Ninguém escapa".

"Acho que é porque você não conheceu um pessoal muito inteligente" disse Clara com uma voz decidida porém visivelmente chateada com a opinião do garoto.

"Ei, não fique brava comigo" disse o menino

"Clara tem razão, nós vamos sair daqui" disse Theo dando um salto e descendo da cerca.

O garoto observa os irmãos por um segundo, por um breve momento uma expressão de tristeza percorreu seu rosto porém rapidamente se desfez.

"No fim todos acabam aqui" disse o menininho com simplicidade.

"Espero que esteja se referindo a cidade" resmungou Clara enquanto chutava uma pedra próxima.

O garoto novamente observa os irmãos por um tempo, porém nada diz.

Um estalo no meio do cemitério chama a atenção dos dois irmãos, outro cachorro fantasma brincava alegremente com seu dono.
Quando Theo e Clara olharam novamente, o garoto havia desaparecido em pleno ar sem deixar nenhum rastro.

"Tchau para você também" disse Theo dando um tapa de frustração na madeira da cerca.

"Vamos Clara".

Entre As CordasOnde histórias criam vida. Descubra agora