Capítulo 5 - O Bem Não Compensa Merda Nenhuma

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- V-você precisa de ajuda. - Não sei se ela queria fazer uma pergunta, mas saiu como uma afirmação. - T-tem algo que possa fazer para ajudá-lo?

Ah... Infelizmente não tem nada que possa fazer e a última pessoa que tentou me ajudar, acabou morta. Hoje mesmo, inclusive. O corpo deve estar enterrado entrando em decomposição no meu quintal.

Sim... Ela me obrigou a enterrar o corpo no nosso quintal. Eu tive que enterrar. E enquanto cavava, não pude deixar de levar meus pensamentos para "todo mundo que tenta me ajudar, acaba me deixando no final, querendo ou não".

A única pessoa que me quer é jamais me deixa...

A garota a minha frente está nervosa, está visivelmente com medo, como se sentisse que sou perigoso.

Estreito os olhos.

E se eu... For realmente perigoso? E se eu a matasse?

Eu poderia praticar como é matar alguém com ela. Parece a vítima perfeita, claramente não quer viver essa vida miserável. Posso sentir que não.

Não... Calma! Eu estou ferido, talvez em uma briga contra ela, eu não sairia ganhando. Até por que ela pesa bem mais do que eu e isso pode ser vantagem pra ela. E não digo isso porque ela está acima do peso, mas porque eu estou muito, muito abaixo do peso... Quase pareço uma caveira ambulante.

- O que faz aqui? - Questiono irritado e vejo como isso a assusta ainda mais.

Ao contrário de Sofia, ela parece ter senso de perigo. Me lembra muito um rato assustado, enquanto a Sofia pareci uma mosca irritante.

- E-eu... Vim jogar o lixo fora e...

- Aqui parece ser um lixeiro por acaso? - Digo ríspido e aperto com força o caco de vidro em minha mão.

O lixo fica longe da janela da minha casa. Como essa rata veio parar aqui!?  Temos uma mentirosa?

Seus olhos redondos e grandes miram em minha mão, mais precisamente no caco de vidro que seguro e sua expressão vai de assustada para em pânico.

Ela reveza olhares entre meus olhos e depois minha mão e eu não consigo controlar meu sorriso.

Burra como um rato... Um rato encurralado prestes a ser morto.

- Tinha um gato também e daí ele correu e eu corri atrás dele mas aí ele subiu na sua janela e depois... - Começou a tagarelar nervosa.

- Não tem gato nenhum aqui! Você é uma mentirosa. Não deveria meter o nariz onde não é chamada, pode acabar mal pra você. - Digo a palavra "mal" com ênfase, a fazendo tremer.

Vejo ela ponderar correr e eu tenho certeza absoluta que corro mais que ela. Pelo visto ela não é tão burra assim porque parece chegar na mesma conclusão.

Mas depois de alguns segundos, suas feições se suavizam.

- Está tudo bem. Me diga o que posso fazer para ajudá-lo... - Diz.

Ela só pode ser louca...

É como se ela ignorasse todos os seus sentidos de alerta de perigo - que estão certíssimo por sinal - e também é como se ela agisse diferente de antes.

Estranho mas...

Retiro o que disse... Ela não tem mais senso que a Sofia, as duas são burras como uma porta.

E porque porra agora todo mundo quer me ajudar?!

A olho de cima a baixo novamente e faço uma careta.

Não gosto dessa expressão de pena em seu rosto. Prefiro ver o medo, quero ver o sofrimento e o desespero.

Recentemente com Sofia, descobri que essas expressões sim são interessantes pra mim.

Desejo Sombrio Where stories live. Discover now