Quem sabe seja questão de tempo até um fraquejo que o faça despencar do precipício. Na verdade, ele pode já estar por um tris, suspenso no ar, apoiado-se na salvação protuberante com seus dedos mirrados e não confiáveis
Santo? Que ideia!
Se um dia deteve alguma pureza, esta agora se encontra num horizonte muitíssimo afastado.
Harry transou com um rapaz. Seu primo! Com a família dormindo em casa! Sorte a sua que a fúria do Deus do Antigo Testamento havia se esgotado pois decerto ocorreria a eles o mesmo que aconteceu em Sodoma e Gomorra, uma chuva de fogo e enxofre ruindo no banheiro até que tudo se reduzisse a pó.
Não teria sido essa a melhor solução? Que ali mesmo o problema cabasse. Seria mais fácil que lidar com o depois, que carregar a mácula banheiro afora.
Que belo presente natalino, hein. Inesquecível. Um corpo corrompido do pior jeito possível, para combinar com o seu coração, que nunca foi um dos mais virtuosos.
Exemplo disto é a amizade com Niall, que ia além de um inofensivo carinho. Atingia um grau a mais de adoração. Harry era tão devoto dele quando era de Margaret Ward. Tinha uma idolatria obsessiva pelo que Niall era e tinha… seu charme natural, sua desinibição e sua fidelidade às próprias vontades e suas coisas e até seus pais carismáticos.
O seminarista trocaria de lugar com ele sem nem pestanejar.
Amava desmedidamente tudo em relação a Niall, e se reprimia quando se localizava na fronteira do que seria saudável para ambos. Não gostaria de saber o que aconteceria se ultrapassasse o limite; bastava saber que não seria coisa boa, nem boba.
Portanto, contentava-se com os míseros respingos de Horan que gotejavam em si. Por isso ansiava mantê-lo por perto. Era seu sinônimo de satisfação e felicidade; contemplar sua existência, acompanhá-lo de perto. O mais perto que Harry poderia chegar do júbilo extasiante que era a vida dele.
Afinal, isto era menos complicado do que desapegar-se do medo, que disfarçava de prudência, e sair dos trilhos para vivência na própria pele aventuras, conflitos, brigas, pais descontentes, corações partidos, prazeres frívolos, decepções e dores desnecessárias.
No entanto, se a sua racionalidade contenta-se com a covardia que o fazia levar uma vida morna e insossa, o subconsciente, apoderado da autonomia do mundo dos sonhos e dos devaneios, desentoca sentimentos impuros que, uma vez livres, correm sem amarras.
Audácia indisciplinada. Raiva. Ciúme. Cobiça. Inveja. Ingratidão. Amargura e rancor. Perversão.
Seus colegas ficariam escandalizados se descobrissem o negrume que Harry carrega no coração.
Quiçá apenas a mãe tem ciência disto, por isso está sempre atenta aos seus passos. E olhando por este lado, entende-se porque ela foi a única a não tentar dissuadi-lo da formação sacerdotal enquanto o pai, Gemma e até mesmo a avó - sua sacratíssima avó! - foram contra, tentaram convencê-lo a ficar usando os várias versões dos mesmos argumentos - qual é, se seu desejo era estar ainda mais próximo de Deus, poderia ser um diácono, era um cargo menos radical portanto poderia se casar, se quisesse, formar uma família e levar uma vida mais normalzinha.
Não. Em vez de protesto ou pesar à sua iminente partida, Anne demonstrou alegria e orgulho pela sacra escolha do filho.
Ela deve conhecê-lo tão bem quanto ele a conhece. Deve vislumbrar a obscuridade soterrada no peito dele, deve recear que ela inche e estoure.
Então é isto? Sua mãe e o Reverendo Julian esperam que ele se ajuste ali?
É uma suposição um tanto ofensiva, logo, é perigosa.
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immaculate sin of the lovers • L.S.
FanfictionNem mesmo nos mais tenebrosos pesadelos Harry e Louis imaginariam que, ao invés de renunciarem os próprios corpos para a entrega ao digníssimo amor de Cristo, se encontrariam, na verdade, corrompendo os votos monásticos com impurezas. Enquanto tenta...