2.

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Dunbar não sabia que um segundo de tempo pudesse ocupar um espaço tão grande em sua cabeça por horas seguidas. De repente, ele tinha dezessete anos de novo, derrotando os cavaleiros fantasma em um corredor de hospital. Em um elevador assombrado por sentimentos confusos que acabariam com ele se reavidos.

Ele não costumava pensar em Beacon Hills com frequência, tinha uma nova vida. E ela era boa. Mas estar ali o trazia de volta aos grandes “e se...?” de sua vida passada; por infortúnio, Theo continuara sendo o maior deles.

— Cara, seria muito estranho se eu dissesse que senti falta disso? — Liam ouviu a voz de Mason ao longe, puxando-o para longe dos próprios pensamentos. — Essa adrenalina...Todo mundo reunido de novo...

Liam olhou ao redor distraidamente. O restaurante em que almoçavam no pequeno intervalo do trabalho de Mason estava cheio, pessoas entrando e saindo com sacolas de papel, fazendo o sino tocar sem parar. A comida no prato dele estava quase intacta.

Mason parou de falar ao notar que estava conversando sozinho, encarando-o curiosamente.

— Certo, Liam, o que você tem?

— O que?

— Você 'tá todo estranho e não falou nada nos últimos cinco minutos.

— Não-nada. Só pensando — murmurou desajeitadamente. — Quando Corey volta? — perguntou Liam desviando do assunto enquanto espetava a carne no prato.

— Em duas semanas — respondeu Mason.

A expressão dele e o cheiro dos feromônios no ar deixavam a chateação bem clara. Mason percebeu que Liam havia percebido, então balançou a cabeça em um acenar, tranquilizando-o.

— A pesquisa tem mantido ele em Chicago, — explicou Mason — mas tudo bem, doutorado é uma grande coisa.

— Vocês estão bem?

O amigo deu de ombros.

— Nós vamos ficar.

— Mas e aí, você e Hikari, finalmente, hein? Da última vez me disse que eram só amigos.

— As coisas mudaram muito nos últimos três anos. Quem dirá em quinze...

A última frase simplesmente escapou dos lábios dele. Um pensamento alto e fugitivo, deixando Mason confuso instantaneamente. Embora não quisesse falar, Liam se sentiu sem saída. O amigo não o deixaria em paz até entender.

— Eu vi o Theo Raeken em um daqueles cafés da avenida 37.

— Ele ficou na cidade depois de tudo — Mason comentou. — Trabalha lá.

O resquício de indiferença não passou despercebido por Liam, assim como o olhar vago de Liam não passou despercebido por Mason. Às vezes eles se conheciam mais do que gostariam.

— Por isso tá assim? Cara...

— Eu só fiquei surpreso — Liam se defendeu. — Eu não vejo ele há muito tempo.

— E por que veria? É o Theo. Não importa o quanto pague de bonzinho, nós mantemos distância — disse Mason com tom de obviedade, arrastando a cadeira para se levantar. — Vou pegar café para viagem, você quer?

— Sim.

Mason não entendia, é claro. Ele sequer sabia.


(...)


Liam não escutou Mason. Nem mesmo a própria vozinha na cabeça dele dizendo que aquilo seria um erro. Simplesmente não conseguia ignorar. Por isso, na manhã seguinte, estava enfiando o carro na última vaga livre a uns quatro metros do “Moon's Coffee”.

The 1 | ThiamWhere stories live. Discover now