A Ordem e o Príncipe do Inferno

A Ordem

O sol batia na cara de Arthur que aos poucos recuperava a consciência, sentia o cheiro salgado do mar e o vento soprava areia em seu rosto. Confuso, tentou abrir os olhos mas não conseguiu, demorou alguns instantes para entender que na verdade estava vendado, tentou se mexer e percebeu que tinha suas mãos e pernas amarradas e sua boca amordaçada. Conforme seus sentidos foram voltando, entendeu que estava completamente amarrado em um veículo em movimento.

- Acho que ele acordou. - Disse a voz já conhecida da motorista maluca da noite passada.

- Quieta Isa! Deixa ele aí! - Respondeu uma voz, dessa vez desconhecida, de um homem.

- Ah tá bom, agora deu mesmo! O que ele vai fazer todo amarrado de qualquer forma !? - A garota respondeu e em seguida puxou sua venda.

A luz forte do sol o encadeou, a garota procedeu e retirou sua mordaça, ignorando os protestos do homem. O rapaz começou a se sentar lentamente, estava todo dolorido, um pouco tonto e seu braço, inchado e vermelho, latejava.

Após os momentos iniciais de adaptação à luz, o jovem pôde ver onde estava, encontrava-se em um veículo aberto, um tipo de jeep militar com cor bege que estava subindo uma duna de areia fofa, olhou para todos os lados e só viu areia, estava em um deserto. Ao seu lado no banco de trás estava Greg, dormindo com a cabeça pendendo para trás e com a boca aberta, no banco de passageiro da frente estava Isa, completamente voltada para trás e lhe encarando, ao mesmo tempo que discutia com o motorista, este por sua vez era um homem grande e largo, de aspecto ameaçador, cabelos grisalhos curtos, barba grisalha bem feita e cara fechada, usava uma camisa de linho branco e calças marrom, como às de Greg e Isa.

- Onde nós estamos ? Quem são vocês ? - A voz do rapaz saiu mais lenta e debilitada do que ele esperava.

Nesse momento o motorista olhou com fúria para Isa, que já tinha se voltado para Arthur novamente para responder.

- Meu nome é Isa, o dorminhoco é o Greg e esse amor de pessoa é o Sr. Abdiel. - Ela fez uma pequena pausa como se pensasse com cuidado nas próximas palavras. - Agora... sobre quem nós somos e onde estamos, isso é um pouco complicado, acho melhor você ver por si mesmo.

Alguns instantes depois dessa resposta o carro chegou ao topo da duna, revelando uma vista extraordinária à frente. Naquele pedaço de deserto à sua frente encontrava-se uma enorme construção, muros gigantescos de pedra se erguiam da areia, criando uma verdadeira muralha que culminava em suas laterais em duas grandes torres. Os muros desenhavam um grande quadrado com torres em suas pontas, na porção de trás estava rodeada pelo mar, construindo uma visão que Arthur só pensou ser real em filmes, na muralha da frente havia um grande arco no muro, com uma porta de madeira que estava sendo descida para permitir a entrada do veículo. Nesse momento Greg parecia ter acordado e esfregava os olhos por debaixo dos óculos.

- É incrível, né ? - Comentou sonolento e Arthur concordou.

Por fim, passaram pelo enorme arco de pedra, a parte de dentro dos muros não era nem um pouco menos impressionante, a área interna era simplesmente enorme, havia a sua frente uma fonte de água com a estátua de dois cavaleiros segurando uma lança e um escudo cada, montados no mesmo cavalo, a fonte, que devia ter o tamanho de uma piscina olímpica, era alimentada por uma espécie de "mini rio" que vinha da parte mais aos fundos do pátio interno. Haviam vários prédios, alguns com dois outros com três andares, espalhados ao redor do pátio, todos voltados para o centro e com a parte de trás encostando na muralha de pedra, todos era feitos com o mesmo material dos muros, grandes pedras acinzentadas, mas pareciam bem conservados. Havia apenas uma estrutura que não estava encostada na parede interna da muralha, uma espécie de igreja, com altas paredes brancas e adornos dourados que se encontrava no centro da construção, logo por trás da fonte. Pessoas de todas as idades transitavam por ali, todas utilizavam vestimentas bem parecidas com a do Sr. Abdiel, algumas carregam na cintura espadas medievais com bastante naturalidade. A maioria parou o que estivesse fazendo para ver o grupo que havia acabado de chegar.