Mrs. Office ✦ Pansmione

27

— Malfoy? — Granger perguntou assim que chegou em sua porta e a abriu, como ele tinha passado pela portaria? Ele não tinha aparatado no meio de um prédio trouxa, correto?

— Sim, eu mesmo — confirmou cruzando os braços.

— Você não aparatou aqui, né? — ela perguntou já o julgando pelo olhar.

— Sim, eu fiz, inclusive obrigado pela exibição de nudismo que proporcionou ao escritório do meu corpo. — Ele sorria cético com certo ódio em resposta.

— Perdão por isso, fiquei um pouco fora de mim. — Sorriu amarelo para ele.

— Vamos entrar?

Hermione apenas acenou, abrindo a porta. O silêncio perdurou enquanto viu o homem sentar no sofá; com um feitiço dela havia uma chaleira no fogo e ela só tirou o blazer sentando de frente para ele. Havia acabado de chegar do escritório, imaginava que ele veio direto também, já estava nervosa com o silêncio.

— Diga.

— Vamos lá, vou te falar algumas coisas, e você vai prestar muita atenção nelas, tudo que eu falo é muito arriscado e peço encarecidamente que pense bem sobre o que irá fazer com essas informações, okay?

— Certo, você tá me assustando. — Hermione engoliu em seco, se ajeitando no estofado.

— Como sabe, os Parkinson fazem parte do Sagrado Vinte e Oito. — Apenas concordou com um menear de cabeça. — Dentro dessas famílias, em sua maioria, há Elos de Herança.

Ela arregalou os olhos em descrença.

— Antes que pergunte, o ministério tem conhecimento disso e escolhe ignorar, como se apenas banir fizesse alguma diferença. No geral, eles estão aguardando os mais antigos morrerem e que a nova geração não dê continuidade a essa "tradição".

— Os Malfoy são do Sagrado...

— Sim, Granger, exatamente como você pensa, entretanto, quando meu pai foi condenado após a guerra, ele fez sua única ação decente na vida e me livrou. — Hermione relaxou os ombros que nem notara que tencionava. — Mas deve lembrar que nenhum Parkinson foi preso.

— Céus, eu realmente odeio as tradições puristas! — resmungou.

— Isso é bem ofensivo — Draco falou sério, franzindo as sobrancelhas em uma careta. — Eu odeio as tradições supremacistas, mas o purismo que ataca nada mais é que a origem, seria como odiar a história da bruxaria.

— Mas...

— Olha, Hermione, não estou aqui para defender as tradições nem entrar nesse mérito com você, pois sei que tem todas as razões para ir contra tudo que te digo, sou a pior pessoa para vir aqui defender as tradições, só me escute um pouco. — Ele fez uma pausa e quando ela não falou nada, ele prosseguiu. — O Elo de Herança era uma bênção, tal qual os Elos Mágicos de casamento até hoje são vistos como gestos românticos. Antes, no surgimento ele era um sinal de respeito e total devoção entre pais e filhos. Eles eram usados para eternizar coisas como estudos, receitas de poções familiares, rituais e até mesmo juras de amor paternal. Essas eram as cláusulas na antiguidade.

— Como um termo que o filho herdaria a dádiva da família? — Hermione perguntou, lembrando que antes cada família bruxa tinha uma função: Curandeiros, Guerreiros, Pocioneiros etc. Pensava-se que cada nome vinha com um poder específico para cada coisa, esse vínculo faria com que ninguém esquecesse as fórmulas e meios de cada nicho, fazia sentido.

— Exatamente, ele perdeu muito do teor belo na caça às bruxas, a partir dali ele foi usado em filhos cada vez mais novos, muitas vezes para que a criança nunca fizesse magia sem ser em defesa. — Suspirou. — De qualquer forma, esse tipo de ritual é antigo, usa runas extremamente poderosas e exige muito do bruxo emissor. Passei anos na escola procurando como resolver nosso problema.

— O que tinha em seu contrato? Suas cláusulas, digo.

— O de praxe. Herdeiros, sou gay e Lucius sempre soube. — Deu de ombros como se aquilo não tivesse importância alguma. — Tinha coisas como continuidade nos negócios, nunca fui muito bom em administração e meu pai tinha plena ciência que fugiria se pudesse, ele estava certo quanto a isso. Adicione coisas muito específicas sobre mentir, chorar, demonstrar fraqueza e se apaixonar, temos meu contrato, bem razoável até.

— Isso é horrível, Draco. — Pareceu mais uma repreensão, Hermione não entendia como ele poderia achar aquilo razoável.

— Sim, de fato, mas estava meio que resolvido. — Draco cruzou as pernas de maneira elegante antes de retornar a falar. — Eu e Blaise éramos os dois grandes Ás de marido para ela, e como entre nós Blaise sempre foi o com mais liberdades e voz, ele negaria o pedido dos Parkinson para noivado, restando eu, que me casaria com ela, isso livraria ambos das piores partes de ambos os contratos e poderíamos seguir nossa vida com noites como a que passou conosco e casos extra conjugais. Era um ótimo plano.

— E qual é o plano agora? — A mulher perguntou desamarrando o cabelo apenas para amarrá-lo novamente, inquieta, sem saber o que fazer com as mãos.

— O mesmo, Hermione, nada mudou. Eu fui liberto de minhas obrigações, mas ela não, e como deve imaginar Elos para mulheres são bem mais rígidos. Pansy, como mulher, precisa que seu contrato seja executado para poder viver, e quando digo viver, sou bem literal. — Os olhos pratas continham uma gana ávida, Malfoy tinha tudo planejado e nada poderia mudar sua mente. — Me casarei com ela, e depois de um ano, Pansy irá voltar para Paris, realizando seu sonho, ficarei aqui para garantir que o pai dela não foda tudo novamente.

— Por que está me contando tudo isso? — Hermione jogou suas costas contra o estofado.

— Porque não irá contar a Pansy que sabe do Elo. — Ela abriu a boca para contestar, mas ele apenas ergueu a mão no ar impedindo-a de continuar. — O pai dela foi bem mais cruel com relação a qualquer quebra no contrato do que o meu. Pansy com certeza sabe que você desconfia, e isso precisa ficar como está, ela não precisa e não terá mais uma preocupação, nem sentirá qualquer dor a mais sobre esse assunto — Draco falou gélido. — Estamos entendidos?

— Sim. — Suspirou ouvindo o assobio da chaleira.

Notas finais:

Demorei horrores para atualizar isso, em parte pois tinha empacado em um trecho lá na frente e em outra porquê esqueci que haviam esses capitulos e mais três betados.

Perdão, eu e minha cabeça de vento, não vai mais acontecer, darei continuidade a ela, até porque preciso terminar essa fic, agora que voltei a postar com frequência Vital.

Beijos da Fada!