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Pov Wednesday

- Um indivíduo superior atribui a culpa a si próprio, um indivíduo comum, aos outros. Contudo, não me sinto assim -sussurrei exausta, com a aproximação de Thing.

Eu estava ajoelhada, ao lado da cama colorida, acariciando os fios loiros. A minha pequena estava doente e me machucava lhe ver daquele modo.

Eu atribuía a culpa a mim mesma, por expor a menor a aquela tempestade gelada.

- Não tente me confortar Thing, não é disto que preciso -repreendi um tanto amarga.

Seus dedos voltaram a gesticular e eu concordei, não, de fato, lhe escutando. Minha mente somente conseguia se concentrar em Sinclair.

A mão se retirou do cômodo e eu suspirei forte. Cuidar de um serzinho como aquele era um trabalho árduo.

Voltei a realidade quando ouvi o toque sob a porta, ofendendo Thing mentalmente por pensar ser o mesmo, todavia, fui precipitada.

- Hora ruim Bianca -ironizei e a mesma revirou ou olhos, para então, invadir o ambiente.

- Eu acho que sei o que houve com Enid -a revelação da mesma recebeu minha absoluta atenção- estava estudando sobre e descobri que alguns lobos podem regredir ou avançar sua forma física, geralmente, quando são mentalmente afetados e isto raramente acontece, mas sua namorada parece conseguir fazer -sua breve explicação não conseguiu ser bem absorvida por mim e eu precisei me sentar, para não ir de encontro ao chão.

- Como ela volta ao normal? -minha questão era esperançosa, enquanto eu encarava a lobinha encolhida. 

- Isto é relativo -sentenciou sem muito ânimo- Enid não fez isto intencionalmente, mesmo que tenha controle sobre, então, na teoria ela pode voltar ao normal quando quiser -suas palavras pareciam claras, todavia, possuindo um fundo omitido.

- Então, por que ela ainda não voltou? -indaguei, sem me importar em transparecer minhas fraquezas para Bianca.

- Sinceramente, eu não sei -cortou com pesar- acho que sua idade atual pode a deixar meio confusa ou pode existir alguma barreira que a impede de avançar alguns anos -declarou, em uma hipótese que parecia bem fundamentada.

- Então, eu devo esperar seu tempo? -findei dolosa e ela suspirou, concordando.

A lembrança do dia em que discutimos se fez presente e eu reafirmei o princípio de que a lei do retorno não falha, sequer uma vez.

Barclay percebeu que eu precisava de um momento para me recompor e abandonou o lugar, deixando-me a mercê dos meus pensamentos.

- Wendy? -sua voz chorosa buscou por mim, como se estivesse tendo um sonho ruim.

Me obriguei a ir em sua direção, deitando consigo. Aparentemente, Enid me definia como seu ponto de paz, sendo assim, no instante que me acomodei ao seu lado, a lobinha se encaixou em meu peito, voltando a ressoar baixo.

Just the Little EnidWhere stories live. Discover now