HUGO
Meu celular não para de apitar desde que entrei no banheiro.
Saio do cômodo enrolado numa toalha e vou em direção ao aparelho que está sob a cômoda.
É Jéssica.
Eu já disse que sinto muito, Hugo. Foi só um deslize. Você não pode jogar anos de relacionamento fora por causa de um único erro meu. Por favor, me atende.
Solto uma risada alta antes de bloquear seu número.
Mais uma vez.
Estive com Jéssica durante 11 anos, e dizer que ela ou eu nunca erramos é um exagero, afinal, somos humanos. Nossa relação começou quando estávamos na parte mais imatura da vida: a adolescência.
É claro que erramos e muito ao longo desse tempo, mas nunca nem havíamos chegado perto de dormir com outras pessoas. Mesmo durante aqueles términos que duravam 2, 3 dias.
Nunca.
Até semana passada, quando discutimos e segundo ela, acidentalmente caiu em cima do pau do meu irmão.
Eu os peguei na nossa cama, e nenhum deles parecia arrependido, por isso que agora estou morando com Guilherme.
Me recuso a voltar pra casa, e agora nem tenho mais motivos. Aquela não é mais minha casa. Trouxe tudo o que era meu comigo, o que despertou o desespero de Jéssica.
Por que ela não pensou que dessa vez nosso término seria definitivo.
Não sei nem por qual razão ela está tentando justificar o injustificável. Na hora de trepar com meu irmão dúvida que tenha pensado nas consequências.
E eu cansei.
Não é de hoje que não sinto mais nada por ela além de... Empatia. Aparentemente nossos sentimentos um pelo outro se apagaram e sendo bem honesto, ela deveria parar de reatar e seguir sua vida.
Já meu irmão...
Quero que vá para o inferno. O filho da puta riu da situação e disse que foi sem querer. Como se eu nunca tivesse notado a forma como olhava pra ela.
Talarico desgraçado.
Felizmente Guilherme mora em outra cidade e não serei obrigado a ver aqueles dois.
De qualquer forma, nada disso mais me interessa. Essa semana foi muito produtiva apesar de Guilherme e eu estarmos de férias.
Estivemos no estúdio trabalhando em composições para nosso próximo dvd e eu estava animado. Pelo menos o meu trabalho era gratificante.
Como hoje é sábado, é dia de resenha na casa do Juliano.
Guilherme foi mais cedo e eu fiquei por que precisei ajudar meu pai em casa com um problema no ar condicionado.
E
scolho uma bermuda clara e uma blusa azul, bem confortável. Normalmente optaria em ir de Uber, já que não abro mão de beber nessas ocasiões, mas como passarei o final de semana lá enchendo o saco de Juliano, vou no meu carro mesmo.
