▹ 04. decode

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ANY, point of viewLos Angeles, EUA

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ANY, point of view
Los Angeles, EUA.

Essa semana Savannah, Nour, Mélanie e Alex decidiram, cada um, contar um pouco sobre o passado. Nós temos sete meses de amizade, é tempo o suficiente para nos abrirmos mais. Ou melhor, eu me abrir.

Estive trabalhando nisso nos últimos dois meses, nesse bloqueio que me impede de ser verdadeira com amigos. E, finalmente, acredito que conseguirei. Estou pronta para lembrar do meu passado.

— Então, algum assunto? Alguém? — Mel se pronuncia.

— Eu, eu tenho. — os quatro me olham juntos, confusos pelo meu tom de voz. — Se sentem bem para escutarem algumas coisas... Complicadas?

— Se você se sente, nós nos sentimos. — Nour me lança um sorriso acolhedor.

Eles parecem se ajeitar na sala para ficarem mais confortáveis e eu começar a explicar tudo. E deixam alguns doces por perto para me deixar da mesma forma, o que ajuda.

Respiro fundo e começa a lembrar de cada situação.


"— Depressão. — repito a última palavra dita pela médica.

— Sim, Any, sinto muito. Nós levamos alguns meses para chegar a conclusão. Tudo o que vem me contando me fez chegar a ela. Os sintomas físicos, mentais... Não significa que seja algo ruim ou o fim do mundo, só que o seu tratamento vai durar mais tempo do que eu imaginei...

Paro de prestar atenção. Meus pensamentos são acompanhados por lágrimas silenciosas que caem dos meus olhos.

Depressão. Não é uma palavra grande, muito menos difícil, mas é forte. Ainda mais sendo acompanhada de "você desenvolveu".

Queria muito poder dizer o que estou sentindo, mas não estou sentindo nada. É o que venho vivendo há meses, os que ela começou a desconfiar.
A vida já não tem o mesmo frescor de antes para mim. Morrer em um segundo, dia, semana, mês, não faria diferença. Faltam palavras que consigam expressar o vazio que ando sentindo. É ensurdecedor de tão silencioso."

"— Eu já imaginava. — respondo o doutor a minha frente, que me vê com um sorriso reconfortante e olhar de pena.

Não que eu gostasse de ser vista dessa maneira, porém estou esgotada o bastante para não conseguir mudar minha postura.

— Antes, gostaria de lhe dizer que todas as pessoas são ansiosas. A diferença para alguém com transtorno de ansiedade e uma pessoa ansiosa é que a segunda só é ansiosa ocasionalmente, como em situações de medo, dúvida ou expectativa, uma reação normal em qualquer humano. Alguém com TAG, resumidamente, tem um distúrbio caracterizado por preocupação excessiva, apreensão e de difícil controle, que perdura por meses, no mínimo.

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