Segredos

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Caro leitor,

É com o coração surpreendentemente comovido que escrevo estas palavras. Após onze anos narrando os acontecimentos na vida da alta sociedade, esta autora está deixando de lado a sua pena.

Muito embora o desafio de Lady Danbury tenha, sem dúvida, contribuído para a aposentadoria, a culpa não pode recair (por completo) sobre os ombros da condessa. A coluna vem se tornando maçante nos últimos tempos, gerando menos satisfação em escrever e, talvez, ficando menos divertida de ler. Esta autora precisa de uma mudança. Não é algo tão difícil assim de imaginar. Onze anos é muito tempo.

E, na verdade, a recente renovação de interesse pela identidade desta autora tem se mostrado perturbadora. Amigos se viram contra amigos, irmãos contra irmãs, tudo isso numa tentativa fútil de desvendar um segredo insolúvel. Além do mais, essa brincadeira de detetive promovida pela alta sociedade está se tornando claramente perigosa.

Conversas sendo escutadas atrás de portas, perseguição a entregadores... E esses são apenas os detalhes que alcançaram os ouvidos desta autora! A que ponto chegou a sociedade londrina? Esta autora pode lhe assegurar, caro leitor, que jamais ouviu atrás de porta alguma ao longo de seus onze anos de carreira. Todos os boatos desta coluna foram de proveniência legítima, sem ferramentas ou artimanhas além dos olhos e dos ouvidos.

Au revoir, Londres! Foi um prazer servi-la.

CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE

LADY WHISTLEDOWN.





- Senhorita? Acorde - Uma voz suave falou.

Penelope entreabriu os olhos, uma moça linda de feições simples estava a sua frente.

Logo outra criada abriu a cortina de seu quarto, fazendo Penelope fechar os olhos, diante da luz que feria seus olhos, recentemente abertos.

Resmungando um pouco, Penelope sentou na cama.

Ela abriu os olhos lentamente, a luz ainda feria seus olhos.

- O café está sendo servido. - A criada de feições simples disse. - As bagagens já estão sendo arrumadas na carrugem, creio que depois do café a família do visconde irá voltar para sua casa.

Penelope não disse nada, mal conseguia olhar para a criada, estava muito sonolenta.

Se não tivesse ido dormir tão tarde...

Penelope franziu a testa diante das lembranças que a atingiram.

O beijo...

Penelope se negou a corar.

Penelope ainda sentia cada toque fantasma em seu corpo, se lembrava de como Beneditc fez ela sentir coisas que nunca tinha sentindo antes, se lembrava de sua respiração ofegante, de suas mãos grandes e fortes passamos pelo seu corpo.

Se lembrava de seu corpo se incendiar.

De enterrar os dedos no cabelo sedoso do rapaz, quando as mãos dele, começaram a subir pela sua perna, debaixo do vestido e logo em seguida se lembrou de ele ter estremecido e recuado.

Penelope queria ter beijado mais, saciado mais desse desejo que a tinha consumido.

Penelope se lembrou de ter se encostado na cabeceira da cama, sua mão entrelaçada com o do rapaz.

Penelope se lembrou de ter se sentindo segura e confortável com ele ali.

Ela ficou a admirar as costas do rapaz, até seus olhos pesar e o sono a reinvidicar.

Benedict e Penelope.Where stories live. Discover now