Parte 1

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         De repente, abro os meus olhos vejo a claridade, estou em uma cama de ferro por cima de uma colcha com pó, provoca-me alergia, e faltas de ar. 'que raio! Estou aqui a fazer' penso 'tenho uma tese para acabar', mordo o meu lábio inferior. Em seguida bocejo, tenho muito sono, e desejo muito dormir, mas sei que não posso, pois tenho um prazo a cumprir que é apertado cómodo só tem uma cama de ferro em dossel e uma espécie de cortina em seda leve da cor salmon, pendurada em quatro mastros erguidos até ao teto, é agradável ao descanso. Se bem, que a sujidade reina neste buraco de fim de mundo, o chão em madeira velha parecem as tábuas de um caixão enterradas cheio de sujidade, estou em um local insalubre não entendo 'qual pensão barata trata assim os clientes?' depois ainda vemos as manifestações todos os dias na televisão e na Internet de trabalhadores sem emprego, 'como uma pessoa que paga por esta espelunca?' Juro que não entendo, a janela com tábuas por fora, onde entra uma réstia de Sol apenas, atrai-me a simples existência de luz. Levanto-me, e movo-me até à brecha. As tábuas abaixo de mim rangem com o meu peso, mas não sou tão pesada, tenho a certeza disso, 'então porquê isto treme?'

           Alcanço finalmente o parapeito da janela, fico incrédula com o que vejo, espreito e parece o céu azul cheio de luz, espanto-me por que não vejo nada há volta desta casa na qual estou hospedada, não sei que sítio, que fim de mundo é este. Sento, na cama de ferro à espera, que apareça alguém e me informe onde estou, e também como alugar um táxi para que possa sair deste fim de mundo.

O que isto seja?

            Agora, que penso bem acerca disto, imagino que estas coisas se passam comigo, e se deve tudo a uma brincadeira de mau gosto. Magico algo, onde será que todos se esconderam.

O local em que estou?

Quem me trouxe para este fim de mundo?

           Procuro respostas, para o que me está a acontecer, embora saiba que aqui sentada não vá ter as respostas que tanto quero, nem vou puder sair deste lugar infernal, do qual nada conheço, há algo muito estranho, alguma coisa no meu coração me diz que vou passar aqui muito tempo. Tempo! Sorrio, com este pensamento, tempo é uma coisa que não tenho, pois estou em uma luta contra o tempo, quase num contra o relógio, para poder acabar a minha tese em paz, e preparar a sua defesa. Por me lembrar disso, olho mais uma vez para o cómodo não vejo o meu computador, não tenho telemóvel, vejo um espelho velho de latão.

          Deambulo até a um velho espelho de latão que nem tinha reparado que estava aqui e vejo a minha figura, uma jovem alta e magra, de uma magreza por muitas, desejada; mas por mim odiada de pele translúcida que pareço um fantasma; os meus grandes olhos verdes também não favorecem nada ao meu aspeto, e os meus cabelos cor de cenoura escorridos, difíceis de pentear, completamente lisos, nem o gel, nem os sprays produzem o efeito pretendido, são atributos que deixam muito a desejar nos ícones e padrões de beleza da época.

            'Agora para além de não saber onde estou, não tenho comunicações?' é demais... parece uma espécie de estalagem de quinta, daqueles hotéis de berma de estrada, onde nem chegam as comunicações, estou no escuro, sem saber o que fazer nem para onde ir. Revoltada, e sempre por os meus desejos serem uma ordem, passo por um buraco, e nem quero acreditar no que vejo, um grande e infinito corredor que não sei onde termina, um espaço escuro. Tremo, assustada, tenho ambição pelo desconhecido, então começo a minha expedição não sei o que me espera quando acabar este labirinto e decifrar os enigmas, algo emocionante espero eu.

          Encho-me de coragem para enfrentar o desconhecido, quando por azar a porta atrás de mim range sem a existência da mínima corrente de ar, sou obrigada a seguir para o frio, para o beco de algo que não conheço, mas confesso que acho muito estranho, ainda que não consiga lutar, contra a força que me convida a seguir, e me empurra para o escuro.

AcasoWhere stories live. Discover now