“As noites se tornarão frias e os dias cinzentos, as árvores secarão e as Ninfas chorarão suas perdas. Os Elfos não poderão outra vez pelos campos cantar... Assim como os quatro povos não se juntarão mais para os festejos, e o grande leão morrerá por minhas mãos!”
— Isso parece tão...
— Cruel. — Tenry pronunciou com a voz carregada de ódio.
— Sim. — ela respondeu olhando outra vez para o livro. — Mas também parece uma profecia.
— As histórias de Hagnná nunca poderão ser contadas totalmente. — ele respondeu cruzando seus braços. — Pelo menos não em um sol.
— Um sol?
— Vocês chamam de dia.
— Ah, claro! — sim, fazia muito sentido, como ela não pensou nisso?! — Mas, o que exatamente foi isso? É como se... Se alguém tivesse ditado uma profecia e ninguém pudesse fazer nada para impedir, e só olhasse o decorrer dos fatos.
— Hagnná existe a muito tempo, e desde sua criação — ele falou apontando para a imagem de um grande leão branco com armadura dourada. — foram designados guardiões para os portões, pois com toda a magia que Hagnná guardava, seres impuros a atacariam facilmente e insistentemente.
— Hagnná... Mas, porque atacar um lugar que parece tão seguro?
— Os seres impuros não enxergam dessa maneira, tudo o que eles almejam são o poder. Eles são completos de escuridão e se alimentam do medo e do conflito. — Tenry respondeu se virando para a janela. — E desde a criação de Hagnná eles estão tentando entrar, houve muitas batalhas e perdas nesses campos... Porém ninguém nunca conseguiu parar a feiticeira branca.
— Por que? — ela perguntou praticamente pulando. — E por que a chama de feiticeira branca?
— Ela foi a mais e esperta de todos os seres impuros. — continuou agora a encarando. — Ela armou tudo daquele dia, as portas abertas, as entradas e os conflitos que se seguiram após sua entrada. — suas mãos se fecharam com força. — Houve uma batalha... Ela montou um exército negro e o rei mandou que os exércitos dos quatro povos fossem impedir a sua entrada. Mas eles não conseguiram, o exército negro era forte demais e indestrutível, por mais que tentassem eles não conseguiram para-los e isso ninguém previu que aconteceria... — ele respirou fundo e voltou a falar. — E então ela terminou de concluir seu plano, mandou seus homens contra a grande entrada de Hagnná, enquanto ela passava por outra, deixando assim a proteção fragilizada. No mesmo dia o rei voltou e lutou pelo reino, porém não resistiu...
— Não eram quatro portas? — ela perguntou quando seu silêncio ficou grande demais.
— A última foi a porta pela qual você entrou, — ele respondeu. — uma garotinha igual a você passou por ela, deveria ter cerca de nove primaveras ou menos... — ele se inclinou a olhando como se estivesse a analisando. — A pequena foi até o castelo e encontrou um livro, o livro de Hagnná. Era o que a feiticeira mais queria, e então para que ela não conseguisse o mesmo, a garota foi levada pelos Elfos até a última porta e assim que a garotinha voltou para seu próprio mundo, a porta foi derrubada para que a feiticeira nunca mais a encontrasse.
— Mas a porta estava em ótimo estado quando a abri.
— Sim, e sinceramente eu não sei se fico grato ou entro em desespero de vez.
— Eu não...
— Esse livro deve ficar o mais longe possível das mãos da feiticeira, e principalmente dos pensamentos, porque se ela saber que está aqui, fará de tudo para colocar suas mãos de gelo sobre ele.
— Oh... Então eu devo voltar?
— Não pode, a porta caiu assim que passou por ela.
— O que? E como sairei deste lugar?
— Só Hagnná pode manda-la de volta.
— E como o encontro?
— Talvez o rei possa lhe ajudar, — ele respondeu pensativo. — mas se você foi a escolhida, você deve lutar e nos tirar desta maldição.
— Mas eu sequer sei onde estou.
— O livro a escolheu, é você quem deve libertar Hagnná de seu sofrimento.
Ela abriu a boca diversas vezes, mais não sabia exatamente o que responder. Mal sabia onde estava e agora esse sátiro estava dizendo que ela devia os salvar. Como ela faria isso, se ela nem sabia se estava ou não sonhando?
— Humm... — ele fez enquanto se levantava. — acho que você deveria descansar, venha. — ele a guiou até um quarto escondido no fundo de sua toca. — Deite-se e amanhã sairemos à procura do grande e primeiro rei de Hagnná, só ele saberá o que fazer para libertarmos nosso porto dourado.
Ele fechou a porta e saiu saltitando de volta até sua pequena sala. Havia uma pequena fonte de luz no que deveria ser a escrivaninha do sátiro, Khyriann olhou para o livro e então decidiu tentar ler outra vez. Agora as letras já não se embaralhavam, estavam completamente legíveis aos seus olhos.
“Os dias se tornarão frios e cinzentos, mas os campos serão outra vez dourados,
a esperança de Hagnna irá ressurgir e tudo terá seu fim. ”
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O Porto Dourado (Herdeiros De Hagnná I)
Fantasia"No coração do bosque encantado há uma porta escondida, uma porta que não pode ser encontrada por qualquer um, uma porta que te leva além de tudo..." A realidade não é como nos livros, não era fantástica e magnífica como nos reinos encantados, não e...