Nossa Solidão - Stardew Valley (One Shot)

Capítulo Único

- Você vai mesmo ficar aí só me olhando sem dizer nada? - Sebastian perguntou sorrindo sem desviar o olhar da cidade.

Estava frio e muito escuro naquela noite. A lua havia se escondido atrás dos enormes pinheiros na floresta ao nosso redor e o único poste que iluminava aquela parte da estrada próxima ao penhasco estava a alguns metros de distância.

Os olhos de Sebastian brilhavam com as luzes da cidade ao longe refletindo neles.

Ele parecia feliz mesmo após ter me contado sobre mais uma de suas reflexões melancólicas.

Ultimamente estávamos nos encontrando mais por acaso que o de costume e daquela vez ele havia me convidado para um passeio em sua moto.

- Eu gosto de ouvir você falar - respondi finalmente conseguindo tirar os olhos dele.

Eu não sei em que momento se tornou tão cômodo ficar tão perto de Sebastian como se algo que eu não conseguia explicar me fizesse sentir magneticamente atraído por ele.

Estávamos sentados bem próximos um do outro ao ponto de vez ou outra eu sentir seu ombro esbarrar no meu me fazendo sentir nervoso e ao mesmo tempo levemente feliz, mas sentindo seu olhar sobre mim, me esforcei para manter os olhos na cidade.

- Tem certeza de que quer mesmo morar em Zuzu algum dia com todo aquele movimento? - perguntei.

Aquela pergunta estava me incomodando a um tempo, pois a relação de Sebastian com sua família não era das melhores e ele já havia me contado sobre sua vontade de sair de casa para se tornar um programador em uma grande cidade como Zuzu, mas eu não conseguia mais me imaginar na vila sem ele.

Faziam apenas alguns meses que eu havia chegado e a qualquer momento ele poderia simplesmente ir embora.

- Eu não sei, ultimamente as coisas não tem mais parecido tão ruins por aqui - disse sorrindo pra mim após parecer pensar um pouco antes de responder minha pergunta.

Dessa vez eu retribui o sorriso e não resisti em olhar em seus olhos.

Uma leve brisa fria passou por nós e percebi Sebastian se encolher sutilmente com frio.

Vendo sua mão logo ali tão próxima e desocupada sobre a grama, a segurei e a entrelacei na minha colocando-as dentro do bolso da minha jaqueta.

- Ultimamente eu também não tenho me sentido mais tão perdido - admiti atento a sua reação.

Ele sorriu brevemente e desviou o olhar para o chão.

Pude sentir sua mão apertar levemente mais forte a minha e tentei não deixar um sorriso bobo dominar completamente meu rosto.

Ficamos assim por um tempo até que um dos dois tivesse coragem de quebrar o silêncio.

- E o Sam? - ele perguntou transparecendo sua preocupação de repente e voltando a me olhar como se também não quisesse perder nenhuma reação minha.

- O Sam é um cara incrível e eu pensei que nós estávamos indo bem até eu perceber que ainda me sentia sozinho mesmo ao lado dele - não demorei a responder - Mas com você é diferente. Você é sincero e profundo. É romântico e divertido. Você sabe o que quer e não tem medo de ser quem é. Você me entende e quando estamos juntos eu não sinto mais que tem algo faltando como se o que estivesse faltando fosse você o tempo todo, Sebastian.