➾ CAPÍTULO 8.1: Lados da Guerra

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Ela esboça um sorriso sutil no rosto. Soube que seu pai não a quis desde que nossa mãe faleceu e a colocou num colégio interno até o ano passado, que foi o ano em que ela terminou a 9ª série para entrar em Jacques de Trémeuse no ensino médio.

Já passamos alguns feriados juntas. A princípio eu não queria admitir que minha mãe teve outra filha, ainda mais que ela decidiu ficar em Londres por causa disso. Só que de uns tempos pra cá tenho entendido o motivo de sua escolha. Zoé tem se tornado uma boa amiga, uma que estava precisando.

Meu pai lhe aceitou de bom grado, tanto que ele às vezes a chama de filha também. Nossa casa tem ficado mais agitada desde que ela chegou, principalmente porque Zoé é amiga daquela padeira.

Marinette tinha que se meter onde não é chamada e agora até mesmo minha irmã ela corrompeu com sua pobreza. Além disso, Zoé gosta de provocar até a minha última gota de paciência… E não é como se eu tivesse alguma.

— Agora me passa o sorvete. — ergo a mão para receber minha tigela feita de ouro junto da colher do mesmo material  que tem um diamante incrustado na ponta.

— Como é que se diz? — ela provoca se aproxima de mim com o doce na mão, mas longe do meu alcance.

Suas provocações me irritam, ela tem sorte de ser minha irmã. Se ela fosse menos que isso poderia ter a certeza que seria minha capacho e passaria meses sem ver o sol, Sabrina era a prova viva disso. Aquela ingrata… Depois de tudo que fiz por ela!

Essa ralé realmente não entende quando damos uma oportunidade exclusiva, olha a sorte que teve ao estar tão perto de mim e conviver da mesma rotina que a minha!

— Me. Dá. O. Meu. Sorvete.

Ela arqueia a sobrancelha dourada.

—… Por favor. — suspiro, derrotada, recebendo o sorvete na mão e um tapinha de leve no meu ombro. — Você está gelada.— comento umedecendo os lábios pelo doce.

— É porque eu tomei um milk-shake.

— E nem me chamou! — digo indignada.

— Você mesma não quis vir comigo e eu estava com fome.

— Por que não insistiu que viesse contigo?

— Porque você mesma disse "tanto faz, faça o que quiser". Então, eu fui. — dá de ombros, cruzando os braços.

— Argh! Você é tapada ou o quê?! Era exatamente o oposto!

— Sério?

— SIM! — exclamo furiosa. — Quer saber, vai embora. Eu quero ficar sozinha hoje. — dou-lhe as costas, colocando o sorvete em cima da mesa de centro.

Ela se aproxima confusa. Bufo, caminhando na direção oposta nos fazendo andar em círculos. No fim, ela para em frente a porta de saída do imenso quarto.

— Chloé, me escuta...

— Não, escuta você! Eu passei esses meses ouvindo suas provocações ridículas, totalmente ridículas, acreditando que elas mudariam e não seriam tão irritantes. Eu achei mesmo que com o tempo isso seria divertido, até porque deve ser assim convivendo com uma irmã, mas só foi piorando!

— Onde você quer chegar?

Me aproximo dela a passos pesados e firmes. Eu estava cansada de tudo.

— Essa relação de irmãzinhas durou tempo demais. Eu estaria mentindo se dissesse que detestei e que amei tudo isso, mas… Agora... Chega.

Seus olhos azuis tremulam, mas ela não lacrimeja. Zoé dá meia volta e sai sem pestanejar. Droga, devia ter pesado mais nas palavras, talvez assim ela se debulhasse em lágrimas e me pedisse perdão. Aquela covarde desistiu fácil.

2# A LEGIÃO IRÁ REAGIR ᵐⁱʳᵃᶜᵘˡᵒᵘˢWhere stories live. Discover now