Capítulo 8 - Antes Mal Acompanhada Do Que Só

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- Vai pra sala. Fique sentada, até que eu termine. - Ordena.

Ele é bem mandão. Mas não posso deixar de achar que isso é um teste.

- O que vai fazer? - Pergunto enquanto o vejo pegar um enorme aparelho cinza, meio quadrado.

- Vou triturar ela e depois jogar no vazo e dar descarga.  - Diz enquanto pega um machado.

Sim, isso mesmo! O mesmo machado que a maníaca quase arrancou minha cabeça fora...

Eu rio.

De verdade, eu rio porque ele só pode estar brincando. Mas quando ele pega o machado e corta o braço da mulher fora eu arregalo os olhos e paro de rir.

Ele pega o braço - ou o que sobrou do braço - e joga na máquina cinza que faz um barulho horroroso e depois expele o líquido vermelho em um balde que ele colocou na saída da máquina.

Isso é demais pra mim.

Eu me viro rapidamente saindo do local, entrando na casa pela porta dos fundos que estava aberta - sério... Estava aberta! - e vou pro sofá da sala como ele ordenou, usando todo meu auto controle para não vomitar e não desmaiar.

Decido me sentar no chão para não sujar o sofá caro dele. Abraço minhas pernas e tento esquecer o que vi.

Tudo isso só pode ser um pesadelo, certo?

Parece que minha ficha não cai sobre tudo que está havendo, quase como se eu estivesse em um sonho - Pesadelo na verdade -, tentando acordar.

Perturbador.

Como minha vida acabou assim? Eu nunca tive coragem de matar ou machucar ninguém... Mas não posso dizer que não já pensei. Eu acredito que existe sim pessoas que merecem morrer e não fico triste quando elas morrem de fato.

Tá, tudo bem. Eu até fico feliz.

Não consigo julgar o garoto pelo que ele fez, não depois de presenciar o que ele sofreu. Mas eu sou humana e meu lado humano está um pouco perturbado com ele ter feito tudo aquilo.

O ser humano é algo realmente curioso.

Eu me deito no chão, encolhida e meus olhos começam a pesar. Poderia ir embora, mas regrediria com a conquista de sua confiança, isso é ruim.

As cenas dele matando sua própria mãe voltam com tudo, perturbando minha mente.

- Ei! Jina! - Ouço ele me chamar e tremo de susto.

Abro os olhos confusa.

Eu dormi?

- Oi... - Digo meio perdida - Que horas são?

- São duas da manhã. Precisamos limpar o que sobrou de sangue e depois você precisa tomar um banho e eu também. - Diz me olhando de uma maneira muito, muito esquisita pra alguém como ele.

Quase uma ternura eu diria... Ou eu estou meio cega devido ao sono e traumas.

Ele ainda está com meu casaco amarrado na cintura e muito sujo de sangue, mais do que antes.

E ele vai direto pro lixo, pois nem sequer conseguiria usá-lo novamente sem lembrar do episódio de ontem.

- Tá bem... - Me levanto sonolenta e me surpreendo quando ele estende sua mão pra me ajuda.

Pego a sua mão sentindo como é macia e quente e... Ugh... Sangrenta.

Seus pulsos e dedos são tão finos... Ele parece pele e osso.

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