IV

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"Every time my heart is beating, I can feel the recipe

I wonder if my day is coming, blame it on the entropy

My blood is pumping, I can see the end is right in front of me

Don't take it from me, I could be everything, everything"










Um pequeno híbrido nadava em círculos de diâmetro curtos. Seus pais disseram que iriam caçar, mas já ia fazer mais de um dia que eles não voltavam.

Pelo menos a sua cabeça em formato de martelo o facilitava de observar melhor o que tinha ao seu redor, sem fazer ele se sentir inseguro com algum ponto cego. A parte desagradável era sua consciência de que era pequeno demais para caçar algo. Era mais fácil ELE ser a caça. Imagina se ele tenta caçar e acaba se encontrando com um grupo de orcas?

Ele só tinha 8 anos na época, era muito jovem para entender como sobreviver a predadores tão perigosos.

Ele seria um tubarãozinho-martelo morto em menos de 10 segundos.

Estava morrendo de fome, e estava com vontade chorar. Mas tentava fazer o máximo de silêncio para não atrair nenhum predador maior.

-- Hey! Hey, tu! --ele ouviu uma voz o chamar.  -- É! Tu da cabeça aí.

Se sentindo terrivelmente ofendido, o tubarão-martelo virou para o dono da voz.

Ele encontrou um tubarão-limão híbrido. Parecia ser um pouco mais velho. Talvez tivesse uns 13 anos na época.

-- E aí! Cê tá sozinho aí? -- o tubarão-limão perguntou, sem obter nenhuma resposta. -- Meu nome é Labrahn! Qual o seu?

Houve um enorme silêncio, antes de uma resposta ser ouvida:

-- Hamlin...

Labrahn sorriu ao ouvir o amigo falar alguma coisa. Hamlin se sentiu feliz em ver alguém ali, e até mesmo se sentiu mais seguro. Tubarões-limão são até que dóceis quando querem, então o tubarão-martelo não sentia muito medo de estar na presença de um.

Não até ele ver que tinha outro tubarão atrás de Labrahn. Um BEM maior e evidentemente mais assustador.

Seu corpo era grande, forte, e o que mais assustava o tubarãozinho era o seu olhar. Era um olhar vazio, quase desalmado, e, mesmo tendo outras cicatrizes pelo corpo, o que o chamou foi a cicatriz em um de seus olhos . Esse olho com o machucado tinha um ar diferente, uma coloração diferente. Provavelmente estava cego daquele lado.

Hamlin apontou para atrás do amigo, fazendo o outro levantar a sobrancelha e olhar para trás.

-- Ah... -- Labrahn falou ao olhar para o tubarão-branco híbrido atrás dele. -- E aí, Ben?

Ben apenas balançou a cabeça cumprimentando os dois tubarões. Ele era o mais velho de todos ali, mas não chegava a ser um adulto. Era um tubarão jovial, de 16 anos.

Apesar de serem híbridos muito próximos dos animais selvagens, a idade dos tubarões evoluía como a dos humanos, os permitindo viver bem mais do que o esperado.

Pelo menos, viveriam, se uma certa espécie concordasse em mantê-los vivos por tempo o bastante.

-- Eu encontrei ele sozinho. -- Labrahn informou a Ben. O tubarão-branco não disse nenhuma palavra enquanto observava Hamlin de longe. Até que suspirou e franziu a testa, como se estivesse se preparando para dizer algo que fosse se arrepender, mas que era necessário.

-- Garoto. -- a voz grave do maior dos três ali soou quase como um eco. -- Eu acho que... -- Ben olhou para o parceiro tubarão-limão, esperando que o mesmo falasse para ele se calar. Mas Labrahn não o impediu. -- Eu acho que seus pais não vão voltar...

Sign of the Painted MapWhere stories live. Discover now