Capítulo 2 - Se Meta Sim Onde Não É Chamado

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Ela parece... Parece com a minha mãe.

Engulo em seco, controlando todo meu pânico.

Torço mentalmente para ela não se aproximar, mas infelizmente como eu não tenho um pingo de sorte nessa minha vida miserável, é exatamente o que ela faz.

- Olá! Me chamo Sofia! - Diz sorrindo e estende sua mão.

Só pode ser piada... Por que ela está falando comigo quando todos tem repulsa por mim?

- Olá... - Digo sem pegar sua mão. Eu estou assustado, não quero ter contato com as pessoas, elas vão me machucar e a minha mãe já disse que ela é a única que me quer.

Só quero que ela vá embora, para o mais longe possível. Eu não perguntei seu nome, eu não quero saber seu nome... Se ela souber que estou falando com alguém na escola...

Sinto minha pele arrepiar com o medo.

- Seu nome é... - Sofia insiste.

Suspiro irritado.

- Não é da sua conta. - Digo ríspido.

Talvez se eu parecer grosseiro ela me deixe em paz.

Eu só quero paz... Ou o mais próximo disso que seja possível.

Eu já a cumprimentei, porque ela ainda está aqui puxando conversa?

Humanos são todos cruéis, principalmente os que parecem com meu pior pesadelo. Não quero nem sequer olhar pra ela. Por isso mantenho meus olhos baixos, em direção à mesa. Aquela mulher também me ensinou a ficar assim o tempo todo para não ter contato com ninguém.

- Ei... Não precisa ser um cuzão. Estou só tentando ser legal com você. - Dispara irritada.

- Quem te pediu para ser legal? Vá embora. - Digo entre dentes.

Não vejo a expressão que ela faz, pois estou evitando a encarar, mas ouço quando ela bufa em descrença.

Antes que eu consiga assimilar, ela puxa o meu bloco da mesa e o atira contra a parede.

Porra!

Fecho minhas mãos com toda a força que posso.

Levanto meus olhos lentamente até capturar sua imagem e sinto toda minha raiva se esvair ao vê-la chorar.

- Por que precisa ser assim tão grosseiro? - Ela diz chorando.

Essa garota... Por que chora tão facilmente?

Que estúpida... Quase tão estúpida quanto eu.

Sem respondê-la eu me levanto da mesa, mas ela segura meu braço e eu solto um gruinho de dor.

Ela segurou bem onde minha mãe enterrou sua faca favorita há 4 dias.

Ela ergueu uma sobrancelha e então avançou em mim, me colocando contra a parede e começou a tentar tirar meu casaco.

Eu poderia resistir, mas estou há dias me alimentando apenas de leite da minha mãe, estou me sentindo mais fraco do que nunca. Então não resisto. Deixo que ela veja o porquê eu sou um cuzão como ela me chamou há momentos atrás.

Quando seus olhos encontram o curativo no meu braço e muitos outros hematomas e cicatrizes do que passo, ela se assusta e dá um passo para trás, seus lábios abertos em surpresa e seus olhos verdes úmidos.

- Quem faz isso com você? - Sua voz é fina e frágil.

Ela usou o verbo no presente, o que indica que ela sabe que é uma ação contínua, não um caso isolado.

Desejo Sombrio Where stories live. Discover now